Ex-pastor é acusado de matar menina de oito anos quase 50 anos após o crime nos EUA
Investigação foi retomada depois que uma mulher foi até a polícia com o diário que ela mantinha em 1975, quando era uma menina de 10 anos; as anotações traziam relatos de abuso sexual do então pastor


Um ex-pastor de 83 anos foi acusado de sequestrar e assassinar a filha de um pastor vizinho em 1975, segundo a promotoria do condado de Delaware, na Pensilvânia, anunciou na segunda-feira (24).
O suspeito, David Zandstra, foi preso no dia 17 de julho no condado de Cobb, na Geórgia. Os investigadores dizem que ele confessou ter matado Gretchen Harrington, há quase cinco décadas, quando a garota tinha oito anos e ele ainda era pastor em Marple Township, na Pensilvânia.
Sua confissão veio depois que os investigadores lhe apresentaram novas evidências coletadas no início deste ano, que vieram de uma entrevista com uma informante confidencial que mantinha um diário com anotações de 1975, quando ela era uma menina de 10 anos, disse o escritório do promotor distrital em um comunicado à imprensa.
Zandstra foi acusado de homicídio criminal, assassinato, sequestro de menor e posse de instrumento de crime, disse o comunicado.
“A justiça demorou muito para chegar, mas estamos orgulhosos e gratos por finalmente poder dar uma resposta à comunidade”, disse o promotor distrital do condado de Delaware, Jack Stollsteimer, em um comunicado.
Este caso tem “assombrado” membros da polícia e da pequena área de Marple Township desde que Gretchen desapareceu, disse Stollsteimer. A menina foi vista pela última vez caminhando para o acampamento bíblico de verão em 15 de agosto de 1975, segundo o comunicado.
O acampamento foi realizado na Trinity Church Chapel Christian Reform Church – onde Zandstra era pastor – e na Reformed Presbyterian Church – onde o pai de Gretchen era pastor. O pai de Gretchen ficou preocupado quando ela não apareceu em sua igreja, diz o comunicado, e foi Zandstra quem chamou a polícia para relatar o desaparecimento de Gretchen.
Os investigadores observaram que havia imprecisões nas primeiras declarações de Zandstra e tinham dúvidas sobre como o pastor sabia tanto sobre o que Gretchen estava vestindo naquele dia, embora ela nunca tenha chegado ao acampamento, de acordo com uma queixa criminal recém-divulgada.
Na época, Zandstra negou saber qualquer coisa sobre o desaparecimento, disse a denúncia.
Dois meses depois, os restos mortais de Gretchen foram encontrados nas proximidades do Ridley Creek State Park. A causa de sua morte foi homicídio, e o médico legista disse que Gretchen sofreu “dois ou mais impactos contundentes no crânio”, de acordo com documentos do tribunal.
Quase cinco décadas se passaram enquanto o caso estava adormecido. No final das contas, uma entrevista com uma mulher que era amiga da filha do suspeito na década de 1970 – e suas anotações no diário da época – levaram a uma ruptura crucial no caso.
Diário de décadas atrás lançou nova luz no caso
Foi somente em janeiro que a Polícia Estadual da Pensilvânia descobriu novas evidências da informante confidencial, que era a melhor amiga de uma das filhas de Zandstra na década de 1970 e frequentava festas do pijama em sua casa, disse o escritório do promotor distrital.
A mulher mostrou à polícia um diário que ela manteve em 1975, no qual ela escreveu que o então pastor “tocou sua região da virilha” em duas ocasiões enquanto ela estava em uma festa do pijama em sua casa, disse a denúncia. A informante disse aos investigadores que quando contou à filha de Zandstra o que aconteceu, a filha respondeu que seu pai “fazia isso às vezes”, disse o comunicado.
O diário da informante também continha uma entrada sobre um incidente separado, que ela disse ter sido uma tentativa de sequestro.
“Adivinha? Um homem tentou sequestrar Holly duas vezes! É um segredo, então não posso contar a ninguém, mas acho que pode ser ele quem sequestrou Gretchen”, dizia o registro do diário de setembro de 1975, de acordo com a denúncia criminal. “Acho que foi o Sr. Z.”
Os investigadores descobriram que o ex-pastor agora mora em Marietta, na Geórgia, e o confrontaram lá com as novas evidências no mês passado, de acordo com o comunicado.
Zandstra admitiu que ofereceu uma carona a Gretchen até o acampamento de verão na manhã de seu desaparecimento, de acordo com a denúncia. Ele disse aos policiais que levou a criança para uma área arborizada e disse a ela para tirar a roupa. Quando ela se recusou, ele disse que deu um soco na cabeça dela e a deixou sangrando no local, acreditando que ela estivesse morta, segundo a denúncia.
Uma amostra de DNA foi coletada de Zandstra pela polícia para que possa ser comparada com o DNA coletado no local, bem como com outros casos abertos no estado e no país, informou a promotoria.
“O sequestro e assassinato de Gretchen alterou para sempre nossa família e sentimos sua falta todos os dias”, disse a família Harrington em um comunicado fornecido pela polícia.
“Somos gratos pela busca contínua de justiça pelas autoridades e queremos agradecer à polícia do estado da Pensilvânia por nunca parar em sua busca constante por respostas.”
Zandstra deixou a Pensilvânia após o desaparecimento de Gretchen e morou em Plano, no Texas, e em Marietta, na Geórgia, disseram os promotores.
A polícia do estado da Pensilvânia agora está pedindo às pessoas dessas comunidades que possam ter informações relevantes sobre Zandstra que as contatem.
A CNN procurou o advogado listado de Zandstra em documentos judiciais, mas não obteve resposta.