Ex-soldado britânico que escapou da prisão é considerado culpado de ajudar o Irã
Promotor afirmou que documentos repassados para o "manipulador iraniano" eram inúteis
Um ex-soldado britânico foi considerado culpado nesta quinta-feira (28) por coletar informações confidenciais para pessoas ligadas à Guarda Revolucionária Islâmica do Irã e reunir nomes de agentes das forças especiais.
Daniel Abed Khalife coletou informações confidenciais entre maio de 2019 e janeiro de 2022, disse o promotor Mark Heywood aos jurados no início do julgamento no Woolwich Crown Court.
Khalife, que foi dispensado das Forças Armadas após o caso, também foi acusado de deixar uma bomba falsa em uma mesa antes de fugir de seu quartel, em janeiro de 2023.
Ele então escapou da prisão de Wandsworth, em Londres, em setembro de 2023, enquanto aguardava julgamento pelas outras acusações, amarrando-se ao fundo de uma van de entrega e gerando breves buscas em todo o país.
O jovem de 23 anos foi a julgamento acusado de coletar informações que poderiam ser úteis para um inimigo, ou seja, o Irã — o que é uma infração sob a Lei de Segredos Oficiais –, e de obter informações que provavelmente seriam úteis para o terrorismo e com uma farsa de bomba.
Ele negou as acusações e disse que queria ser um “agente duplo” para os serviços de inteligência britânicos, mas se declarou culpado da fuga da prisão.
Khalife pontuou que era um patriota e que ele e sua família odiavam o governo iraniano. “Eu e minha família somos contra o regime no Irã”, afirmou ao júri.
Ele foi considerado culpado das acusações sob a Lei de Segredos Oficiais e a Lei do Terrorismo por um júri após mais de 23 horas de deliberação. Foi considerado inocente de perpetrar uma farsa de bomba.
“Fantasista e amador”
Os promotores disseram que Khalife pegou cerca de 1.500 libras em 2019 após instruções de quem o “manipulava” e, duas semanas depois, enviou um e-mail anonimamente ao serviço de inteligência estrangeira MI6, do Reino Unido, afirmando que queria “trabalhar como um agente duplo”.
O promotor Heywood pontuou ao júri que Khalife, que se juntou ao Exército pouco antes de seu aniversário de 17 anos, quase imediatamente começou a “ter pensamentos sobre espionagem”.
Khalife, no entanto, disse que era um patriota e ficou “devastado” quando lhe informaram que ascendência iraniana significava que era improvável que ele tivesse autorização para trabalhar na inteligência.
O promotor também observou que os documentos que ele passou para seu “manipulador iraniano” eram inúteis, estando disponíveis publicamente ou criados pelo próprio Khalife.
A polícia descreveu Khalife como um fantasista e amador em sua abordagem, mas disse que ele teve um sério impacto adverso nos interesses britânicos.
“Ele é, eu acho, o personagem Walter Mitty definitivo”, comentou o comandante Dominic Murphy, chefe do Comando de Contraterrorismo da Polícia Metropolitana, referindo-se a um personagem fictício que tem sonhos fantásticos.
“O problema é que ele é um personagem Walter Mitty que estava tendo um impacto extremamente significativo no mundo real”, ponderou.