Guarda Costeira dos EUA encontra destroços na área de busca de submarino desaparecido
A Guarda Costeira dos Estados Unidos informou nesta quinta-feira (22) que encontrou destroços dentro da área de busca do Titan, o submarino desaparecido no último domingo (18). Pouco depois, foi confirmada a morte dos passageiros do submarino Titan.
As informações mais consistentes sobre o destino do Titan vieram no início da tarde, quando a Guarda Costeira dos Estados Unidos informou que encontrou os detritos. “Um campo de destroços foi descoberto dentro da área de busca por um ROV perto do Titanic. Especialistas do comando unificado estão avaliando as informações”, informou pelas redes sociais.
Em seguida, um porta-voz da Pelagic Research Services confirmou à CNN que seu veículo operado remotamente (ROV), o primeiro a realizar uma busca pelo submarino OceanGate desaparecido no fundo do mar, encontrou o campo de destroços.
Mais tarde, já durante a coletiva, a Guarda Costeira confirmou as mortes e informou que os destroços encontrados indicam uma perda catastrófica da pressão da cabine do submersível. “Em nome da guarda costeira dos EUA dou os pêsames para as famílias. Só consigo imaginar como isso tem sido para eles e espero que essa descoberta traga algum conforto nesse momento tão difícil”, disse o porta-voz.
O prazo estimado pelas autoridades dos Estados Unidos para a duração do oxigênio no Titan se esgotou na manhã desta quinta-feira (22). Na tarde da última terça-feira (20), em entrevista coletiva, o capitão do Primeiro Distrito da Guarda Costeira Jamie Frederick afirmou que o Titan ainda tinha 40 horas de oxigênio, tempo que esgotou nesta manhã.
Mesmo assim, as buscas prosseguiram para encontrar o Titan e os seus cinco ocupantes: o empresário e aventureiro britânico Hamish Harding, o mergulhador francês Paul-Henri Nargeolet, o empresário paquistanês Shahzada Dawood e seu filho Sulaiman Dawood, além do CEO e fundador da OceanGate, empresa proprietária do submersível, Stockton Rush.
A expedição começou com uma jornada de 740 quilômetros até o local do naufrágio. O submersível começou sua descida no domingo de manhã, mas perdeu contato com a tripulação do Polar Prince, o navio de apoio que transportou a embarcação até o local, 1 hora e 45 minutos após a descida, segundo autoridades.
As Guardas Costeiras dos Estados Unidos e Canadá iniciaram uma verdadeira operação de guerra para resgatar o Titan, até 10 navios e aeronaves foram mobilizadas para as buscas, primeiro na superfície do mar, depois nas profundezas.
Foram disponibilizados sonares, ROVs (drones aquáticos) e equipamentos de altíssima tecnologia para cumprir a missão. A expectativa é que a Guarda Costeira confirme se os destroços são ou não do submersível.
Segurança
Não faltaram acusações sobre uma suposta negligência com a segurança do submersível. O próprio Rush afirmou, em diversas entrevistas, que via os esquemas de proteção como algo que inibiam a inovação e o avanço tecnológico.
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A indústria comercial submersiva é “obscenamente segura”, disse ele em entrevista ao Smithsonian Magazine, em 2019, “porque eles têm todos esses regulamentos. Mas também não inovou ou cresceu – porque eles têm todos esses regulamentos.”
À medida que o mundo passou a acompanhar o drama dos ocupantes do submersível, também passou a conhecer histórias um tanto bizarras sobre o funcionamento do veículo.
Na última terça-feira, o jornal The New York Times informou que em 2018 líderes da indústria da submersíveis criticaram a “abordagem experimental” da OceanGate. O Comitê de Veículos Subaquáticos Tripulados da Marine Technology Society escreveu uma carta a Rush, expressando preocupação com a conformidade da empresa em relação a uma certificação de avaliação de risco marítimo conhecida como DNV-GL.
O submersível Titan
O Titan é tecnicamente um submersível, e não um submarino como tem sido popularmente chamado. Um submersível tem reservas de energia limitadas e precisa de um navio de apoio na superfície para lançá-lo e recuperá-lo.
O Titan normalmente gasta cerca de 10 a 11 horas durante cada viagem ao naufrágio do Titanic, enquanto os submarinos podem ficar debaixo d’água por meses.
Fiel ao seu nome, o Titan pesa mais de 10 mil quilos e é feito de fibra de carbono e titânio, com recursos de segurança para monitorar a integridade estrutural da embarcação, de acordo com seu operador, a OceanGate Expeditions.
Há apenas um banheiro e não há assentos – com o máximo de cinco passageiros, eles devem sentar-se de pernas cruzadas no chão. Não há janelas, exceto a escotilha através da qual os passageiros veem o Titanic.
Sem GPS debaixo d’água, o Titan se comunica com sua nave-mãe por mensagens de texto, e o submersível é obrigado a se comunicar a cada 15 minutos, de acordo com o site arquivado da OceanGate Expeditions. A última comunicação entre a embarcação e o Polar Prince ocorreu às 11h47 de domingo.
Partes do Titan são decididamente de baixa tecnologia. O submersível é controlado por controle de jogar videogame. “Essencialmente se parece com um controlador de PlayStation”, disse o correspondente da CNN Gabe Cohen, que se sentou em Titan em 2018 enquanto fazia reportagens sobre a OceanGate Expeditions para a afiliada da CNN KOMO.
A embarcação é mantida debaixo d’água por lastro – pesos pesados que ajudam na estabilidade – construído para ser liberado automaticamente após 24 horas para enviar o submarino à superfície, segundo Newman. “Ele foi projetado para voltar”, disse ele à CNN.
(Com informações da Reuters e de Fábio Mendes, Fernanda Pinotti e Lucas Rocha da CNN)