França diz que não entende por que Trump culpa a Ucrânia pela guerra
Porta-voz do país disse que o presidente dos EUA fez uma série de comentários nos últimos dias sem consultar seus aliados europeus


A França não entende por que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sugeriu que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, era o culpado pela invasão russa do próprio país e pela guerra resultante, comunicou um porta-voz do governo francês nesta quarta-feira (19).
“Não entendemos muito bem a lógica”, disse a porta-voz Sophie Primas aos repórteres, descrevendo “os comentários diversos, variados e muitas vezes incompreensíveis do presidente Trump”.
Ela disse que o republicano fez uma série de comentários sobre a Ucrânia nos últimos dias sem consultar seus aliados europeus.
O presidente dos EUA, em comentários aos repórteres na terça-feira (18), disse: “Vocês estão lá há três anos”, referindo-se às preocupações de que a Ucrânia tenha sido excluída das negociações entre a Rússia e os Estados Unidos. “Vocês nunca deveriam ter começado. Vocês poderiam ter feito um acordo.”
O maior conflito da Europa desde a Segunda Guerra Mundial começou em 2022, quando o presidente russo Vladimir Putin ordenou uma “operação militar especial” na Ucrânia.
A Ucrânia e seus aliados na Europa ficaram chocados com a decisão de Washington e Moscou de realizar negociações de paz na Arábia Saudita esta semana.
Zelensky disse que não aceitará um acordo imposto ao país sem seu consentimento, o que os líderes europeus ecoaram, enquanto a Rússia descartou a possibilidade de conceder terras que conquistou.
O presidente francês Emmanuel Macron deve ter uma reunião informal sobre a Ucrânia com alguns líderes europeus e o aliado da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Canadá, às 16h no horário local, após uma reunião semelhante com o Reino Unido, Itália, Alemanha, Espanha, União Europeia (UE), Dinamarca e Holanda na segunda-feira (17).
Antes das negociações desta quarta-feira, o primeiro-ministro da Suécia, Ulf Kristersson, afirmou que embora não houvesse um acordo completo na UE sobre como seguir em frente, os países conseguiram realizar muito dentro da estrutura do bloco.
Ele também falou que era importante que os apoiadores da Ucrânia fizessem todo o possível para colocar Kiev em uma posição forte.
Como uma nota de cautela, ele acrescentou: “Todos parecem acreditar que a Rússia quer negociar a paz. Não tenho certeza sobre esse ponto. Então, precisamos manter a cabeça fria e continuar a apoiar a Ucrânia.”