Fome atinge 690 milhões e ameaça outros 41 milhões no mundo, diz ONU
À CNN, Daniel Balaban, do Programa Mundial de Alimentos, disse que a pandemia agravou o quadro
O Programa Mundial de Alimentação (PMA) da Organização das Nações Unidas (ONU) fez um alerta de que 41 milhões de pessoas estão próximas de entrar em uma situação de fome. Para resolver a situação, que afeta 43 países, seriam necessários, de acordo com o relatório, US$ 6 bilhões.
Em entrevista à CNN nesta quinta-feira (24), Daniel Balaban, representante no Brasil do Programa Mundial de Alimentos (WFP) e Diretor do Centro de Excelência contra a Fome, afirmou que a pandemia agravou a situação, mas que ela não é a única culpada.
“Nada foi feito, a situação se complicou e os conflitos vem crescendo porque a fome é um campo fértil para embates; onde tem fome, tem desesperança. É um círculo vicioso”, disse.
Segundo ele, já são 690 milhões de pessoas em situação de fome extrema ao redor do mundo. “Ou se faz algo agora, ou os números vão aumentando. Tem que se tomar providências, não só levar alimentos, mas dar condições para as pessoas. Temos que trabalhar as raízes do problema, ajudar países com políticas públicas para que as pessoas não entrem nessa situação”, disse.
Balaban destacou que a ajuda global de países com mais condições financeiras traria um impacto importante para os dados: “Teríamos menos conflitos, menos problemas de migrações e gastaríamos menos recursos com segurança para evitar que pessoas entrem nas fronteiras dos países.”
“Infelizmente, hoje, o foco do mundo está na pandemia, que fez com que a economia sofresse. A pandemia não é a única culpada, mas agravou a situação, porque o mundo inteiro sofreu. Recursos ficam escassos, não sobra dinheiro para a cooperação internacional, uma coisa leva a outra”, completou.
No caso do Brasil, são 20 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar – ou seja, que não têm as refeições garantidas diariamente.
Daniel Balaban explicou que o país, que é um dos maiores exportadores de alimentos do mundo, tem “um problema estrutural”, já que ainda assim a fome cresce ano a ano.
*Com produção de Alessandra Ferreira.