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    Giorgia Meloni reivindica vitória para se tornar primeira-ministra da Itália mais de extrema-direita desde Mussolini

    Resultados preliminares colocam uma aliança de partidos, liderada pelo ultraconservador partido "Irmãos da Itália", a caminho de conquistar pelo menos 44% dos votos, segundo o Ministério do Interior italiano

    Kara FoxBarbie Latza NadeauAntonia MortensenNicola Ruotoloda CNN

    A líder do partido “Irmãos da Itália”, Giorgia Meloni, reivindicou a vitória nas eleições gerais que aparentam destiná-la a ser a primeira mulher primeira-ministra da Itália, liderando o governo mais de extrema-direita desde a era fascista de Benito Mussolini.

    Falando à imprensa e apoiadores nas primeiras horas da manhã desta segunda-feira (26), Meloni disse que foi “uma noite de orgulho para muitos e uma noite de redenção”.

    “É uma vitória que quero dedicar a todos que não estão mais conosco e queriam esta noite”, disse ela. “A partir de amanhã, temos que mostrar nosso valor. Os italianos nos escolheram e não vamos traí-los, como nunca o fizemos”, disse ela.

    Os resultados preliminares colocam uma aliança de partidos de extrema-direita, liderada pelo ultraconservador partido “Irmãos da Itália”, de Meloni, a caminho de conquistar pelo menos 44% dos votos, segundo o Ministério do Interior italiano.

    Com 63% dos votos apurados, o partido “Irmãos da Itália” ganhou pelo menos 26%, com os parceiros de coalizão da “Liga”, liderados por Matteo Salvini, com cerca de 9% e “Forza Italia”, de Silvio Berlusconi, com mais de 8%.

    Os resultados finais são esperados ainda nesta segunda-feira (26), mas espera-se que demore semanas para que um novo governo seja formado.

    Meloni entrou na concorrida cena política italiana em 2006 e cofundou os “Irmãos da Itália” em 2012, um partido cuja agenda está enraizada no euroceticismo e nas políticas anti-imigração.

    Giorgia Meloni, do Irmãos da Itália, dá entrevista à Reuters / 24/08/2022 REUTERS/Yara Nardi

    Na última eleição, em 2018, o partido ganhou apenas 4,5% dos votos, mas sua popularidade disparou nos últimos anos, ressaltando a rejeição de longa data da Itália à política dominante, vista mais recentemente com o apoio do país a partidos anti-establishment, como os “Movimento 5 Estrelas” e a “Liga” de Salvini.

    Comemorando os primeiros resultados na noite de domingo, Salvini disse no Twitter: “Centro-direita em clara vantagem tanto na Câmara quanto no Senado! Será uma longa noite, mas agora quero dizer OBRIGADO.”

    Meloni difere dos líderes dos parceiros da coalizão na questão da Ucrânia. Enquanto Berlusconi e Salvini disseram que gostariam de rever as sanções contra a Rússia por causa de seu impacto na economia italiana, Meloni tem sido firme em seu apoio à defesa da Ucrânia.

    Uma mãe de 45 anos de Roma, Meloni é profundamente conservadora, abertamente anti-LGBT, e ameaçou colocar as uniões do mesmo sexo, que foram legalizadas na Itália em 2016, sob revisão.

    Ela também chamou o aborto de “tragédia”, levantando temores sobre o futuro dos direitos das mulheres no país.

    “Uma tarde triste”

    Os resultados preliminares mostraram que a coalizão de centro-esquerda, liderada pelo esquerdista “Partido Democrata” e pelo partido centrista “+Europa”, ganhou cerca de 22% dos votos, enquanto a tentativa do ex-primeiro-ministro Giuseppe Conte de reviver o “Movimento 5 Estrelas” parecia ter fracassado, com cerca de 15%.

    Em um post no Facebook, Conte prometeu liderar uma “oposição intransigente”.

    “Seremos o posto avançado da agenda progressista contra as desigualdades, para proteger famílias e empresas em dificuldade, para defender os direitos e valores da nossa Constituição.”

    Debora Serracchiani, do Partido Democrata, também admitiu a derrota na manhã de segunda-feira, chamando os resultados de uma “noite triste para o país”.

    “Sem dúvida, não podemos, à luz dos dados vistos até agora, não atribuir a vitória à direita arrastada por Giorgia Meloni. É uma noite triste para o país”, disse Serracchiani a repórteres.

    A eleição nacional de domingo foi desencadeada por lutas internas entre os partidos que levaram ao colapso do governo do primeiro-ministro Mario Draghi em julho.

    Giorgia Meloni, líder dos Irmãos da Itália, fala durante o comício de encerramento da coalizão de centro-direita, em 22 de setembro de 2022 em Roma, Itália / Alessandra Benedetti – Corbis/Corbis via Getty Images

    Os eleitores foram às urnas em meio a uma série de novos regulamentos, com o horário de votação também limitado a um dia, em vez de dois.

    Outras mudanças incluíram uma idade de votação mais jovem para o Senado e uma redução no número de assentos para eleger – de 685 assentos para 400 no Senado e de 315 para 200 na Câmara baixa do Parlamento.

    Esse parlamento está programado para se reunir em 13 de outubro, quando o chefe de Estado convocará os líderes do partido para decidir sobre a forma do novo governo.

    A preparação para a eleição foi dominada por questões polêmicas, incluindo a crise do custo de vida da Itália, um pacote de 209 bilhões de euros (R$ 1,06 trilhão) do fundo europeu de recuperação da Covid-19 e o apoio do país à Ucrânia.

    O novo primeiro-ministro – o sexto em apenas oito anos – terá a tarefa de enfrentar uma série de desafios, com custos de energia crescentes e incerteza econômica entre os mais prementes do país.

    E embora Meloni esteja programada para fazer história como a primeira primeira-ministra da Itália, sua política não significa que ela esteja necessariamente interessada em promover os direitos das mulheres.

    Emiliana De Blasio, conselheira para diversidade e inclusão da Universidade LUISS em Roma, disse à CNN que Meloni “não está levantando todas as questões sobre os direitos das mulheres e o empoderamento em geral”.

    Giorgia Meloni, líder do partido italiano de direita Irmãos da Itália, durante comício em Milão / 11/09/2022 REUTERS/Flavio Lo Scalzo

    Os resultados de domingo vêm quando outros partidos de extrema-direita em outros países europeus marcaram ganhos recentes, incluindo a ascensão do partido anti-imigração da Suécia, o Democratas Sueco – um partido com raízes neonazistas – que devem desempenhar um papel importante no novo governo depois de ganhar a segunda maior parcela de assentos em uma eleição geral no início deste mês.

    E na França, enquanto a ideóloga de extrema-direita Marine Le Pen perdeu a eleição presidencial francesa para Emmanuel Macron em abril, sua participação no voto popular deslocou o centro político da França dramaticamente para a direita.

    Em um post nas redes sociais na segunda-feira, Meloni dedicou sua vitória projetada a “todos os militantes, gestores, apoiadores e todas as pessoas que – nestes anos – contribuíram para a realização do nosso sonho, oferecendo alma e coração de forma espontânea e abnegada”.

    Ela acrescentou: “Não vamos trair sua confiança. Estamos prontos para levantar a Itália”.

    Sharon Braithwaite e Valentina DiDonato, da CNN, contribuíram para esta reportagem

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