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    Há 59 anos, a Crise dos Mísseis quase causava uma guerra nuclear

    Negociação entre Kennedy e Khrushchev gerou 13 dias de alta tensão e um dos episódios mais famosos da Guerra Fria

    O premiê soviético Nikita Khrushchev falando com o presidente americano John F. Kennedy em um encontro em Viena, Áustria, em 1961
    O premiê soviético Nikita Khrushchev falando com o presidente americano John F. Kennedy em um encontro em Viena, Áustria, em 1961 Flickr/Domínio Público

    Juan Carlos Lópezda CNN

    Em 28 de outubro de 1962, o mundo evitou a guerra nuclear.

    Naquele domingo, 59 anos atrás, o primeiro-ministro soviético Nikita Khrushchev anunciou um acordo com o presidente americano John F. Kennedy para desmantelar e remover de Cuba vários mísseis armados com ogivas nucleares que tinham como alvo os Estados Unidos, cuja costa está a apenas 140 quilômetros de distância.

    O episódio, que durou 13 dias de extrema tensão, é conhecido como a Crise dos Mísseis ou Crise de Outubro.

    Mas como chegou a esse ponto?

    Mísseis contra a URSS

    Em 1958 e 1959, sob o comando do presidente Dwight D. Eisenhower e no auge da Guerra Fria, Washington colocou mísseis balísticos com ogivas nucleares na Itália e na Turquia, ambos estados membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), procurando proteger seu território da expansão soviética.

    Eles eram os mísseis Júpiter SM-78, com um alcance de 2.400 quilômetros, de acordo com o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS).

    A ogiva nuclear transportada por cada míssil tinha um poder destrutivo de 1,44 megatoneladas ou a potência equivalente a 100 “Little Boy”, a bomba atômica lançada sobre Hiroshima no final da Segunda Guerra Mundial.

    Esta implantação colocou as principais cidades soviéticas, incluindo Moscou e São Petersburgo, no alcance de mísseis nucleares capazes de destruí-las.

    Dwight Eisenhower já havia reconhecido que a instalação de mísseis com alcance suficiente para atingir Moscou poderia levar a União Soviética a fazer o mesmo em Cuba ou no México em resposta, como mais tarde aconteceu na ilha caribenha. Parte do acordo entre Kennedy e Khrushchev para acabar com a crise, que só era conhecido até 1987, incluía o desmantelamento dos mísseis americanos na Turquia.

    O acordo Castro-Khrushchev

    De acordo com o arquivo histórico do Departamento de Estado norte-americano, Nikita Khrushchev e Fidel Castro chegaram a um acordo secreto em julho de 1962 para alocar mísseis nucleares em Cuba a fim de dissuadir os Estados Unidos de invadir a ilha.

    Em abril de 1961, a fracassada invasão da Baía dos Porcos, na qual 1.400 exilados cubanos, treinados e equipados pelos EUA, foram deixados à espera do prometido apoio aéreo de Washington, havia fracassado.

    A CIA e o Departamento de Defesa, então, projetaram a Operação Mangusto, um plano de seis fases para retirar Fidel Castro do poder. Um de seus seis pilares incluía uma invasão militar, mas o plano foi colocado em espera pela Crise dos Mísseis.

    Em setembro de 1962, o presidente americano John F. Kennedy fez uma advertência pública sobre a instalação de armas ofensivas soviéticas em Cuba. E, em 14 de outubro, um avião espião U-2 tirou fotografias da instalação de plataformas de mísseis de médio alcance na ilha.

    Vista aerea obtida pelos EUA da região que os mísseis soviéticos estavam posicionados em Cuba / Foto: Domínio Público

    O arsenal soviético em Cuba

    No caso dos soviéticos, soube-se então que eles haviam implantado mísseis R-12/SS-4 Sandal de médio alcance, também lançados no solo e com um alcance máximo de 2.000 quilômetros, de acordo com a Federação de Cientistas Americanos.

    Com um poder destrutivo de quase um megaton – equivalente a um milhão de toneladas de TNT –, o SS-4 poderia chegar a cidades como Houston, Atlanta, Washington e Nova York. A entrega de mísseis SS-5, mais potentes, nunca se concretizou devido ao bloqueio naval.

    Com as provas fotográficas da existência dos mísseis, veio o próximo passo de Washington: Kennedy não seguiu o plano de seus conselheiros militares de lançar um ataque para destruir os mísseis e depois invadir Cuba. Em vez disso, ele anunciou na televisão uma “quarentena naval” de Cuba e apelou à União Soviética para remover os mísseis.

    Fidel Castro
    Fidel Castro, líder da Revolução Cubana. / Foto: Domínio Público

    Treze dias de tensão extrema

    As negociações entre Washington e Moscou prosseguiram por 13 dias através de conversas entre Kennedy e Khrushchev. E, por mais que Khrushchev tenha rejeitado os termos da primeira carta de seu homólogo americano, a União Soviética retirou alguns de seus navios e os EUA deixaram outros passar depois de se assegurarem de que eles estavam desarmados.

    Mesmo assim, a inteligência americana determinou que as baterias de mísseis estavam prestes a se tornar operacionais.

    Em 27 de outubro, os soviéticos abateram um avião espião U-2 americano sobrevoando Cuba. Apesar da morte do piloto e da destruição da aeronave, Kennedy decidiu seguir o caminho diplomático e propôs a Khrushchev que os mísseis fossem removidos de Cuba sob a supervisão da Organização das Nações Unidas (ONU).

    Em troca, ele ofereceu uma garantia de que os EUA não invadiriam Cuba, e eles negociaram secretamente a retirada dos mísseis americanos da Turquia, que ocorreu em 1963, evitando assim uma guerra nuclear 59 anos atrás.

    *Com colaboração de Germán Padinger

    (Esta matéria foi traduzida. Leia a original, em espanhol)