Evacuação do Afeganistão é missão ‘perigosa’, mas também ‘digna’, diz Biden
Presidente já foi informado de que outros ataques terroristas em Cabul são 'prováveis' nos próximos dias
O presidente Joe Biden disse nesta sexta-feira (27) que a operação de evacuação de cidadãos americanos e afegãos vulneráveis do Afeganistão após a tomada do poder pelo Talibã era “perigosa”, mas também “digna”.
Biden declarou que a perda de 13 membros de serviço dos EUA em um atentado suicida fora do aeroporto de Cabul na quinta-feira foi “trágica”.
“Perder um filho ou filha, um marido, uma esposa, é como ser sugado para um grande buraco negro no meio do peito e você acha que não há nenhuma saída”, disse Biden, acrescentando: “Nosso coração se estende a todos aqueles que perdemos”.
O presidente continuou: “A missão que eles realizaram por lá é perigosa. E agora ela vem com uma perda significativa de pessoal americano. Mas é uma missão digna porque eles continuam a evacuar as pessoas para fora daquela região”.
Os comentários de Biden vieram depois que ele e a vice-presidente Kamala Harris foram avisados pela equipe de segurança nacional “que outro ataque terrorista em Cabul é provável”, segundo informou a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, que disse que os EUA estão tomando “medidas de proteção máxima da força no aeroporto de Cabul”.
“Os próximos dias desta missão serão os mais perigosos até agora”, disse Psaki.
Psaki afirmou que as forças armadas americanas levavam milhares de pessoas para fora de Cabul em um período de poucas horas e continuavam a priorizar a evacuação dos cidadãos americanos remanescentes.
Biden ordenou ao Secretário de Estado Antony Blinken para continuar com esforços diplomáticos com parceiros internacionais a fim de “garantir meios para que os cidadãos de países terceiros e afegãos com vistos deixem o país mesmo depois do fim da presença militar americana”, acrescentou Psaki.
“Nossos comandantes também atualizaram o presidente e a vice-presidente sobre os planos sobre o ISIS-K. Os próximos dias desta missão serão os mais perigosos até agora. O presidente reafirmou com os comandantes se todas as autoridades têm o que precisam para conduzir a operação e proteger nossas tropas, e todos relataram que têm os recursos que acreditam que precisam para fazê-lo de forma eficaz”, disse Psaki.
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Combatente do Talibã em patrulha em Cabul na quarta-feira (18) • AP
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Guardas afegãos tentam manter a ordem enquanto centenas de pessoas se reunem em frente ao Aeroporto Internacional de Cabul, na terça-feira (17) • AP
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Afegãos em frente ao Aeroporto Internacional de Cabul na terça-feira (17) • AP
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Combatentes do Talibã em guarda em um posto próximo à Embaixada dos Estados Unidos em Cabul, na terça-feira (17) • AP
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Combatente do Talibã de guarda em posto próximo à Embaixada dos Estados Unidos, na terça-feira (17) • AP
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Combatentes do Talibã de guarda pelas ruas de Cabul na quinta-feira (19), na celebração do "Dia da Independência do Afeganistão" • AP
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Afegãos agitam uma nova bandeira que se tornou símbolo da tomada do Talibã na quinta-feira (19) • AP
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Repórter Clarissa Ward, da CNN, nas ruas de Cabul, na quinta-feira (19) • Brent Swails/CNN via AP
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Combatentes do Talibã exibem armas nas ruas de Cabul na quinta-feira (19), durante o "Dia da Independência do Afeganistão" • AP
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Combatentes do Talibã durante o "Dia da Independência do Afeganistão" na quinta-feira (19) • AP
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Combatentes do Talibã com armas de ataque dos EUA são fotografados em um desfile do "Dia da Independência do Afeganistão", na quinta-feira (19) • Taliban
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Combatentes do Talibã em patrulha pelas ruas de Cabul na sexta-feira (20) • AP
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Soldados dos Estados Unidos puxando criança durante evacuação em Cabul na sexta-feira (20) • AP
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Soldado dos Estados Unidos cumprimenta criança no Aeroporto Internacional de Cabul, durante a retirada das tropas na sexta-feira (20) • AP
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Soldados dos Estados Unidos cercam Aeroporto de Cabul durante evacuação das tropas na sexta-feira (20) • AP
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Atentado
Biden planeja contatar as famílias dos 13 membros de serviço dos EUA que foram mortos no ataque suicida em Cabul, de acordo com um alto funcionário da Casa Branca.
