EUA vivem situação doméstica e internacional ‘muito delicada’, afirma professor
À CNN, Felipe Loureiro repercutiu a chegada do furacão Ida na costa perto de Port Fourchon, no estado da Louisiana, e a retirada das tropas americanas do Afeganistão
Em entrevista à CNN neste domingo (29), Felipe Loureiro, coordenador do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da Universidade de São Paulo (USP), afirmou que os Estados Unidos vivem hoje uma situação doméstica e internacional “muito delicada”. Ele repercutiu a chegada do furacão Ida na costa perto de Port Fourchon, no estado da Louisiana, e a retirada das tropas americanas do Afeganistão.
Segundo Loureiro, o furacão Katrina, que ocorreu durante a administração de [George W.] Bush, foi um importante divisor de águas. Ele diz que, depois dos ataques terroristas de 11 de setembro, o governo Bush ganhou uma popularidade muito grande nos Estados Unidos, quase se transformando em uma unanimidade para muitos setores da população. “A crise do Katrina mostrou a inabilidade do governo Bush para lidar com uma situação de crise doméstica, de um fenômeno natural, que deixou dezenas de milhares de pessoas desabrigadas”.
Ele destaca que governo de Joe Biden, além do problema do furacão, também enfrenta a crise do Afeganistão. “Houve uma saída muito desastrada do país; um atentado que aconteceu no último dia 26 matando 13 militares norte-americanos, para além de 170 civis afegãos, e hoje houve um ataque um drone americano, que interceptou um veículo supostamente do estado islâmico que estaria indo em direção ao aeroporto e poderia realizar um segundo atentado.”
Portanto, na avaliação do especialista, o mês de agosto está sendo um “divisor de águas” para o governo do democrata, sobretudo em razão do que está acontecendo no Afeganistão, que gera um impacto na opinião pública nacional e internacional, e a situação do furacão na Louisiana.
“Como Biden está no início do mandato, ainda há muito tempo para revirar. Não há dúvida que é preocupante, principalmente pensando nas eleições de metade de turno que vão acontecer no ano que vem, mas ainda tem bastante chão”, disse.
Além disso, Loureiro afirmou que até o mês de agosto, a administração Biden “tinha só praticamente boas notícias”, mas isso pode mudar, especialmente no que diz respeito às questões econômicas.
“Biden aprovou uma ajuda relacionada à pandemia, os números da vacinação estavam melhorando, vinham notícias muito boas, inclusive no sentido de garantir uma recuperação da economia. Agora, com a crise do Afeganistão e com os resultados incertos sobre o impacto da infraestrutura e da capacidade da Louisiana de se recuperar rapidamente, isso pode ter impactos econômicos importantes, diminuindo pelo menos a recuperação que vinha acontecendo no primeiro semestre deste ano.”
(*sob supervisão de Elis Franco)