Ex-premiê David Cameron volta ao governo britânico após reforma no gabinete
Cameron foi nomeado por Rishi Sunak como ministro de Relações Exteriores após demissão de ministra do Interior
O ex-líder britânico David Cameron foi nomeado como o novo Secretário de Relações Exteriores do país (ministro) nesta segunda-feira (13), em uma nomeação surpreendente feita pelo primeiro-ministro Rishi Sunak, que fez mudanças no gabinete.
Cameron, de 57 anos, serviu como primeiro-ministro de 2010 a 2016, renunciando após o resultado do referendo do Brexit, quando o Reino Unido votou para deixar a União Europeia. Cameron convocou o referendo e liderou a campanha para que o país ficasse no bloco.
O retorno inesperado de Cameron à linha de frente da política vem depois que ele passou os últimos sete anos escrevendo suas memórias e se envolvendo em negócios, incluindo a Greensill Capital, uma empresa de finanças que mais tarde entrou em colapso.
O desaparecimento da Greensill alimentou questões sobre até que ponto ex-líderes podem usar seu status depois de deixar o governo, já que Cameron entrou em contato diversas vezes com ministros em 2020 para fazer lobby pela empresa.
O gabinete de Sunak disse que o rei Charles aprovou dar a Cameron um assento na Câmara Alta da Grã-Bretanha, a Casa dos Lordes, permitindo assim que ele retorne ao governo como ministro, apesar de já não ser um membro eleito do parlamento.
Em um post na plataforma de mídia social X, anteriormente conhecida como Twitter, Cameron disse que ‘aceitou alegremente’ a oferta de Sunak, apesar de ter discordado dele em ‘decisões individuais.’ Cameron não mencionou quais seriam as decisões.
Parlamentares da ala centrista do partido disseram que a nomeação de Cameron trará experiência internacional e enviará uma mensagem mais ampla ao país.
Demissão de Ministra
A entrada de Cameron no governo acontece após a demissão da ministra do Interior, Suella Braverman. Braverman havia desafiado Sunak, publicando um artigo no The Times atacando a conduta da polícia em uma marcha pró-Palestina que ocorreu no sábado (11 de novembro).
Críticos disseram que sua postura ajudou a inflamar tensões e encorajar manifestantes de direita a irem às ruas de Londres, colocando Sunak sob pressão para agir.
Ela foi renomeada como ministra do Interior em 25 de outubro de 2022, por Sunak, menos de uma semana depois de ter renunciado ao cargo por violar as regras do governo.
Braverman, de 42 anos, deixou o cargo um dia antes da ex-primeira-ministra Liz Truss. Na ocasião, ela expressou preocupações sobre a direção do governo de Truss em sua carta de renúncia.
Eleita pela primeira vez para o parlamento em 2015, Braverman é considerada integrante da ala mais à direita do Partido Conservador.
Ela apoia a saída da Grã-Bretanha da Convenção Europeia sobre Direitos Humanos. Segundo ela, esta é a única maneira para o país resolver seus problemas de imigração. Ela ainda afirmou que era seu “sonho” ver um voo para Ruanda deportando imigrantes ilegais que tentam entrar no país.
Braverman é uma defensora do Brexit e também foi nomeada como ministra no Departamento de Saída da União Europeia, mas renunciou em protesto ao acordo de divórcio proposto pela ex-primeira-ministra Theresa May.
Depois que Boris Johnson se tornou líder, ela foi nomeada procuradora-geral em 2020, quando foi criticada e questionada por advogados se algumas políticas governamentais eram legais.