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    Homem diz que é filho de Jay-Z e leva caso à Suprema Corte para fazer teste de paternidade

    Rapper teria se envolvido sexualmente com Wanda Satterthwaite em 1992, antes de se tornar mundialmente famoso

    Yara Guerracolaboração para a CNN

    Um homem que afirma ser filho do rapper Jay-Z o acusa de abusar das leis americanas a fim de evitar realizar um teste de paternidade, de acordo com o jornal Daily Mail.

    Rymir Satterthwaite, de 30 anos, luta há mais de uma década para provar que o marido de Beyoncé é o seu pai biológico. Após ter sido dispensado por juízes diversas vezes, ele leva agora a batalha à Suprema Corte de Nova Jersey na tentativa de reabrir o caso e forçar Jay-Z a realizar o teste de DNA.

    Ao Daily Mail, Satterthwaite disse que não espera nada de Jay-Z além de reconhecê-lo como filho, e que não vai parar até ver a justiça sendo feita.

    Os advogados de Jay-Z, contudo, negaram as alegações do homem. Ao portal inglês, disseram: “As alegações foram previamente revisadas minuciosamente pelos tribunais e foram refutadas. Tenho certeza de que esse será o resultado de quaisquer processos que o Sr. Satterthwaite esteja considerando atualmente”.

    https://twitter.com/RymirIsHere/status/1631478429085503488

    Para dar continuidade à luta, Satterthwaite entrou com uma nova moção na Suprema Corte de Nova Jersey em fevereiro deste ano, solicitando que o tribunal abrisse documentos que datam de 2012.

    Mas, segundo o Daily Mail, a moção foi negada, tendo a corte entendido que “não tinha jurisdição para reabrir questões no tribunal de apelações ou para abrir registros no tribunal de julgamento”.

    Satterthwaite então passou o seu processo para a Divisão de Apelação do Tribunal Superior de Nova Jersey, que está analisando o caso.

    Entenda a polêmica

    Os acontecimentos marcam a última reviravolta em um caso que, segundo Satterthwaite, começou em 1992, quando a sua mãe Wanda teria se envolvido sexualmente com Jay-Z enquanto ela estava entre idas e vindas com o seu namorado da escola.

    Na época, Wanda tinha 16 anos, enquanto Jay-Z tinha 22 – e estava ainda distante de se tornar a sensação global que é hoje, o que se iniciou depois do lançamento de seu primeiro álbum de estúdio em 1996.

    De acordo com Satterthwaite, a relação entre Wanda e Jay-Z durou pouco e, quando ele nasceu, em 1993, o suposto romance já teria chegado ao fim.

    Por isso, inclusive, que a sua mãe teria optado por colocar o nome do namorado da escola, Robert Graves, como pai biológico na certidão de nascimento. Na época, eles haviam voltado a namorar e Graves a acompanhou no hospital no dia do parto.

    Mas Wanda sempre soube que ele não era o verdadeiro pai de seu filho, e isso se tornou ainda mais evidente à medida em que ele crescia e apresentava nenhuma semelhança com seu namorado de escola.

    Rymir Satterthwaite e sua mãe Wanda, que alega ter engravidado de Jay-Z em 1993 / Daily Mail/ Reprodução

    Aos oito anos de idade, Wanda decidiu revelar a identidade do pai biológico. Mas a questão da paternidade só veio a se transformar em uma disputa legal em 2010, quando a saúde de Wanda começou a piorar.

    Ela insistiu que havia tido relações sexuais apenas com dois homens na época de concepção de seu filho: o seu namorado de escola e Jay-Z, que então já havia se tornado um ícone global.

    Wanda solicitou que um tribunal da Pensilvânia realizasse um teste de paternidade com os dois homens para determinar quem era, de fato, o pai de seu filho. Graves aceitou realizar o teste e ficou comprovado que ele não era o verdadeiro pai – o que levou à remoção de seu nome na certidão de nascimento de Satterthwaite.

    Em 2011, diante de seu estado de saúde, Wanda entregou a custódia de seu filho à madrinha Lillie Coley, que prometeu continuar a luta atrás da identidade do verdadeiro pai.

    Nesse mesmo ano, Coley contatou Lise Fisher, a advogada de Jay-Z, a fim de lhe pedir um exame de paternidade em Nova Jersey, mas o pedido foi ignorado.

