Eventual ação militar em Taiwan não interessa para EUA e China, diz professora

O aumento das tensões entre Estados Unidos e China diante da possibilidade de viagem da presidente da Câmara dos Deputados norte-americana, Nancy Pelosi, à Taiwan, é um dos fatores que “influenciam a deterioração das relações entre os países.”

É esta a avaliação da professora do Laboratório de Estudos em Economia Política da China da UFRJ, Alana Camoça.

Em entrevista à CNN Rádio, ela explica que, no contexto contemporâneo, outros pontos de tensão também contribuem para um “dos piores períodos entre os dois países”.

Entre eles, estão a “disputa hegemônica entre as nações, desde a guerra comercial, que também é tecnológica, e acaba avançando para outras esferas, além do posicionamento chinês sobre a Guerra na Ucrânia.”

A questão de Taiwan, para a especialista, é “um tanto nebulosa”, já que a China considera que o território pertence ao país, enquanto os Estados Unidos reconhecem, ao mesmo tempo, a política de “uma só China”, mas também mantém relações com Taiwan, a ponto de fornecer armas para uma “política de autodefesa”.

Por outro lado, a professora disse entender que a ligação telefônica entre o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o mandatário chinês, Xi Jinping, “denota interesse de que EUA e China mantenham relações que não escalonem num conflito.”

“Uma ação militar em Taiwan não interessa a ambos. Embora, nos EUA, exista pressão doméstica pela inflação e falta de popularidade de Biden, e, na China, haverá decisão do Congresso para consolidar o terceiro mandato de Jinping.”

Dessa forma, “a conversa cordial tenta diminuir a tensão, para que relações consigam se desenvolver mesmo que em um momento não tão bom entre eles, talvez a pior nos últimos 20 anos, ou desde o final da Guerra Fria.”

Segundo a professora Alana Camoça, a tendência é de que as autoridades tentem dissuadir Pelosi de visitar Taiwan, já que “essa viagem é um risco muito grande”.

*Com produção de Rodrigo Tammaro