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    EUA seguem linha tênue enquanto compartilham informações com a Ucrânia

    Governo Biden aumentou fluxo de informações com Kiev que contribuíram para ataques bem-sucedidos contra o alto escalão russo

    O presidente dos EUA, Joe Biden, com Volodymyr Zelenksy em encontro na Casa Branca
    O presidente dos EUA, Joe Biden, com Volodymyr Zelenksy em encontro na Casa Branca Reuters

    Katie Bo LillisJeremy HerbZachary Cohenda CNN

    Dois meses após o início da guerra da Rússia na Ucrânia, o governo Biden tem aumentado a quantidade de inteligência que compartilha com Kiev, contribuindo para ataques bem-sucedidos contra líderes do alto escalão russo e contra o navio de guerra da Marinha Russa, o Moskva, disseram à CNN fontes familiarizadas com esse compartilhamento.

    Mas o esforço levanta questões sobre até que ponto a Casa Branca está disposta a ir para ajudar a Ucrânia a combater os russos, ao mesmo tempo em que tenta evitar provocar Moscou e ser arrastada para o conflito.

    Autoridades do governo insistem que há limites claros para as informações que compartilha com a Ucrânia, incluindo a proibição de fornecer inteligência de precisão de líderes do alto escalão russo por nome, parte de um esforço da Casa Branca para evitar cruzar uma linha que Moscou pode ver como muito escalada.

    No entanto, alguns ex-funcionários e também atuais sugeriram que os limites que o governo Biden estabeleceu são arbitrários, em parte porque o resultado final é o mesmo – ataques ucranianos que matam líderes russos.

    Além disso, qualquer avaliação dos Estados Unidos sobre quais ações podem provocar Moscou depende do pensamento de apenas um homem, o presidente russo Vladimir Putin.

    “Você está tentando se colocar no lugar de Vladimir Putin e tentar ver o que ele vê como cruzando uma linha vermelha?”, disse o tenente-general aposentado Robert Ashley, ex-chefe da Agência de Inteligência de Defesa. “Essa linha vermelha provavelmente existe apenas na cabeça de Putin – e pode não ser algo que ele tenha pensado sobre ou transmitido”.

    Fontes familiarizadas com a abordagem do governo dizem que as decisões de ampliar gradualmente a inteligência a qual ele está disposto a compartilhar se basearam principalmente nos julgamentos de funcionários do governo Biden, e não em avaliações sobre como a Rússia pode ver uma determinada ação.

    Eles também refletem a evolução da realidade na Ucrânia. As diretrizes de compartilhamento de inteligência dos Estados Unidos foram atualizadas nas últimas semanas, por exemplo, para ajudar a Ucrânia a realizar operações ofensivas na região de Donbass, onde a Rússia reorientou seus esforços militares depois de não conseguir capturar Kiev.

    “Eu não descreveria nenhuma linha como fina ou imaginária”, disse o secretário de imprensa do Pentágono, John Kirby, à apresentadora da CNN, Brianna Keilar, no programa americano “New Day”, na sexta-feira (6).

    “A inteligência que fornecemos à Ucrânia é legal, está dentro da lei. É legítima e limitada. E somos muito cuidadosos com o que compartilhamos e quando compartilhamos”.

    O governo Biden também forneceu bilhões de dólares em armas e reconheceu publicamente que está fornecendo inteligência tática aos ucranianos. Mas como a guerra continuou e a Ucrânia eliminou vários alvos importantes, a Casa Branca procurou calibrar cuidadosamente como descreve os impactos que a inteligência tem no campo de batalha.

    Para alguns ex-funcionários, essa é uma distinção que não mudou nada.

    “Todo mundo sabe que estamos fornecendo esse compartilhamento de inteligência. Estamos fornecendo inteligência sobre alvos de artilharia, para outros sistemas que os ucranianos estão usando, e por isso não vejo isso de forma alguma como algum tipo de escalada no relacionamento”, disse o ex-secretário de Defesa e ex-diretor da CIA, Leon Panetta, a Victor Blackwell da CNN, na sexta-feira (6). “Eu vejo isso, basicamente, como a manutenção do relacionamento que estabelecemos no início desta guerra”.

    Panetta acrescentou: “Obviamente estamos fornecendo os sistemas de mísseis, a artilharia, os Stingers [míssil terra-ar guiado por infravermelho produzido nos EUA] e outras armas que estão sendo fornecidas, mas são os ucranianos que decidem como usá-los e quais alvos disparar. E isso, muito francamente, é o que é a guerra”.

    Até agora, a Rússia não tomou nenhuma ação direta conhecida contra os Estados Unidos ou a Otan em resposta ao contínuo apoio militar e de inteligência.

    Para as autoridades dos EUA, sobrou especular por que Moscou se conteve, principalmente quando se trata de ataques cibernéticos, que os Estados Unidos alertaram antes da guerra que a Rússia poderia usar como retribuição pela sua assistência.

    A Rússia também não se moveu para atacar Kiev durante as visitas de uma série de líderes americanos seniores, como a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, e o secretário de Estado, Antony Blinken.

    E certamente não tentou atacar carregamentos de armas que fluem pela Polônia, uma nação da Otan. Apenas recentemente, a Rússia começou a atacar ferrovias dentro da Ucrânia que se acredita que estavam carregando armas ocidentais para a luta.

    Algumas ex e atuais autoridades ocidentais sugerem que o Kremlin pode estar tão cauteloso com a escalada quanto a Casa Branca – e profundamente consciente de que, pelo menos quando se trata de poder militar convencional, os Estados Unidos têm clara vantagem sobre Moscou.

    A Rússia pode estar retendo ataques cibernéticos por vários motivos, dizem fontes. Pode estar preocupada que os Estados Unidos retaliarão com um ataque cibernético próprio, introduzindo mais um elemento de caos em uma operação militar que já é desorganizada e confusa. A Rússia também pode estar se preparando para o caso de entrar em conflito direto com os EUA ou a Otan.

    Algumas autoridades acreditam que a pura incompetência por parte da Rússia também pode ser a culpada.

    “Você não sabe se é a ineficiência russa ou a hesitação em relação à Otan”, disse o general aposentado Wesley Clark, analista militar da CNN e ex-comandante aliado supremo da Otan. “Eles sabem que se a Otan realmente se envolver, essa coisa terminará em pouco tempo, exceto pelo recurso às armas nucleares”.

    As equipes cibernéticas do governo russo não tiveram aviso prévio da guerra, de acordo com uma fonte familiarizada com a inteligência ocidental. E com as defesas de segurança cibernética ocidentais altas em antecipação a um possível ataque, também é possível que os ataques cibernéticos russos estejam falhando.

    Apesar da ampla inteligência que o governo Biden compartilhou com a Ucrânia, incluindo comunicações interceptadas e informações sobre movimentos de tropas russas, alguns legisladores republicanos acusaram a Casa Branca de não fazer o suficiente.

    “Algumas semanas atrás, as críticas que estávamos recebendo eram: ‘Bem, você não está dando a eles inteligência suficiente, é muito lento, não é relevante o suficiente’”, disse Kirby na sexta-feira (6) à CNN. “Então, continuamos a fornecer a eles inteligência e informações e continuaremos a fazer isso daqui para frente”.

    Com informações de Natasha Bertrand, da CNN

    Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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