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    Governo russo diz que pode romper relações com EUA, segundo agência ligada ao Kremlin

    Diretor do departamento norte-americano do Ministério das Relações Exteriores da Rússia foi questionado se a possibilidade de diminuir as relações diplomáticas entre Moscou e Washington estava sendo considerada

    Artur Nicocelido CNN Brasil Business , em São Paulo

    O diretor do departamento norte-americano do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Alexander Darchiev, em entrevista à agência russa de notícias TASS, que é ligada ao Kremlin, disse que a Rússia alertou os Estados Unidos sobre um “ponto de não retorno” e uma possível ruptura das relações diplomáticas entre os países.

    Darchiev foi questionado se a possibilidade de diminuir as relações diplomáticas entre Moscou e Washington estava sendo considerada.

    “Eu não gostaria de entrar em especulações hipotéticas sobre o que é possível e o que não é possível na atual situação turbulenta, quando ocidentais liderados pelos Estados Unidos pisotearam o direito internacional e tabus absolutos na prática diplomática”, declarou Darchiev.

    “Nesse contexto, gostaria de mencionar a iniciativa legislativa atualmente em discussão no Congresso para declarar a Rússia um ‘país patrocinador do terrorismo'”. “Se aprovada, significaria que Washington teria que atravessar o ponto sem retorno, com sérios danos colaterais às relações diplomáticas bilaterais, até a sua redução ou mesmo o rompimento”, finalizou o diplomata.

    Em guerra

    A relação entre os países entrou em fase mais crítica depois que Vladimir Putin autorizou o que ele chamou de “operação militar especial” na região de Donbass (ao Leste da Ucrânia, onde estão as regiões separatistas de Luhansk e Donetsk, as quais ele reconheceu independência).

    No amanhecer do dia 24 de fevereiro, as forças russas começaram a bombardear diversas regiões do país, iniciando uma guerra contra a Ucrânia.

    O que se viu nos dias a seguir, porém, foi um ataque a quase todo o território ucraniano, com explosões em várias cidades, incluindo a capital Kiev.

    No dia da invasão, Putin se justificou por uma declaração gravada exibida na TV. O russo afirmou haver um “genocídio” em curso no leste ucraniano, promovido por tropas “neonazistas” do país contra russos étnicos e separatistas da região.

    O conflito ainda não tem uma perspectiva de se encerrar, já que sucessivos encontros entre representantes dos dois países fracassaram, até o momento, em garantir um cessar-fogo definitivo.

     

     

    Histórico de guerra

    A relação entre os dois países não é nova: eles têm uma história comum que remonta à Idade Média.

    Ambos os países têm raízes comuns no Estado eslavo oriental de Kievan Rus. É por isso que o presidente russo, Vladimir Putin, fala de russos e ucranianos como “um só povo”.

    Porém, estes países avançaram separadamente durante séculos, o que proporcionou o surgimento de duas línguas e culturas. Enquanto a Rússia estava se tornando um império, a Ucrânia não conseguiu estabelecer seu próprio Estado.

    No século 17, grandes áreas da atual Ucrânia tornaram-se parte do Império Russo, e os territórios foram reorganizados em províncias russas regulares administradas por governadores nomeados por São Petersburgo, de acordo com a Enciclopédia Britânica.

    A partir de então até o século 20, a Rússia e a União Soviética (URSS) realizaram um programa de “russificação” para desencorajar a identidade nacional ucraniana.

    Após a Revolução Russa de 1917 e o final da Primeira Guerra Mundial, a Ucrânia tornou-se brevemente independente, até o início da década de 1920, quando se tornou parte da União Soviética.

    Em 1941, durante a Segunda Guerra Mundial, o país foi ocupado pela Alemanha, até que a Rússia Soviética recuperou o controle do país em 1944 e expandiu suas fronteiras para incluir territórios tomados da Romênia, Polônia e Tchecoslováquia (atual República Tcheca).

    Em 1991, quando a União Soviética foi dissolvida, esse grande território que ocupava foi dividido em 15 repúblicas independentes. A Ucrânia é uma delas: em julho de 1990 havia declarado sua soberania.

    O Parlamento ucraniano declara a independência, aguardando um referendo em 1º de dezembro de 1991, que é finalmente aprovado com 90% dos votos. Assim, a Ucrânia adere à nova Comunidade de Estados Independentes, juntamente com a Rússia e a Bielorrússia.

    A partir de então, a Ucrânia voltou seus olhos para a Europa e seu interesse em ingressar na Otan.

    As tensões entre esses dois ex-estados soviéticos aumentaram no final de 2013 devido a um histórico acordo político e comercial com a União Europeia. Depois que o então presidente pró-Rússia Viktor Yanukovych cancelou as negociações – aparentemente sob pressão de Moscou – protestos violentos eclodiram em Kiev por semanas.

    Então, em março de 2014, a Rússia anexou a Crimeia, uma península autônoma no sul da Ucrânia com forte lealdade russa, sob o pretexto de que estava defendendo seus interesses e os dos cidadãos de língua russa.

    *Com informações da CNN En Espanhol

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