Forças da Otan estão se “preparando para longo prazo”, diz secretário-geral
Invasão da Ucrânia pela Rússia mudou "cenário de segurança" no continente, disse Jens Stoltenberg
Em entrevista coletiva nesta quinta-feira (24) após o encontro dos líderes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o secretário-geral da aliança, Jens Stoltenberg, afirmou que as tropas alocadas no Leste Europeu se preparam para ficar na região de uma “maneira mais perpétua” devido a implicações de “longo prazo” da guerra na Ucrânia.
“Estamos nos preparando para o longo prazo porque podemos dizer que a invasão russa na Ucrânia alterou nosso ambiente de segurança no longo prazo. É uma nova realidade, é o novo normal, e a Otan está respondendo à altura”, declarou Stoltenbeg.
“Os líderes concordaram em oferecer mais opções para uma redefinição de londo prazo, e os detalhes serão decididos na nossa cúpula em julho”, complementou.
Além disso, Stoltenbeg afirmou que foram dados acenos para um “aumento significativo” nos gastos de defesa de cada país-membro.
De imediato, a cúpula reunida em Bruxelas, na Bélgica, decidiu manter o apoio militar à Ucrânia por meio do envio de novas armas de defesa, drones e equipamentos de assistência marítima e aérea, bem como estabelecer três novos pontos adicionais de forças aliadas na Bulgária, Romênia e Eslováquia, detalhou o secretário-geral.
“Os líderes da Otan concordaram que forneceremos mais apoio a Ucrânia. Continuaremos a impor custos inéditos a Rússia e reforçaremos nossas forças de defesa. Portanto, serão oito tropas da Otan posicionadas do Mar Báltico ao Mar Negro”, afirmou, repetindo a cifra de 100 mil soldados dos Estados Unidos e 40 mil soldados sob o comando da Otan que já se encontram em campo.
Questionado posteriormente sobre como os aliados receberam os pedidos do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, de aumentar o envio de aparato militar para a Ucrânia, Stoltenberg endossou que a a Otan “estava fazendo tudo o que podem”, mas com a “responsabilidade” de não alavancar ainda mais as dimensões da guerra.
“O que eu posso dizer é que os aliados estão fazendo tudo o que podem, de forma armamentística, para que a Ucrânia possa se defender, mas temos a responsabilidade de evitar que esse conflito se torne uma guerra completa na Europa — não só contra a Ucrânia, mas contra todos aliados da Otan”.
Rússia e China
O secretário-geral da Otan voltou a mencionar a China ao dizer que o país “não deve forcener nenhum tipo de auxílio” à empreitada militar da Rússia, e sim “utilizar sua influência sobre a Rússia para uma resolução imediata” da guerra.
Além disso, o possível uso de armas químicas pela Rússia foi destacado por Stoltenberg como motivo de preocupação. Após negar as alegações do Kremlin de que haveria armas químicas dos EUA em campo, ele afirmou que a utilização deste tipo de armamento mudaria a “natureza” da guerra.
“Qualquer tipo de uso de armas químicas totalmente alterará a natureza do conflito e implicará em consequências disseminadas. É um risco de efeito direto ao povo vivendo em países da Otan, pois pode ter contaminação de resíduos de armas químicas”, declarou.
“Os aliados concordaram em fornecer equipamentos para ajudar a Ucrânia a se proteger contra ameaças biológicas e nucleares”, complementou.