França: Defesa de marido que dopava esposa para estupro diz que ela era conivente
Defesa de alguns acusados alega que vítima tinha consciência dos atos sexuais, em julgamento que envolve 50 homens por mais de 200 violações
Um caso chocante está em julgamento na França, envolvendo acusações de estupros em série contra uma mulher, supostamente facilitados por seu próprio marido. Dominique Pelicot, de 71 anos, é acusado de drogar sua esposa, Gisèle Pelicot, também de 71 anos, e convidar dezenas de homens para estuprá-la entre 2011 e 2020.
O julgamento, que já está em sua segunda semana, envolve 50 homens acusados de participar dos crimes. Estima-se que Gisèle tenha sido vítima de aproximadamente 200 violações sexuais durante esse período, sendo 92 delas atribuídas aos réus atuais, com idades entre 30 e 74 anos.
Alegações da defesa geram polêmica
Em uma surpreendente virada no caso, a defesa de alguns dos acusados alega que Gisèle tinha consciência dos atos sexuais. Eles argumentam que foram manipulados por Dominique Pelicot, que teria divulgado fotos de Gisèle nua e aparentemente acordada.
Essa linha de defesa tem gerado forte reação da vítima. Gisèle Pelicot afirmou durante o julgamento que não tinha conhecimento da divulgação dessas fotos e se sentiu profundamente humilhada pelas acusações. Ela declarou: “Fui chamada de alcoólatra e acusada de estar em um estado de embriaguez que me tornaria cúmplice de Dominique Pelicot”.
Impacto do caso na sociedade
O caso tem chocado não apenas a França, mas o mundo todo. Gisèle expressou sua preocupação com o impacto que tais acusações podem ter em outras vítimas de abuso sexual, afirmando que entende por que muitas mulheres não têm coragem de denunciar casos semelhantes.
Os advogados de defesa argumentam que os acusados acreditavam estar participando de encontros com um “casal libertino”, baseando-se nas fotos divulgadas por Dominique Pelicot. No entanto, a acusação sustenta que Gisèle estava inconsciente durante os atos, drogada por seu marido.
Este caso levanta questões importantes sobre consentimento, violência doméstica e a vulnerabilidade das vítimas de abuso sexual. O julgamento continua a ser acompanhado de perto pela mídia e pela sociedade, enquanto se busca justiça para Gisèle Pelicot e se debate sobre as implicações mais amplas deste crime hediondo.