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    Exército russo faz tortura psicológica, diz brasileiro que está em cidade ocupada

    À CNN, o jogador de futsal Claudinho Garcia, que está na cidade ucraniana de Kherson, contou que há tanques por todo lugar e sentimento de medo constante

    Amanda GarciaBel CamposCamila Olivoda CNN , São Paulo

    O jogador brasileiro de futsal Claudinho Garcia, que atua no clube ucraniano Prodexim, está na cidade de Kherson, a primeira ocupada pela Rússia na guerra.

    Em entrevista à CNN, ele relatou que esta sexta-feira (4) foi um dos dias mais tranquilos, que conseguiu ir ao mercado, mas que passou por períodos críticos nos últimos dias e que o estado de alerta é constante.

    “Tem tanques em todo lugar nas ruas, soldados russos por toda parte. Existe esse medo porque não sabemos o que pode acontecer, corremos risco ao ir para a rua, mas precisamos de alimentação, por exemplo”, contou.

    De acordo com o atleta, o exército russo enfrentou muita resistência dos civis, que “tentaram impedir e entraram em conflito, com coquetéis molotov, e foram mortos.”

    Ele ainda reforçou que, mesmo durante períodos de aparente tranquilidade, os militares “fazem tortura psicológica”: “Ontem meia-noite explodiram bombas na cidade toda, para a população não ficar tranquila.”

    Outra dificuldade, segundo Claudinho, é para serviços básicos. Hoje, por exemplo, se ele precisar de um remédio qualquer, enfrentará filas em farmácias que dão voltas no quarteirão, “mesmo com ordem pelos soldados russos de atender no máximo de duas em duas pessoas, há filas muito grandes.”

    O prefeito de Kherson, Ihor Kolykhaiev, também é o presidente do clube em que o jogador atua. Ele conta que o político fez um acordo com os russos, para que não atacassem a cidade, que é portuária, não militar.

    “Mercados voltaram, então, a funcionar, mas com escassez de comida, já que o exército russo invadiu mercados, lojas de eletrodomésticos para saquear, foram dias de cenas de filmes, algo que nunca imaginei passar.”

    Fotos – Veja imagens da invasão da Ucrânia pela Rússia

    Expectativa por saída do Brasil

    Claudinho Garcia está na Rússia em sua segunda passagem, desta vez há 1 ano e 9 meses. Há três brasileiros no clube e todos estão juntos, inclusive para uma eventual saída da Ucrânia.

    Ele lembrou que toda a população local não acreditava que pudesse haver invasão. “Não tinham essa noção de ataque iminente. A cidade fica próxima à fronteira da Rússia, e não tivemos uma oportunidade de sair.”

    “A gente quer [deixar a Ucrânia], mas não consegue achar uma possibilidade nesse momento.”

    O atleta e os demais brasileiros estão em contato com a embaixada brasileira e com um grupo humanitário chamado Frente BrazUcra para avaliar os caminhos.

    “A melhor opção agora era ficar em casa, em segurança. Ficamos num bunker na casa do treinador por dois dias. Houve ataques aéreos e pessoas foram atingidas nas estradas. Então optamos por ficar aqui.”

    “Uma possibilidade é o corredor humanitário, para tirar estrangeiros, estamos esperando o momento certo para sair”, disse.

    Claudinho Garcia afirmou que quer voltar ao Brasil o mais rápido possível e disse que o único desejo que ele tem é para abraçar a mãe, os filhos e os amigos.

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