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    Falha da polícia em lidar com a violência contra as mulheres é ‘irritante’, diz Boris Johnson

    Fala do primeiro-ministro do Reino Unido acontece após um policial ser condenado à prisão perpétua pelo assassinato de uma mulher; governo britânico promete ações concretas

    Eliza MackintoshSharon Braithwaiteda CNN

    O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, descreveu o fracasso da polícia em levar a violência contra mulheres e meninas suficientemente a sério como “irritante”, em uma entrevista ao jornal britânico The Times após o assassinato de Sarah Everard e de mais de 100 mulheres na Grã-Bretanha neste ano.

    Sarah, de 33 anos, foi sequestrada, estuprada e assassinada em março por Wayne Couzens, um policial britânico que foi condenado à prisão perpétua sem liberdade condicional nesta semana.

    O assassinato dela gerou protestos e reconhecimento nacional sobre a violência contra mulheres no Reino Unido, mas ativistas dizem que pouca coisa mudou nos meses que se passaram após o assassinato de Sarah. No final de setembro, o assassinato de outra mulher em Londres, Sabina Nessa, de 28 anos, renovou o clamor.

    “A polícia está levando este assunto a sério? É irritante. Acho que o público sente que eles não estão e não estão errados”, disse Johnson ao The Times neste sábado (2).

    “Há um problema sobre como lidamos com a violência sexual, violência doméstica, a sensibilidade, a diligência, o tempo, a demora. Isso é o que precisamos consertar”, acrescentou.

    Uma mulher é morta por um homem em média a cada três dias no Reino Unido, de acordo com dados do Feminicide Census, uma organização que monitora a violência contra mulheres e meninas.

    O grupo argumenta que a nova estratégia do governo para conter tal violência “ignora vergonhosamente” as vítimas de feminicídio.

    Governo britânico promete ações de combate à violência contra mulheres

    O governo prometeu tomar medidas para combater a violência contra mulheres, mas ativistas e a oposição dizem que as medidas propostas foram inadequadas.

    Ao The Times, Johnson disse que embora existam centenas de milhares de “policiais maravilhosos” no Reino Unido, há problemas na maneira como as mulheres são tratadas pela polícia e como as queixas das mulheres são tratadas.

    “Muitas mulheres estão basicamente vendo suas vidas perdidas para este sistema, esperando que sua reclamação seja levada a sério, esperando que seu caso seja ouvido, e nada está acontecendo”, disse Johnson.

    A Polícia Metropolitana se recusou a fornecer um novo comentário em resposta à entrevista de Johnson, mas enviou à CNN uma declaração anterior, divulgada na última quinta-feira, que enfatizava que os recentes casos de violência contra as mulheres colocaram em “foco agudo” o “dever urgente da polícia de fazer mais para proteger mulheres e meninas.”

    Sarah Everard não é a primeira mulher a ser morta por um policial britânico. E os ativistas temem que ela não seja a última.

    Pelo menos 16 mulheres foram mortas por policiais em serviço ou aposentados nos últimos 13 anos no Reino Unido, de acordo com o Femicide Census, um grupo que coleta dados sobre mulheres mortas por homens, e os ativistas acham que combater a violência de gênero não é uma prioridade policial.

    Há centenas de denúncias de violência de gênero cometida por policiais todos os anos.

    Falando após a sentença de Couzens na quinta-feira, a comissária da Polícia Metropolitana de Londres, Dame Cressida Dick, disse que estava “enojada” com o abuso de poder no caso do assassinato de Sarah.

    “Não há palavras que possam expressar totalmente a fúria e a tristeza avassaladora que todos nós sentimos sobre o que aconteceu com Sarah. Lamento muito”, disse ela.

    Apelos generalizados pediam a renúncia de Dick. Os ativistas afirmam que houve falha em resolver o problema, e uma declaração da Polícia Metropolitana divulgada na quinta-feira com dicas sobre como lidar com policiais solitários foi criticada.

    O conselho às mulheres abordadas por policiais solitários incluía correr “para dentro de uma casa”, “acenar para um ônibus” ou ligar para a polícia no número 999 se não acreditarem que o policial é “quem diz ser” após interrogá-las.

    Nesta sexta, Johnson disse que tinha confiança na polícia e apoiou a comissária da Polícia Metropolitana, mas observou que “há um problema” com a forma como os casos de estupro e violência contra mulheres são tratados no país.

    Ele também disse que o governo está tentando “reduzir” o tempo entre as queixas apresentadas por mulheres e o momento em que as ações são tomadas, acrescentando que acredita que o recrutamento de mais policiais do sexo feminino poderia promover uma “mudança fundamental”.

    Kara Fox, da CNN, contribuiu para esta reportagem.

    (Este texto é uma tradução. Para ler o original, em inglês, clique aqui)

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