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    Evacuações em Zaporizhzhia renovam preocupações sobre segurança da usina nuclear

    Alerta foi feito pelo órgão de vigilância nuclear das Nações Unidas (ONU); bombardeios são constantes na região

    Helen ReganJulia KesaievaMariya KnightKatharina KrebsKostan NechyporenkoStephanie Halaszda CNN

    O órgão de vigilância nuclear das Nações Unidas (ONU) levantou preocupações quanto à segurança da usina nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia, descrevendo a situação como “cada vez mais imprevisível”, depois que a Rússia ordenou a evacuação de residentes de áreas ocupadas por seu exército perto da instalação.

    Mais de 1.600 pessoas, incluindo 660 crianças, foram retiradas de cidades dominadas nas linhas de frente em Zaporizhzhia, disse nesta segunda-feira (8) Yevgeniy Balitskiy, chefe interino da administração da região, nomeado pela Rússia.

    A usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa, é mantida por forças russas, mas operada principalmente por uma força de trabalho ucraniana.

    A cidade de Enerhodar estava entre os 18 assentamentos cujos moradores foram evacuados no fim de semana. A maior parte dos funcionários da usina mora na cidade, informou o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Mariano Grossi, em comunicado.

    Grossi pontuou estar profundamente preocupado com as “condições cada vez mais tensas, estressantes e desafiadoras” para os funcionários, suas famílias e com “os riscos reais de segurança e proteção nuclear enfrentados pela usina”.

    “Devemos agir agora para prevenir a ameaça de um grave acidente nuclear e suas consequências para a população e o meio ambiente”, alertou.

    A evacuação da cidade ocorre em meio a rumores de uma contra-ofensiva ucraniana, com a região sul provavelmente sendo um dos principais alvos, já que Kiev tenta impedir a invasão de Moscou.

    O diretor do local, Yuri Chernichuk, observou que a equipe operacional não está sendo retirada e “está fazendo todo o necessário para garantir a segurança nuclear na usina”.

    Chernichuk afirmou que os seis reatores da planta nuclear estão desligados e seus equipamentos estão sendo mantidos, “de acordo com todos os regulamentos de proteção e segurança nuclear necessários”, segundo Grossi.

    Usina Nuclear de Zaporizhzhia / 1/9/2022 REUTERS/Alexander Ermochenko

    A posição da usina na linha de frente – localizada na margem leste do rio Dnipro – significa que bombardeios nas cidades vizinhas e perto da instalação são comuns, de acordo com relatórios locais.

    A instalação tem sido frequentemente desconectada da rede elétrica da Ucrânia devido ao intenso bombardeio russo na área, aumentando o medo de um acidente nuclear em toda a Europa.

    A usina também é importante porque a Ucrânia depende fortemente da energia nuclear. Sem ela, a Ucrânia perderia 20% de sua capacidade doméstica de geração de eletricidade. Analistas avaliaram que a Rússia gostaria de capturar a usina intacta, com a esperança de atender seu próprio mercado de eletricidade.

    A AIEA disse que especialistas no local continuam ouvindo bombardeios regularmente.

    Reivindicações de soldados russos evacuando como civis

    As evacuações em Zaporizhzhia, que começaram na sexta-feira (5), foram uma “medida necessária” devido ao “intensificado bombardeio de assentamentos” perto da linha de frente, destacou Yevgeny Balitsky, o governador interino nomeado pela Rússia da região parcialmente ocupada.

    Canais locais no Telegram relataram ônibus de evacuação e autoridades dizendo aos moradores para fazerem as malas e tirarem seus filhos dos jardins de infância.

    Os residentes, incluindo crianças em idade escolar, estavam sendo colocados em acomodações temporárias, disse Balitskiy. Ele afirmou que os evacuados “têm tudo o que precisam: comida, um lugar para dormir, contato constante e consulta com especialistas”.

    Autoridades ucranianas acusaram as forças russas de usar a ação como meio de deportar ucranianos à força. Natalia Humeniuk, porta-voz do Comando Operacional Sul da Ucrânia, ressaltou à mídia local que as evacuações eram “uma imitação de cuidado com os residentes locais”.

    Ela observou ainda que essa era uma prática padrão que teria sido usada anteriormente pelos russos.

    “Eles estão tentando evacuar as pessoas para os locais onde montaram suas próprias linhas de defesa e onde estão estabelecendo suas unidades para usar os civis locais como cobertura”, comentou.

    Essa fala acontece após o prefeito ucraniano exilado de Melitopol, Ivan Fedorov, ter dito que soldados russos estão tentando deixar Zaporizhzhia disfarçados de civis.

    “Há soldados que tentam escapar dos territórios ocupados temporariamente”, advertiu Fedorov em entrevista à mídia ucraniana no domingo (7).

    “Nossos residentes relatam alguns casos de soldados russos vestidos com roupas civis. Um dos propósitos por que eles fazem isso é fugir do território temporariamente ocupado”, apontou.

    No entanto, Fedorov também disse que as tropas russas “estão se movendo cada vez mais para a linha de frente de Zaporizhzhia”.

    Enquanto isso, oficiais militares ucranianos relataram no domingo (7) que as forças russas continuaram a bombardear a região, mas sem baixas nas últimas 24 horas.

    Ataques aéreos

    No domingo (7), a porta-voz do Comando Sul da Operação da Ucrânia afirmou que as forças russas estavam tentando esgotar o sistema de defesa aérea da Ucrânia.

    “Eles estão tentando encontrar uma maneira de contornar isso. E eles também estão expandindo suas táticas, porque não têm um estoque estável dos meios com os quais podem operar”, ponderou Humeniuk, acrescentando que os russos também estão tentando “testar e descobrir onde estão localizados os sistemas de defesa aérea”.

    No início desta segunda-feira (8), cinco pessoas ficaram feridas em Kiev após ataques de drones em distritos da capital ucraniana durante a noite, de acordo com Serhiy Popko, chefe da Administração Militar da Cidade de Kiev.

    No sul, a Rússia lançou oito mísseis na cidade portuária de Odessa durante a noite de domingo, informou a Força Aérea da Ucrânia. Ataques também foram registrados nas regiões de Kharkiv, Kherson e Mykolaiv, de acordo com os militares da Ucrânia.

    Ofensiva por Bakhmut

    No leste do país, o chefe do grupo mercenário Wagner afirmou que suas tropas avançaram na cidade de Bakhmut.

    Yevgeny Prigozhin informou que suas forças avançaram em “direções diferentes até agora”. Ele também sugeriu que suas forças permanecerão em Bakhmut depois que o Ministério da Defesa da Rússia prometeu fornecer mais munição, aparentemente recuando em uma ameaça de retirada.

    Bakhmut tem sido alvo de uma ofensiva pelas forças russas que expulsou milhares de suas casas e deixou a área devastada.

    Mas, apesar da grande quantidade de mão de obra e recursos que a Rússia dispôs para capturar Bakhmut, as forças de Moscou sofreram muitas baixas e foram incapazes de assumir o controle total da cidade.

    *Maria Kostenko, Josh Pennington, Olga Voitovych e Tim Lister, da CNN, contribuíram para a reportagem

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