Governabilidade do Talibã depende de fatores externos e internos, avalia especialista
Denilde Holzhacker, professora de Relações Internacionais da ESPM, também avaliou que relação do Talibã com os EUA depende das ações do grupo islâmico sem as tropas ocidentais no país
A governabilidade do Talibã no Afeganistão vai depender da relação do grupo com os Estados Unidos após a saída das tropas norte-americanas da região, avalia a professora do curso de Relações Internacionais da ESPM Denilde Holzhacker.
Em entrevista à CNN, ela destacou que os EUA estão sob forte pressão para cumprir o prazo dado pelo grupo islâmico Talibã. O país tem até o dia 31 de agosto para concluir a remoção de americanos e aliados do Afeganistão.
“[O governo do Talibã] vai depender da negociação que eles vão ter que fazer com os EUA e outros países”, diz a especialista.
“A questão também é de se o discurso moderado que o Talibã tem tentado convencer o resto do mundo vai se implementar a partir da saída das tropas dos EUA”.
“Tem todo um outro jogo geopolítico e geoestratégico que também depende da negociação com os EUA e das respostas que o Talibã vai dar internamente. São muitas indefinições nesse processo”, completa a professora.
Denilde também destaca que a reta final da retirada de tropas norte-americanas do Afeganistão será crucial para ambos países.
“O governo americano tem colocado que a prioridade é a retirada das pessoas, cidadãos americanos e afegãos que trabalharam para os EUA nesses 20 anos. Tudo isso numa pressão de tempo e com os temores de possíveis ataques”, explica.
Segundo a especialista, o mundo está de olho no processo de retirada das tropas dos EUA, pois já há grandes críticas sobre como foi feita a remoção de civis.
“Todas as imagens que vimos nos últimos dias mostram o quanto faltou planejamento do governo Biden”, afirma. “Essa retirada agora é crucial não só para as pessoas que estão lá, mas também para o resto do mundo, que está olhando como os EUA vão fazer esse processo.”
(Publicado por Sinara Peixoto)