    Depois disso, Satterthwaite e sua madrinha entraram com um processo contra o rapper. O caso se iniciou com um pré-julgamento no Condado de Camden em agosto de 2012, com a equipe legal do artista alegando que Coley não teria “jurisdição” sobre o caso porque ele havia sido aberto pela primeira vez por Wanda, na Pensilvânia.

    Os advogados de Jay-Z também defenderam que o processo não poderia ser levado adiante devido ao fato de Satterthwaite ter mais de 18 anos no pré-julgamento. Segundo a lei estadual da Pensilvânia, a paternidade deve ser estabelecida antes da criança atingir a maioridade.

    O tribunal, por sua vez, discordou do argumento, e decidiu que o caso deveria ser julgado sob a lei de Nova Jersey, que determina o limite de 23 anos para o estabelecimento da paternidade.

    A defesa de Jay-Z então seguiu numa outra direção, afirmando que o artista não morava e nem possuía residências naquele estado e que, por isso, estaria isento de realizar um teste de DNA no local.

    A justificativa levou a corte a indeferir o pedido de Coley e Satterthwaite. Eles não desistiram e apelaram do veredito, apresentando escrituras de propriedades e registros fiscais na tentativa de provar que Jay-Z era dono, de fato, de propriedades em Nova Jersey sob o seu nome verdadeiro – Shawn Corey Carter.

    O caso foi então retomado em dezembro de 2012, mas a defesa do rapper saiu vitoriosa novamente após afirmar que a dupla não conseguiu provar que aquele nome tratava mesmo de Jay-Z, e não de outra pessoa homônima.

    A decisão foi um duro golpe para Satterthwaite e sua madrinha, que acreditam que a equipe jurídica do artista fez declarações falsas para influenciar o tribunal.

    O portal inglês Daily Mail teve acesso à transcrição do tribunal de 13 de agosto de 2012, em que a advogada de Jay-Z informou que o rapper não possuía propriedades em Nova Jersey / Daily Mail/Reprodução

    Já em dezembro de 2014, Satterthwaite decidiu abrir uma ação civil contra o rapper e sua advogada, quando a equipe de Jay-Z voltou a afirmar que ele não possuía imóveis em Nova Jersey. O pedido de DNA foi indeferido mais uma vez e o caso acabou por ser selado pelo tribunal americano, o que impede o público de ter acesso aos arquivos da batalha judicial.

    É isso que o homem tenta agora converter, entendendo que ser privado de acessar os documentos lhe impediu de seguir com o processo. Vencer o caso significaria também honrar a mãe, que defendeu a paternidade até falecer.

    Antes de morrer, Wanda gravou um vídeo em que diz: “Meu nome é Wanda Satterthwaite e sou a mãe de Rymir Satterthwaite. Hoje é 20 de abril de 2016 e quero que o mundo saiba que apoio meu filho em seu processo de paternidade com Shawn Corey Carter. Eu mantenho minhas alegações sobre este homem”.

    Outros episódios dessa batalha incluem ainda um processo por danos civis contra Jay-Z em 2015, em que Satterthwaite alega que o rapper havia obstruído sua capacidade de obter um fechamento sobre a situação.

    Em 2017, o homem e sua madrinha apresentaram uma queixa de direitos civis ao juiz Glenn A. Grant por violações que incluíam não seguir os procedimentos normais para serviços judiciais com base em gênero, classe e retaliação.

    Eles também apresentaram queixas de direitos civis ao procurador-geral de Nova Jersey, ao governador de Nova Jersey, a vários senadores de Nova Jersey e ao Conselho de Conduta Judicial de Nova Jersey.

    As queixas de violações de direitos civis foram repetidas às mesmas partes novamente em 2018, 2019, 2020, 2021 e 2022. Contudo, mais uma vez, todos os casos foram arquivados.

    Satterthwaite insiste que seu objetivo com tudo isso é apenas ser validado e diz que vai continuar lutando contra a suposta fraude e conluio. Já Jay-Z nunca falou publicamente sobre o caso.

    O mais próximo de uma manifestação a respeito da polêmica por parte do artista foi na música “Heard About Us”, cuja letra diz “pela milésima vez, o garoto não é meu/ Online eles me chamam de pai, brincando/ Você não deveria levar essa coisa de pai literalmente”.

    Com Beyoncé, Jay-Z tem três filhos: Blue Ivy, de 11 anos, e os gêmeos Rumi e Sir, de cinco.

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