Voo militar dos EUA com imigrantes deve se dirigir à Baía de Guantánamo
Ação faz parte da ordem do presidente Donald Trump ao governo federal para preparar a base naval americana em Cuba para abrigar 30 mil imigrantes
Um voo militar transportando imigrantes em situação irregular deverá se dirigir para a base naval dos Estados Unidos na Baía de Guantánamo, em Cuba, nesta terça-feira (4), segundo um dos responsáveis pela operação.
A ação faz parte da ordem do presidente Donald Trump ao governo federal para preparar a base naval dos EUA para abrigar 30.000 imigrantes. Embora a Baía de Guantánamo abrigue um centro de processamento de imigrantes, ela tem sido amplamente utilizada para imigrantes interceptados no mar, não trazidos dos Estados Unidos.
“Eles estariam expandindo os limites de aplicação (da Lei de Imigração e Nacionalidade)”, afirmou um ex-funcionário da Segurança Interna. A lei de imigração aplica-se nos Estados Unidos e não está claro o que acontecerá com aqueles que são transferidos para fora do país para serem detidos em outro lugar.
À medida que se aumenta a capacidade do centro de detenção para abrigar imigrantes em situação irregular, advogados do Departamento de Segurança Interna e do Pentágono ainda tentam determinar se a medida de transportar imigrantes da fronteira sul dos EUA até a instalação é legal, de acordo com duas autoridades dos EUA e uma pessoa familiarizada com o planejamento.
A fonte familiarizada com o plano acrescentou que questões como quanto tempo os imigrantes podem ficar legalmente detidos e quais serão os direitos deles ainda não foram respondidas. Também não é claro se os imigrantes terão acesso a serviços legais ou sociais enquanto estiverem detidos na base.
Altos funcionários de Trump continuaram promovendo o plano, retratando-o como uma instalação direcionada para criminosos.
“É o lugar perfeito para atender imigrantes que viajam para fora do nosso país… mas também criminosos”, comentou o secretário de Defesa Pete Hegsethb na segunda-feira (3).
As fontes compartilharam que as construções para ampliação do espaço já começaram.
Os fuzileiros navais dos EUA chegaram no fim de semana para ajudar na construção e o Exército irá para a região em breve para fornecer serviços de apoio, como polícia militar, uma equipe de alimentação e uma empresa médica.
Na capacidade máxima atual, o centro pode acomodar menos de 200 pessoas. Fontes familiarizadas com o planejamento dizem que a tarefa de aumento deve durar 30 dias.

A instalação deverá abrigar adultos solteiros e espera-se que sejam transportados para a Baía de Guantánamo em voos militares antes de serem repatriados para os seus países de origem.
As autoridades federais de imigração já usaram tendas para prender imigrantes ao longo da fronteira sul dos EUA, mas são usadas por períodos temporários e devem atender a certos padrões.
Ex-funcionários da Segurança Interna expressaram preocupação com a rápida criação de instalações na Baía de Guantánamo, sem uma ideia clara de quanto tempo as pessoas ficarão detidas e quem serão.
A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, declarou no programa “Meet the Press” da NBC no fim de semana que “não é o plano” manter os imigrantes lá sem tempo definido.
“O plano é ter um processo que esteja estabelecido na lei, e garantir que estamos lidando com estas pessoas de forma adequada, de acordo com o que o Estado e a lei nacional determinam. Portanto, trabalharemos com o Congresso para garantir que estamos seguindo nossas leis de imigração e usando a Baía de Guantánamo de forma adequada”, ela apontou.
Sob a administração do ex-presidente Joe Biden, os responsáveis da Segurança Interna avaliaram a possibilidade de utilizar o centro para prender temporariamente pessoas no caso de uma imigração marítima em massa.
Os principais conselheiros de imigração de Trump disseram anteriormente à CNN que a gestão de um centro de detenção para imigrantes na Baía de Guantánamo, que fica em Cuba, seria supervisionada pelo Serviço Imigração e Alfândega dos EUA (ICE, na sigla em inglês).
“Vamos simplesmente expandir os centros existentes”, destacou Tom Homan, responsável para controlar a imigração ilegal, acrescentando que as instalações seriam supervisionadas pelo “centro de imigrantes dos EUA”.
Veja as principais ações assinadas por Trump no 1º dia de mandato