Haiti interrompe voos na capital após avião vindo dos EUA ser atingido por tiros
Aeroporto Internacional Toussaint Louverture de Porto Príncipe tem voos suspensos até 18 de novembro
O Haiti empossou um novo primeiro-ministro na segunda-feira depois que um avião da Spirit Airlines foi atingido por tiros sobre a capital do país, Porto Príncipe, de acordo com uma fonte diplomática no país.
O incidente resultou no que a companhia aérea descreveu como “ferimentos leves” em um dos integrantes de sua tripulação.
Todos os voos para o Aeroporto Internacional Toussaint Louverture de Porto Príncipe foram suspensos até 18 de novembro, de acordo com a autoridade de aviação civil do Haiti.
A Spirit disse na segunda-feira que o voo 951 de Fort Lauderdale na Flórida para Porto Príncipe foi desviado e pousou em Santiago na República Dominicana, onde “uma inspeção revelou evidências de danos à aeronave consistentes com tiros”.
A companhia aérea disse que um de seus comissários de bordo relatou ferimentos leves e estava sendo avaliado por equipe médica e que nenhum outro ferimento foi relatado. Ela acrescentou que a aeronave foi retirada de serviço.
Dados revisados pela CNN do FlightRadar24 mostraram o avião descendo a uma altitude de 167 metros sobre o bairro Tabarre de Porto Príncipe, a leste do aeroporto, antes de subir rapidamente e contornar a pista.
A autoridade de aviação civil haitiana compartilhou um aviso mais tarde na segunda-feira dizendo que “as operações de tráfego aéreo estão temporariamente suspensas” no aeroporto. O aviso entrou em vigor às 14h00, no horário local, de segunda-feira, e deve terminar na próxima segunda-feira, dia 18 de novembro.
A companhia aérea comercial haitiana Sunrise Airways disse à CNN que suspendeu os voos até um novo aviso. As transportadoras norte-americanas JetBlue e American Airlines também cancelaram voos de e para o Haiti até quinta-feira (14).
O Haiti tem sido assolado por atividades generalizadas de gangues e caos político por quase um ano, com atores internacionais também impactados pela violência direta nas últimas semanas.
No mês passado, um helicóptero das Nações Unidas também foi atingido por tiros enquanto sobrevoava Porto Príncipe. E em um incidente separado em outubro, gangues atacaram veículos da embaixada dos EUA com tiros, mais tarde levando à retirada de 20 funcionários do local.
No final de fevereiro e início de março, ataques coordenados de gangues forçaram o fechamento do aeroporto e do principal porto marítimo da capital haitiana, sufocando suprimentos vitais de alimentos e ajuda humanitária para a nação caribenha.
Novo primeiro-ministro
O último incidente ocorre em meio à crescente turbulência política, após uma votação do Conselho Presidencial de Transição do Haiti para substituir o primeiro-ministro Garry Conille após menos de meio ano no cargo.
O empresário Alix Didier Fils-Aimé foi formalmente empossado como novo primeiro-ministro do Haiti na segunda-feira (11), em uma cerimônia com a presença de várias autoridades governamentais em Porto Príncipe.
Ele prometeu restaurar a democracia e a segurança em todo o país, que tem sido atormentado pela violência mortal de gangues por anos.
“Estamos em uma transição, um projeto imenso. Claro, o primeiro projeto essencial — e necessário para o sucesso da transição — é o restabelecimento da segurança!”, ele declarou em meio a aplausos.
O conselho de transição escolheu Didier Fils-Aimé para o cargo depois que oito de seus nove integrantes votantes assinaram uma declaração em 8 de novembro para substituir Conille, que estava no cargo há menos de um ano.
Cópias da declaração assinada vazaram no fim de semana e foram publicadas no diário oficial do país na manhã de segunda-feira.
Em uma declaração compartilhada com a CNN no domingo, o integrante do conselho Fritz Jean disse que o grupo chegou à sua decisão após considerar várias questões com o mandato de Conille como primeiro-ministro. Entre elas, Jean disse que Conille havia tomado decisões sem informar o conselho e assumido os deveres do presidente, como se envolver em assuntos diplomáticos.
Conille ainda não comentou publicamente sobre a resolução. A CNN entrou em contato com o gabinete do primeiro-ministro para comentar.
O antecessor de Conille, Ariel Henry, renunciou no início deste ano em meio à crescente violência de gangues.
