Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    EUA testaram míssil hipersônico em março e mantiveram sigilo para evitar tensões com Rússia

    Na época do teste, o presidente Joe Biden estava prestes a viajar à Europa para reuniões com aliados da Otan sobre o conflito na Ucrânia

    B-52 carrega o míssil hipersônico AGM-183 A, da Força Aérea dos EUA
    B-52 carrega o míssil hipersônico AGM-183 A, da Força Aérea dos EUA Christopher Okula/U.S Air Force

    Oren Liebermannda CNN

    Os EUA testaram com sucesso um míssil hipersônico na metade do mês de março, mas manteve sigilo durante duas semanas para evitar uma escalada das tensões com a Rússia, enquanto o presidente Joe Biden estava prestes a viajar para a Europa, de acordo com um oficial de defesa norte-americano familiar ao assunto.

    O Hypersonic Air-breathing Weapon Concept (Conceito de Arma Aérea Hipersônica) foi lançado de um bombardeiro B-52 na costa oeste, disse o oficial, no primeiro teste exitoso da versão do sistema Lockheed Martin. Um motor de reforço acelerou o míssil a alta velocidade, ponto em que o motor scramjet de respiração aérea foi ativado e impulsionou o míssil a velocidades hipersônicas.

    O funcionário deu poucos detalhes do teste, observando apenas que o míssil voou acima de 19 mil metros e por mais de 400 quilômetros. Mesmo na capacidade mais baixa do alcance hipersônico – cerca de 6.115 quilômetros por hora – um voo de 480 quilômetros é feito em menos de 5 minutos.

    O teste ocorreu dias depois de a Rússia dizer que usou seu próprio míssil hipersônico durante a invasão da Ucrânia, alegando que tinha como alvo um depósito de munição no oeste da Ucrânia.

    Autoridades dos EUA minimizaram a importância do uso russo do míssil hipersônico Kinzhal. O secretário de Defesa, Lloyd Austin, disse que não vê isso como “uma virada no jogo”, depois do anúncio do lançamento. Dias depois, o secretário de imprensa do Pentágono, John Kirby, disse que era “difícil saber qual era exatamente a justificativa” para o lançamento, já que visava uma instalação de armazenamento estacionária.

    “É uma arma poderosa para derrubar um alvo como esse”, disse Kirby na época.

    O míssil Kinzhal é simplesmente uma versão lançada de forma aérea do míssil balístico russo Iskander, de curto alcance. Em outras palavras, é uma variação de uma tecnologia já estabelecida, ao invés de uma revolução no armamento hipersônico. O teste dos EUA foi de um motor scramjet de respiração aérea, mais sofisticado e difícil.

    O míssil HAWC também não possui ogiva, contando com sua energia cinética para destruir o alvo.

    Na época do teste dos EUA, Biden estava se preparando para uma visita aos aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na Europa, incluindo uma parada na Polônia, onde se encontrou com o ministro das Relações Exteriores e o ministro da Defesa da Ucrânia.

    Os EUA tiveram o cuidado de não tomar medidas ou fazer declarações que pudessem aumentar desnecessariamente as tensões entre Washington e Moscou. Na sexta-feira (1), os EUA cancelaram um teste do míssil balístico intercontinental Minuteman III (ICBM) para evitar qualquer má interpretação por parte da Rússia. Austin já havia adiado o teste no início de março para evitar ações que pudessem ser encarados como uma ameaça pela Rússia em um momento tão delicado.

    Em geral, os EUA também permaneceram discretos sobre as armas e equipamentos que enviam para a Ucrânia. Somente no último pacote de assistência à segurança de US$ 300 milhões o Departamento de Defesa listou sistemas e armas específicos.

    Os EUA também se opuseram à transferência de aviões de combate para a Ucrânia através dos Estados Unidos, preocupados que o Kremlin possa interpretar tal movimento como os EUA e a Otan entrando no conflito na Ucrânia.

    Autoridades dos EUA permaneceram caladas sobre este último teste hipersônico por duas semanas por razões semelhantes, disse a autoridade de defesa, tomando cuidado para não provocar o Kremlin ou o presidente Vladimir Putin, especialmente porque as forças russas expandiram seu bombardeio à Ucrânia.

    O teste dos EUA é o segundo teste bem-sucedido de um míssil HAWC e é o primeiro da versão Lockheed Martin da arma. Em setembro passado, a Força Aérea testou o Raytheon HAWC, movido por um motor scramjet Northrop Grumman.

    O teste atendeu a todos os objetivos principais, de acordo com um comunicado de imprensa da Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa (DARPA), incluindo a integração e liberação do míssil, separação segura da aeronave de lançamento, disparo de reforço e cruzeiro. Em seguida, as autoridades também ofereceram poucos detalhes sobre o voo, sem mencionar a velocidade com que o míssil voou ou a distância percorrida. O comunicado afirmava apenas que o míssil viajou a velocidades superiores a Mach 5.

    Os EUA trouxeram uma nova ênfase em armas hipersônicas após testes russos e chineses bem-sucedidos nos últimos meses, aumentando a preocupação em Washington de que os EUA estão ficando para trás em uma tecnologia militar considerada crítica para o futuro.

    No orçamento de defesa do FY23, o governo Biden solicitou US$ 7,2 bilhões para fogos de longo alcance, incluindo mísseis hipersônicos. Em um relatório do ano passado, o Escritório de Responsabilidade Fiscal do Governo dos EUA identificou 70 esforços relacionados ao desenvolvimento de armas hipersônicas, que devem custar quase US$ 15 bilhões entre 2015 e 2024.

    Um mês após o primeiro teste HAWC bem-sucedido, os EUA sofreram um revés quando o teste de um sistema hipersônico diferente falhou. A falha ocorreu quando surgiram relatos de que a China havia testado com sucesso um veículo hipersônico planador durante o verão e logo depois que a Rússia afirmou ter testado com sucesso seu míssil hipersônico lançado por submarino, apelidado de Tsirkon.

    Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

    versão original