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    Fábrica de vacinas na Índia deve retomar principais exportações só no fim do ano

    Instituto Serum vai priorizar a distribuição interna de imunizantes

    Mathias Brotero, da CNN em Brasília

     

    O Instituto Serum da Índia afirmou nesta terça-feira (18), que a exportação de imunizantes contra a Covid-19 deve ser retomada até final de 2021. O posicionamento pode representar um novo atraso no envio das doses ao Brasil.

    De acordo com o cronograma atualizado de distribuição de vacinas, divulgado pelo Ministério da Saúde, o país pretende receber pouco mais de 8 milhões de doses de vacinas até o terceiro trimestre de 2021.

    O envio pode, porém, demorar mais. Fontes do governo indiano afirmaram à agência Reuters que a Índia não deve retomar as principais exportações de vacinas contra a Covid-19 até pelo menos outubro.

    Em comunicado divulgado nesta terça-feira (18), a farmacêutica afirma que continua a expandir a fabricação e a priorizar a distribuição interna de vacinas. “Esperamos começar a entrega de vacinas à Covax e a outros países até o final do ano”. O Brasil tem, por meio da Fiocruz, contrato para a compra de 12 milhões de doses da AstraZeneca com o instituto indiano, que diz ser o maior produtor de vacinas do mundo.

    O envio da remessa já havia sofrido um atraso em março, quando o Ministério da Saúde admitiu que a data de entrega poderia mudar, por causa do surto de Covid-19 na Índia. Em janeiro, o país asiático enviou 2 milhões de doses ao Brasil, conforme antecipado pela CNN. No mês seguinte, a quantidade exportada dobrou.

    Uma fonte do Ministério das Relações Exteriores informou à reportagem que, considerando as proporções do surto de Covid-19 na Índia, um novo atraso no envio da remessa não seria surpreendente. A fonte ressaltou que o Brasil tem apostado em lotes maiores de outras vacinas, que devem chegar ao país antes do final do ano.

    O Brasil já trabalhava com possibilidade de um segundo atraso. Uma fonte do Itamaraty, ouvida pela CNN no início do mês, havia considerado a data prevista pela pasta para a entrega de doses do Instituto Serum como conservadora, mas ressaltou que ainda poderia haver alterações, pois com a piora da pandemia, os fabricantes não estariam em condições, no momento, de cumprir com os contratos.

    No comunicado divulgado pelo laboratório, o CEO do Instituto Serum, Adar Poonawalla, traça uma linha do tempo, a partir de janeiro de 2021, na qual afirma que no início do ano, o país podia distribuir doses, pois especialistas acreditavam que a Índia “estava virando a maré na pandemia”. Com o surto, porém, a Índia passou a depender do apoio de outros países.

    De acordo com o chefe do instituto, nos últimos dias, houve discussões intensas a respeito da decisão tomada pelo governo indiano e as fabricantes de vacinas. “Nunca exportamos vacinas às custas das pessoas na Índia e continuamos empenhados em fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para apoiar a campanha de vacinação no país”.  

    Hidroxicloroquina

    No documento, o executivo ainda lembra que, além de enviar vacinas, a Índia ajudou nações com o fornecimento de hidroxicloroquina. Apesar de não haver comprovação científica para o tratamento de Covid-19, o Brasil chegou a solicitar o envio de matéria-prima do medicamento, ao país asiático.

    No início de abril, o presidente Jair Bolsonaro agradeceu, por meio das redes sociais, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, pelo envio de insumos para a produção do remédio.

    Em nota, o Ministério da Saúde informou que “o cronograma de previsão contratual é público e atualizado toda semana com as possíveis alterações”.

    A Fiocruz informou, por meio de nota, que “A adesão à iniciativa Covax Facility é resultado de um acordo entre a Organização Mundial da Saúde e o Ministério da Saúde”. A fundação sugeriu ainda que a reportagem entrasse em contato diretamente com o Ministério para mais informações.

    Ao deixar o Ministério da Saúde, o ministro Marcelo Queiroga informou, na noite desta terça-feira (18), que a pasta não contava com a possibilidade do atraso. O secretário-executivo da pasta, Rodrigo Cruz, falou que a informação será checada e o cronograma de distribuição de imunizantes poderá ser atualizado, caso seja necessário.

    Veja o que diz o Ministério das Relações Exteriores

    Em nota à CNN, a pasta afirmou que “o planejamento e a gestão do Programa Nacional de Imunização, incluindo a formulação do cronograma de entrega de doses, é de competência do Ministério da Saúde”. 

    “O Itamaraty continua engajado na obtenção dos meios necessários para contribuir com o esforço do Governo Federal no enfrentamento da atual crise sanitária. Em coordenação com o Ministério da Saúde, o Itamaraty e sua rede de postos no exterior têm mantido, dentro de sua área de competência, contato permanente com instituições de pesquisa, empresas e governo local, com vistas a ampliar o acesso brasileiro a imunizantes, insumos e medicamentos contra a COVID-19 e acelerar o recebimento das doses contratadas ou em vias de contratação junto a empresas farmacêuticas e à COVAX Facility”. 

    A CNN entrou em contato com a Embaixada da Índia no Brasil, mas até a publicação da reportagem, não obteve retorno.

     

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