Hamas aceita proposta de cessar-fogo do Egito; Israel diz que ainda irá negociar
Primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirma que acordo aceito pelo grupo está longe do que o governo israelense queria, mas irá enviar uma delegação para negociar termos
O Hamas anunciou nesta segunda-feira (6) que aceitou um acordo de cessar-fogo em Gaza, elaborado pelo Egito e o Catar.
O comunicado diz que Haniyeh “fez um telefonema ao primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, e para o ministro de Inteligência egípcio, o Sr. Abbas Kamel, e informou sobre sua decisão de aceitar a proposta de cessar-fogo.”
Israel, no entanto, disse que a proposta diverge do acordo elaborado pela delegação israelense e autoridades do Egito, há mais de uma semana.
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu afirmou que o acordo aceito pelo grupo está longe do que o governo israelense queria, mas que irá enviar uma delegação para negociar termos.
A versão do Hamas da proposta “não corresponde ao diálogo que ocorreu até agora com os mediadores e tem lacunas significativas”, disse Benny Gantz, integrante do gabinete de guerra israelense. “Apesar disso, vamos continuar virando cada pedra e uma delegação irá ao Cairo.”
A última proposta pede o fim da guerra, que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que não aceitará, disse uma fonte do governo americano. “Ele inicia um fim permanente às hostilidades, que é uma linha vermelha para Netanyahu”, disse o alto funcionário dos EUA.
O ministro das Relações Exteriores do Egito, Sameh Shoukry, e dos Emirados Árabes Unidos, Sheikh Abdullah bin Zayed Al Nahyan, afirmaram em um telefonema nesta segunda-feira (6) a importância de não desperdiçar “a oportunidade disponível” para chegar a um acordo de cessar-fogo em Gaza, disse o Ministério das Relações Exteriores egípcio em um comunicado.
Uma delegação do Catar irá para o Cairo nesta terça-feira (7) para continuar com as negações de cessar-fogo.
À medida que a notícia se espalhou em Gaza do anúncio do Hamas, houve celebrações nas ruas em vários lugares, incluindo em Deir el Balah, no centro de Gaza e na Cidade de Gaza.
Reação internacional
A Casa Branca disse nesta segunda-feira (6) que está revisando a resposta do Hamas sobre uma cessar-fogo e a libertação de reféns, mas se recusou a dar detalhes.
“Queremos tirar esses reféns, queremos um cessar-fogo por seis semanas, queremos aumentar a assistência humanitária”, disse John Kirby, porta-voz da Casa Branca. Ele afirmou ainda que chegar a um acordo seria o “melhor resultado absoluto.”
Kirby disse ainda que a resposta do Hamas ocorreu depois que o presidente dos EUA, Joe Biden, e o primeiro-ministro Benjamin Natanyahu falaram mais cedo nesta segunda-feira (6).
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, pediu que o governo de Israel e o Hamas “se esforcem para fazer o acordo se tornar realidade e parar com o sofrimento dos civis”, disse o porta-voz de Guterres.
O presidente turco, Tayyip Erdogan, saudou a decisão do grupo Hamas de aceitar um cessar-fogo em Gaza, acrescentando que espera que Israel faça o mesmo.
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, pediu à comunidade internacional que pressione Israel a aceitar a proposta, informou a agência de notícias oficial palestina WAFA.
Libertação de reféns
O anúncio do Hamas “deve abrir caminho para o retorno dos 132 reféns mantidos em cativeiro pelo Hamas nos últimos 7 meses”, disse o Fórum de Famílias de Reféns em um comunicado.
As autoridades israelenses acreditam que 128 reféns feitos nos ataques de 7 de outubro permanecem em Gaza, e que pelo menos 34 deles estão mortos.
“Agora é o momento para todos os envolvidos, para cumprir seu compromisso e transformar essa oportunidade em um acordo para o retorno de todos os reféns”, disse o comunicado.
Milhares de pessoas tomaram as ruas de Tel Aviv pedindo para que o governo israelense aceite a proposta de cessar-fogo que levaria a libertação de reféns israelenses.
Operação em Rafah
A notícia chega depois de Israel ter ordenado aos palestinos que viviam em Rafah, uma cidade no sul de Gaza, que “saíssem imediatamente”.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que o gabinete de guerra do país decidiu continuar com a operação militar na cidade.
Mais cedo, os militares israelenses afirmaram que estão conduzindo ataques direcionados contra o Hamas no leste de Rafah.
A ordem levantou temores de que o ataque de Israel à cidade, há muito ameaçado, pudesse ser iminente. Mais de 1 milhão de palestinos fugiram para Rafah, onde acredita-se que o Hamas se reagrupou após a destruição de grande parte do norte de Gaza por Israel.
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Uma fonte familiarizada com os planos israelenses disse à CNN que uma incursão limitada em Rafah tinha como objetivo manter a pressão sobre o Hamas para que concordasse com um acordo de cessar-fogo e libertação dos reféns.
O que diz o acordo?
Segundo o que foi divulgado pelos Hamas e um documento obtido pela CNN, o atual acordo teria três fases:
Fase 1
– Período de cessar-fogo de 42 dias
– O Hamas liberta 33 reféns israelitas em troca de Israel libertar palestinianos das prisões israelitas.
– Israel retira parcialmente tropas de Gaza e permite a livre circulação de palestinianos do Sul para o Norte de Gaza.
Fase 2
– Outro período de cessar-fogo de 42 dias, que caracteriza um acordo para restaurar uma “calma sustentável” em Gaza (linguagem utilizada para retirar do documento o termo de um “cessar-fogo permanente”).
– A retirada total da maioria das tropas israelenses de Gaza.
– O Hamas liberta reservistas israelenses e alguns soldados em troca da soltura de prisioneiros palestinos.
Fase 3
– A conclusão da troca de corpos de reféns e o início da reconstrução de Gaza de acordo com o plano supervisionado pelo Catar, pelo Egito e pelas Nações Unidas.
– Fim do bloqueio total à Faixa de Gaza.