Governo Trump exige mudanças em Harvard sob ameaça de fim de financiamento
Entre as demandas estão a eliminação dos programas de diversidade, equidade e inclusão da universidade e a proibição de máscaras em protestos no campus
A Universidade Harvard recebeu uma carta de uma força-tarefa federal na quinta-feira (3) descrevendo demandas políticas vinculadas a quase US$ 9 bilhões em financiamento federal, informou um porta-voz da universidade à CNN.
“Harvard recebeu a carta da força-tarefa federal esta tarde”, disse o porta-voz em um e-mail à CNN.
Entre as demandas delineadas na carta estão a eliminação dos programas de diversidade, equidade e inclusão de Harvard e a proibição de máscaras em protestos no campus, informou o The Harvard Crimson, um jornal administrado por estudantes, e outros veículos.
As demandas também incluem “cooperação total” com o Departamento de Segurança Interna, que aplica a política de imigração, e reguladores federais para garantir “conformidade total”, segundo cópia da carta obtida pelo jornal estudantil.
A carta foi recebida dias após os departamentos de Educação, Saúde e Serviços Humanos, e a Administração de Serviços Gerais dos EUA anunciarem, na segunda-feira (31), que estão revisando US$ 8,7 bilhões em subsídios e mais de US$ 255 milhões em contratos entre Harvard, afiliadas e o governo federal, conforme comunicado à imprensa.
A revisão é o mais recente esforço de uma força-tarefa federal para combater o antissemitismo em campi universitários após uma série de casos de alto perfil em todo o país em resposta à guerra Israel-Hamas em Gaza.
Após Harvard receber a notificação da revisão na segunda-feira (31), o presidente Alan Garber declarou que se o financiamento fosse revogado, isso “interromperia pesquisas que salvam vidas e colocaria em risco pesquisas científicas e inovações importantes”.
“Nós abraçamos totalmente o importante objetivo de combater o antissemitismo, uma das formas mais insidiosas de intolerância”, ressaltou Garber em uma declaração à comunidade de Harvard.
Ele acrescentou que a escola “reforçou nossas regras e nossa abordagem para disciplinar aqueles que as violam” nos últimos 15 meses como parte do esforço para lidar com o antissemitismo.

Dias antes do anúncio da revisão, quase 800 membros do corpo docente de Harvard enviaram uma carta à Harvard Corporation e ao Board of Overseers pedindo à escola que resistisse às demandas do governo Trump e condenasse publicamente seus ataques às universidades do país.
“Ataques contínuos a universidades americanas ameaçam princípios fundamentais de uma sociedade democrática, incluindo direitos de livre expressão, associação e investigação”, diz a carta.
Uma revisão semelhante das políticas de Diversidade, Equidade e Inclusão também está em andamento na Brown University, onde a administração pode cortar mais de US$ 500 milhões em financiamento federal, contou um funcionário da Casa Branca à CNN na quinta-feira (3).
Um porta-voz da Brown University disse à CNN que a instituição “não tinha informações para comprovar isso”.
A Universidade de Columbia foi a primeira faculdade a ter o financiamento cortado — em US$ 400 milhões — como parte das ameaças do presidente de cortar verbas federais para faculdades acusadas de tolerar antissemitismo em meio à guerra Israel-Hamas que começou em outubro de 2023.
Declarando repetidamente que não tolerará antissemitismo.
A Columbia então anunciou mudanças radicais de política no final de março, fazendo concessões aparentes após a revogação do financiamento federal pelo presidente Donald Trump devido aos protestos no campus.
A administração Trump também pausou US$ 175 milhões em financiamento federal para a Universidade da Pensilvânia e colocou mais de US$ 9 bilhões em contratos e bolsas sob revisão na Universidade de Harvard em março.