O planejamento está em andamento para que o presidente faça essas ligações, mas a Casa Branca está primeiro trabalhando para garantir que todas as notificações de parentes mais próximos tenham sido feitas. O funcionário disse que as notificações dos parentes mais próximos estão “ainda em andamento”.
Biden chamou as tropas de “heróis” em comentários na Casa Branca na quinta-feira e disse que estava “indignado, assim como de coração partido”.
“Não vamos perdoar. Não vamos esquecer. Nós os perseguiremos e os faremos pagar”, advertiu o presidente aos que levaram a cabo o ataque.
O grupo ISIS em Khorasan, conhecido como ISIS-K, alegou que um militante de ISIS realizou o ataque suicida, mas não forneceu nenhuma prova que apoiasse a alegação. As autoridades americanas disseram que o grupo provavelmente estava por trás do atentado.
O ataque veio enquanto os EUA e outros países correm para completar uma evacuação maciça de seus cidadãos e aliados afegãos até 31 de agosto, após a tomada do poder pelo Talibã no país.
“Temos algum senso, como muitos de vocês têm, do que as famílias destes corajosos heróis estão sentindo hoje. Vocês têm esta sensação como se estivessem sendo sugados para um buraco negro no meio de seu peito. Não há saída”, disse Biden em comentários na Casa Branca.
Ele continuou: “Meu coração dói por vocês e sei disso, temos uma obrigação contínua, uma obrigação sagrada para com todos vocês, para com as famílias desses heróis. Essa obrigação não é temporária, ela dura para sempre”.
O filho de Biden, Beau, um veterano da Guerra do Iraque que serviu como procurador-geral de Delaware, morreu aos 46 anos de idade após lutar contra um câncer cerebral. Biden fala com frequência de seu filho e de seu serviço.

Além dos 13 americanos que foram mortos, 18 ficaram feridos no atentado, de acordo com o chefe do Comando Central dos EUA. Mais de 90 afegãos foram mortos e pelo menos 150 ficaram feridos, de acordo com o Ministério da Saúde Pública do Afeganistão.
Os membros das forças dos EUA feridos no ataque de quinta-feira aterrissaram na Base Aérea de Ramstein na Alemanha e foram transferidos para o Centro Médico Regional de Landstuhl para tratamento, disse o general Hank Taylor, vice-diretor de operações regionais do pessoal conjunto, a repórteres em um briefing do Pentágono na sexta-feira.
Evacuações continuam
Mais de 300 cidadãos americanos foram evacuados do Afeganistão nas últimas 24 horas, disse Taylor. Ele afirmou que o total atualizado de cidadãos americanos evacuados do país foi de aproximadamente 5.100. As forças dos EUA e da coalizão evacuaram aproximadamente 111.000 pessoas, disse ele.
Os voos militares dos EUA transportaram aproximadamente 8.500 pessoas e os da coalizão transportaram aproximadamente 4.000 pessoas de Cabul, disse um funcionário da Casa Branca à CNN na manhã de sexta-feira. Estes voos ocorreram entre as 3 h da quinta-feira e 3 h da sexta-feira (horário local), disse o oficial.
Após o ataque, o Departamento de Defesa autorizou mais três bases norte-americanas para ajudar a apoiar as operações de evacuação do Afeganistão, disse o porta-voz do Pentágono John Kirby aos repórteres. As bases são a Base dos Fuzileiros Navais Quantico, Virginia; Fort Pickett, Virginia e a Base da Força Aérea Holloman, Novo México.
O Pentágono também disse na sexta-feira que houve apenas uma explosão no portão da Abadia no Aeroporto Internacional Hamid Karzai na quinta-feira. Originalmente, a informação dizia que houve uma segunda explosão no exterior do Hotel Baron em suas declarações iniciais.
Nos dias que antecederam o bombardeio, Biden falou sobre o risco de um ataque terrorista como uma das razões para manter o prazo de 31 de agosto para a retirada das tropas. O presidente também havia prometido uma resposta rápida e enérgica a qualquer interrupção da operação.
Biden e sua equipe estão agora se preparando para a possibilidade de outro ataque terrorista nos últimos dias da operação de evacuação. “A ameaça ainda está lá fora”, disse um alto funcionário da Casa Branca. “E ela é grande”.