Histórias e brincadeiras ajudaram mãe e filha israelenses em cativeiro em Gaza
Danielle Alony relata período em que ela e a filha viveram como reféns do Hamas
Quando homens armados do Hamas invadiram a casa de campo onde Danielle Alony estava passando um fim de semana com sua filha Emilia, ela abraçou a menina de cinco anos e disse: “Sinto muito, meu amor. Nós vamos morrer”.
Mas elas acabaram sendo arrastadas para Gaza depois que Alony convenceu sua irmã, com quem estava hospedada, de que era melhor sair e correr o risco de ser baleada do que sucumbir à fumaça e às chamas.
Entre as cerca de 240 pessoas sequestradas pelo grupo islâmico palestino na matança de 7 de outubro que desencadeou a guerra, as mulheres e seus três filhos foram libertados em uma soltura parcial de reféns sete longas semanas depois.
Em entrevista ao Canal 13 de Israel, Alony descreveu a provação como um teste supremo de maternidade. Separadas da irmã e dos sobrinhos, ela e Emilia foram levadas para um túnel do Hamas que tinha celas de detenção com grades de ferro.
“Minha querida, faça o que eles disserem. Fique ao meu lado”, lembra-se Alony de ter dito à sua filha atônita.
Durante três dias no subterrâneo com um grupo de reféns, Alony diz que sofreu um ataque de pânico. Os outros prisioneiros acharam necessário impedir que Emilia visse aquilo e levaram a garota para um canto. Depois disso, Alony decidiu que esses episódios não se repetiriam.
“Uma criança não deve ficar deprimida. Uma criança não deve ficar sem esperança”, afirmou.
Ela, Emilia e alguns reféns foram transferidos entre duas casas seguras, onde eram vigiados por guardas armados 24 horas por dia e precisavam de permissão para qualquer função, como usar o banheiro.
“Era proibido falar – apenas sussurros”, disse Alony. “Como um adulto conseguia passar por isso é uma questão. Mas como você passa 10 ou 12 horas acordada com uma criança? Isso é algo totalmente diferente.”
Ela e Emilia fizeram tendas com seus colchões e brincaram com um brinquedo deixado em seu quarto pelos filhos do proprietário da casa. Outra mulher mantida ali relatava o sequestro delas como um conto popular, que a menina adorava ouvir repetidas vezes.
Foi o cuidado com Emilia que fez com que Alony continuasse, disse ela. Ainda assim, o tédio e a inatividade eram tão pesados que Alony incentivava Emilia a dormir também durante o dia.
Então, afirmou Alony, “eu chorava. Sentia vontade de bater a cabeça na parede, como se quisesse tomar um sonífero e não acordar. Achei que não conseguiríamos sair”.
Embora livre agora, Emilia ainda carrega a marca do cativeiro. Alony disse que a menina se encolhe e tapa os ouvidos a qualquer barulho alto, brinca com jogos de faz de conta do tipo “vamos nos defender” e, ao visitar um lugar novo, pergunta: “Há pessoas ruins aqui?”