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    Exclusivo CNN: Irã pode estar fornecendo drones com explosivos modificados para causar maior dano à Ucrânia

    Relatório investigativo analisou dispositivo com fragmentos e "cargas" para aumentar raio da explosão e dificultar reparos

    Natasha Bertrandda CNN

    O Irã parece estar modificando os drones de ataque que está fornecendo à Rússia para que as ogivas explosivas possam infligir dano máximo em alvos de infraestrutura dentro da Ucrânia, de acordo com um novo relatório investigativo obtido exclusivamente pela CNN.

    O Irã deu à Rússia centenas de drones para usar na guerra, muitos dos quais têm como alvo a rede elétrica e as instalações de energia da Ucrânia, com efeitos devastadores.

    Os ataques de drones, bem como as barragens de mísseis russos, deixaram civis em todo o país sem aquecimento, eletricidade ou água corrente durante os meses de inverno.

    Uma ogiva não detonada de um drone iraniano Shahed-131 encontrada na região de Odesa, no sul da Ucrânia, em outubro de 2022, foi examinada no mês passado pela organização investigativa Conflict Armament Research (CAR), com sede no Reino Unido, juntamente com os militares ucranianos. A CAR forneceu suas descobertas em primeira mão à CNN.

    A composição da ogiva ajuda a explicar como o ataque russo à infraestrutura de energia ucraniana nos últimos meses provou ser tão eficaz.

    Os analistas do grupo acreditam que as ogivas, que medem pouco menos de meio metro de comprimento, foram modificadas às pressas com camadas mal ajustadas de dezenas de pequenos fragmentos de metal que, com o impacto, se espalham por um grande raio.

    Além dos fragmentos, há também 18 “cargas” menores ao redor da circunferência da ogiva que, ao serem derretidas pela explosão, podem perfurar armaduras e criar uma espécie de efeito explosivo de “360 graus”.

    O acúmulo desses elementos basicamente maximiza a capacidade da ogiva de destruir alvos como usinas elétricas, redes de distribuição, linhas de transmissão e grandes transformadores de alta potência. Eles também tornam os esforços de reparo substancialmente mais difíceis.

    “É como se eles olhassem para a ogiva pronta e dissessem: ‘Como podemos tornar isso ainda mais destrutivo?’”, disse Damien Spleeters, um dos investigadores que examinou a ogiva.

    Em outubro, o gerador de energia estatal da Ucrânia, Ukrenergo, afirmou que cerca de 40% do fornecimento elétrico normal estava desligado como resultado das barragens russas.

    Além disso, o dano está acontecendo muito mais rápido do que a Ucrânia consegur repará-lo. Sergey Kovalenko, CEO da fornecedora de energia YASNO, ressaltou à CNN em dezembro que “os ucranianos provavelmente terão que conviver com apagões até pelo menos o final de março”.

    Ogivas que visam recursos do campo de batalha, como tanques ou peças de artilharia, podem ser projetadas de maneira diferente, explicou Spleeters, com uma carga de formato frontal, que é usada para alvos mais concentrados.

    A ogiva examinada pelo CAR, no entanto, tem um efeito de carga de forma radial, o que pode resultar em uma área de impacto maior.

    Como a CNN reportou anteriormente, descobriu-se que drones fabricados no Irã implantados na Ucrânia contêm uma quantidade significativa de componentes americanos e ocidentais, levando o governo Biden a investigar como a tecnologia americana está acabando nessas armas.

    Spleeters disse à CNN que examinar a ogiva Shahed-131 – cujos componentes nunca foram divulgados antes – ajudou os analistas a entender melhor como o Irã fabrica seus drones.

    “Houve muita especulação de que talvez esses explosivos fossem muito brutos, baratos e simples”, acrescentou. “Mas, olhando para a ogiva, fica claro que foi muito pensada para garantir que ela possa infligir o máximo de dano possível à infraestrutura em um grande raio”, advertiu.

    No mês passado, o Instituto para o Estudo da Guerra descobriu que as forças russas se tornaram cada vez mais dependentes dos drones em sua campanha contra a infraestrutura crítica ucraniana – tanto que seu estoque dos dispositivos já está acabando, apenas alguns meses depois que o Irã começou a enviá-los.

    A Rússia e o Irã concordaram em montar uma instalação de fabricação de drones dentro da Rússia, o que as autoridades ocidentais acreditam que permitirá ao país reabastecer seu suprimento mais rapidamente.

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