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    Grupos de alunos de Harvard se declaram anti-Israel; CEOs de empresas pedem divulgação de nomes

    Após repercussão negativa entre empresários, estudantes retiraram apoio à carta

    Matt Eganda CNN , Nova York

    Bill Ackman, bilionário CEO de fundos de hedge, e vários outros líderes empresariais estão exigindo que a Universidade de Harvard divulgue os nomes dos alunos de organizações estudantis que assinaram uma carta culpando Israel pelos ataques mortais do Hamas.

    Os CEOs querem que os estudantes sejam colocados em uma “lista proibida”. Após uma reação negativa à declaração, alguns grupos de alunos retiraram seu apoio.

    “Não deveria ser possível se esconder atrás de um escudo corporativo ao emitir declarações de apoio a ações de terroristas”, disse Ackman em uma publicação no X, anteriormente conhecido como Twitter.

    Se os membros apoiam a carta, os nomes dos signatários “deveriam ser tornados públicos para que as suas opiniões sejam conhecidas publicamente”, adicionou o bilionário.

    O CEO da Pershing Square Capital Management afirmou que quer garantir que sua empresa e outras não “contratem inadvertidamente” nenhum estudante pertencente a grupos de Harvard que assinaram a carta.

    Vários outros líderes empresariais, incluindo os CEOs do clube de compras FabFitFun, da startup de tecnologia de saúde EasyHealth e da Dovehill Capital Management apoiaram o pedido de Ackman para nomear os alunos.

    “Gostaria de ter conhecimento [dos nomes], para saber que nunca devo contratar essas pessoas”, destacou Jonathan Neman, CEO da rede de restaurantes Sweetgreen, no X.

    Nem Neman, nem Ackman responderam aos pedidos de comentários da reportagem.

    Empresários alertam contra divulgação de nomes

    Outros empresários alertam que nomear os estudantes cujos grupos apoiaram a declaração poderia colocar os alunos em perigo e não levava em conta as diferenças de opinião dentro dos grupos.

    Larry Summers, o famoso economista que chamou a atenção para a declaração “moralmente injusta” dos estudantes de Harvard, está agora pregando cautela.

    “Falei sobre minha repulsa pela declaração aparentemente feita em nome de mais de 30 grupos de estudantes de Harvard. Mas, por favor, todos respirem fundo. Muitos nestes grupos nunca viram a declaração antes de ser divulgada”, disse Summers em uma postagem na tarde de quarta-feira (10) no X.

    “Em alguns casos, aqueles que aprovaram não entendiam exatamente o que estavam aprovando”, pontuou.

    Summers, ex-presidente de Harvard e ex-secretário do Tesouro dos EUA, acrescentou que “provavelmente alguns foram ingênuos e tolos”.

    “Este não é um momento em que seja construtivo difamar indivíduos e lamento que isso esteja acontecendo”, adicionou.

    O professor de Harvard e acadêmico jurídico Laurence Tribe afirmou à CNN na quarta-feira (10) que inicialmente concordou com Ackman, mas, refletindo, decidiu não se juntar ao esforço para divulgar os nomes dos alunos.

    “Muitos estudantes que foram apanhados nesta campanha equivocada provavelmente nem sabiam que havia uma declaração. Outros, sem dúvida, não se concentraram, muito menos entenderam, o que estavam assinando”, ponderou Tribe.

    “Por mais ingênuos e estúpidos que possam ter sido, penso agora que seria uma reação exagerada penalizá-los permanentemente, publicando os seus nomes e insinuando que, na verdade, endossaram o que os terroristas fizeram aos israelitas inocentes”, observou.

    Da mesma forma, o CEO do Meds.com, Stephen Sullivan, escreveu que as pessoas deveriam estar “zangadas com a administração e os professores”, mas advertiu contra colocar os nomes dos estudantes universitários em uma lista, de acordo com a Forbes.

    A Universidade de Harvard não respondeu imediatamente a um pedido de comentário da reportagem, mas a presidente de Harvard, Claudine Gay, emitiu uma declaração na terça-feira (9) dizendo que “nenhum grupo de estudantes, nem mesmo 30 grupos de estudantes, fala pela Universidade de Harvard ou pela sua liderança”.

    Declaração dos grupos de estudantes de Harvard

    O movimento dos empresários começou em resposta a uma declaração conjunta divulgada por uma coligação de grupos estudantis de Harvard após os ataques do Hamas que mataram mais de 1.000 israelenses e ao menos 14 cidadãos americanos.

