Extrema-direita ameaça deixar governo de Israel em caso de acordo “irresponsável”
Hamas disse que está estudando proposta de acordo pela libertação de reféns em troca de trégua
Um parceiro de extrema-direita na coalizão do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu ameaçou na terça-feira (30) deixar o governo por qualquer tentativa de entrar em um acordo “irresponsável” com o Hamas para recuperar os reféns mantidos pelos combatentes palestinos.
“Acordo irresponsável = desmantelamento do governo”, postou Itamar Ben-Gvir, do partido Poder Judaico, no X, antigo Twitter, em meio a relatos da mídia de que Israel estava considerando uma pausa de longo prazo, intermediada pelo Catar e Egito, em sua ofensiva contra o Hamas na Faixa de Gaza.
O conservador Netanyahu enfatizou seu compromisso com a destruição do Hamas, cuja onda de assassinatos e sequestros em 7 de outubro surpreendeu Israel, e argumenta que a pressão militar aumenta as chances de recuperar os 132 reféns.
Mas pelo menos um integrantedo gabinete de guerra decisório de Netanyahu – o ex-chefe militar Gadi Eisenkot, cujo filho e sobrinho morreram lutando em Gaza – lançou dúvidas sobre as perspectivas de missões de resgate e pediu um acordo sobre os reféns.
Isso desencadeou a especulação de que Netanyahu está sendo pressionado tanto pela esquerda quanto pela direita, o que pode significar uma mudança mais ampla e, talvez, até mesmo uma eleição antecipada.
O Poder Judaico é responsável por seis das 64 cadeiras que a coalizão religiosa de Netanyahu ocupava no Parlamento de 120 lugares antes da guerra de Gaza. Desde então, ele incluiu o partido centrista Unidade Nacional, de Eisenkot, com 12 cadeiras, em um gabinete de emergência.
Ben-Gvir e outro parceiro ultranacionalista da coalizão, o ministro das Finanças Bezalel Smotrich, do partido Sionismo Religioso, se irritaram com a exclusão deles do gabinete de guerra.
Eles pediram que a ofensiva não seja interrompida e que Israel reassente a Faixa de Gaza, da qual se retirou em 2005. Netanyahu descartou a reconstrução de assentamentos judaicos na região, mas disse que a Gaza pós-guerra ficará sob o controle da segurança israelense.