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    Foto do espaço sugere que China ergueu vila em área disputada com Índia e Butão

    Imagens de satélite mostram que aparentemente a China ergueu construções em área disputada com vizinhos Índia e Butão

    Uma imagem de satélite da região de Doklam, mostra o que parece ser uma vila recém-construída e um depósito de suprimentos chineses na fronteira disputada com Índia e Butão
    Uma imagem de satélite da região de Doklam, mostra o que parece ser uma vila recém-construída e um depósito de suprimentos chineses na fronteira disputada com Índia e Butão Foto: Maxar Technologies/ Reprodução

    James Griffiths e Manveena Suri, da CNN

     

    Novas imagens de satélite mostram que aparentemente a China construiu estruturas em uma área no Himalaia que é parte da fronteira disputada pelo país com a Índia e o Butão, palco de um impasse que durou meses em 2017.

    De acordo com a operadora de satélite americana Maxar Technologies, as imagens, datadas de 28 de outubro de 2020, mostram “claramente que houve uma atividade de construção significativa este ano ao longo da área do vale do rio Torsa”. Em um comunicado, a Maxar acrescentou que também houve a construção de “novos bunkers de armazenamento militar” perto da área de Doklam.

    A Maxar afirma que as construções compõem a recém-construída aldeia Pangda, um vilarejo chinês que estaria sediado no lado reivindicado pelo Butão, perto do ponto de uma tensa disputa entre as forças indianas e chinesas em 2017.

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    Em um comunicado, o embaixador do Butão na Índia, o general Vetsop Namgyel, disse que “não há vilarejo chinês dentro do Butão”.

    O Ministério das Relações Exteriores da China disse que “as atividades normais de construção da China em seu próprio território estão inteiramente dentro do escopo da soberania da China e não há nada de errado com isso”. O Ministério das Relações Exteriores da Índia não respondeu a um pedido para comentar o caso.

    A emissora indiana NDTV foi a primeira a relatar as imagens de satélite.

    Uma estreita faixa de terra que faz fronteira com os três países, a área de Doklam é reivindicada pela China e pelo Butão, mas também é estrategicamente importante para a Índia, por causa de sua proximidade com o Corredor Siliguri, uma artéria vital entre Nova Déli e estados do nordeste indiano.

    “O Corredor Siliguri é um território estrategicamente importante e altamente sensível, pois continua sendo a única ponte entre os oito estados do nordeste da Índia e o resto do país”, escreveu o analista Syed Fazl-e-Haider no início deste ano em um artigo publicado pelo think tank australiano The Lowy Institute.

    “Com um avanço de apenas 130 quilômetros, os militares chineses poderiam isolar o Butão, a Bengala Ocidental e os estados do nordeste da Índia. Cerca de 50 milhões de pessoas no nordeste da Índia seriam separadas do país.”

    Em um artigo no jornal estatal Global Times na segunda-feira, especialistas chineses foram citados refutando as afirmações da Maxar e os relatos na mídia indiana de que uma vila havia sido construída em território butanês.

    O ponto em que os dois países traçam suas fronteiras é altamente disputado. O impasse de 2017 foi desencadeado depois que o Butão acusou a China de construir uma estrada dentro de seu território em “violação direta” das obrigações do tratado.

    A China, que não mantém relações diplomáticas formais com o Butão, negou a acusação, alegando que a área faz parte do território chinês.

    O Butão é tradicionalmente um forte aliado da Índia, contando com Déli para fornecer treinamento para suas forças armadas e cooperando estreitamente com a Índia em política externa. Isso parece estar mudando, no entanto, principalmente à medida que a rivalidade entre China e Índia se acirrou.

    No início deste ano, Índia e China travaram um confronto sangrento ao longo de outra fronteira disputada no Himalaia, que deixou pelo menos 20 soldados mortos, o pior conflito entre os dois países desde que tiveram uma guerra pelo mesmo território em 1962.

    Embora os dois países tenham concordado em diminuir a escalada de tensão, as imagens de satélite da Maxar Technologies mostraram que a China continua a reforçar sua posição ao longo da fronteira com a Índia, embora seja improvável que haja mais construções nesta época do ano devido às severas condições de inverno no Himalaia.

    “Depois de (2017), eles (chineses) perceberam, assim como o lado indiano, que suas áreas de fronteira são pouco povoadas, então fica muito difícil patrulhar a área. Agora, ao criar esses fatos no terreno, ao criar esta aldeia, você pode dizer sempre esteve lá. No estilo dos chineses, você cria os fatos no terreno e depois diz que sempre foi assim”, disse Manoj Joshi, um membro distinto da Observer Research Foundation, um think tank com sede em Nova Déli.

    “Em linha reta, este ponto fica a mais de 11 quilômetros da posição indiana, então não há nada que a Índia possa fazer a menos que o Butão faça um pedido público de ajuda. Se você olhar para o Tratado Indo-Butanês, não há nenhuma cláusula de defesa explícita”.

    A natureza da região onde aparentemente foi construída uma vila é hostil para a vida humana, no alto Himalaia. Para Nathan Ruser, analista do Australian Strategic Policy Institute, a nova vila parece construída mais para o “direito de se gabar territorialmente” do que para fins práticos.

    “As imagens de alta resolução também mostram o quão precário é o vilarejo, sendo construído no que é essencialmente um banco de areia no meio de um vale de rio de montanha (onde o derretimento de neve e penhascos altos tornam o fluxo de água imprevisível e inundações repentinas são comuns)”, escreveu Ruser no Twitter sobre as imagens.

    “Para combater isso, os engenheiros chineses construíram um pequeno muro de contenção, suponho que foi projetado para manter qualquer inundação fora da vila. Não tenho certeza se confiaria nele, quando a única maneira de entrar e sair é uma estrada que poderia ser inundada antes da aldeia. “