    “Nós, as organizações estudantis abaixo assinadas, consideramos o regime israelense inteiramente responsável por toda a violência que se desenrola”, destaca a declaração dos Grupos de Solidariedade à Palestina de Harvard.

    O texto afirma que milhões de palestinos em Gaza foram “forçados a viver em uma prisão ao ar livre” e apelou a Harvard para “tomar medidas para impedir a aniquilação em curso dos palestinos”.

    Uma nota de rodapé no final da declaração dizia que os nomes das “organizações signatárias originais foram ocultados neste momento”.

    Jake Wurzak, CEO da Dovehill Capital Management, ressaltou que os alunos que assinaram a carta deveriam ser identificados.

    “A liberdade de expressão é fundamental. As palavras têm significado e os alunos não deveriam poder se esconder atrás de uma instituição”, comentou Wurzak no X.

    Alunos retiram assinaturas

    De acordo com o jornal estudantil Harvard Crimson, ao menos cinco dos 34 signatários originais retiraram o seu apoio na noite de terça-feira (9).

    Por exemplo, a Associação de Estudantes Nepaleses de Graduação de Harvard publicou no Instagram que “lamenta” que a decisão de co-assinar a declaração tenha sido “interpretada como um apoio tácito aos recentes ataques violentos em Israel”.

    “Para garantir que a nossa posição sobre a condenação da violência por parte do Hamas e o apoio a uma paz justa permaneça clara, retiramos as nossas assinaturas da declaração”, disse o grupo de estudantes nepaleses.

    Já o Act on a Dream, um grupo de alunos que apoia imigrantes, afirmou ao Crimson que assinou a declaração como “resultado de falta de comunicação e falta de diligência devida em compartilhar a declaração com todo o conselho”.

    Outros responderam a Ackman dizendo que os estudantes não estavam cientes do conteúdo da carta ou que os grupos aos quais pertencem estavam assinando a declaração.

    Jonathan Greenblatt, CEO da Liga Antidifamação, pontuou à CNN na quarta-feira que não sabe sobre a divulgação de nomes dos estudantes, mas pediu que eles assumam a responsabilidade por conta própria.

    “É um texto escandalosamente ofensivo e qualquer um que o tenha assinado deveria apoiá-lo e enfrentar as consequências na vida ou se apresentar, pedir desculpas e se explicar”, advertiu Greenblatt.

    “Isso é o que aprendemos a fazer na escola primária. É difícil para mim entender por que é complicado para as pessoas da Universidade de Harvard”, concluiu.

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    Consequências

    Além disso, houve uma reação contrária a uma declaração o presidente da Ordem dos Advogados Estudantis da Universidade de Nova York, na qual diz que Israel “assume total responsabilidade por esta tremenda perda de vidas”.

    Essa declaração teve consequências imediatas, com o escritório de advocacia Winston & Strawn prontamente retirando uma oferta de emprego ao estudante da NYU, que anteriormente atuou como associado de verão no escritório.

    “Esses comentários estão profundamente em conflito com os valores da Winston & Strawn como empresa. Consequentemente, o escritório rescindiu a oferta de emprego do estudante de direito”, informou o escritório de advocacia em uma postagem no X.

    “Winston se solidariza com o direito de Israel de existir em paz e condena o Hamas e a violência e destruição que ele desencadeou nos mais fortes termos possíveis”, adicionou.

    Após críticas de Summers e outros empresários, a presidente de Harvard, Claudine Gay, disse que “não deveria haver dúvidas de que condeno as atrocidades terroristas perpetradas pelo Hamas”.

    “Tal desumanidade é abominável, independentemente da opinião individual sobre as origens dos conflitos de longa data na região”, ressaltou.

    A Liga Anti-Difamação, em resposta a uma “onda de antissemitismo em todo o mundo” após os ataques a Israel, apelou aos CEO na quarta-feira para se manifestarem contra o ódio e assinarem um compromisso de combater o antissemitismo.

    A ADL disse que os signatários incluem Accenture, Adidas e NBA.

    “Para empresas que têm funcionários judeus, clientes judeus, investidores judeus, acionistas judeus ou que simplesmente têm um mínimo de consciência, isso deveria ser fácil”, disse Greenblatt, CEO da ADL, à CNN.

    Nota do editor: Esta reportagem foi atualizada para remover informações de identificação sobre dois dos alunos por questões de segurança.

    *Kristina Sgueglia e Sabrina Shulman, da CNN, contribuíram para esta reportagem

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