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    EUA: remédio para controlar Alzheimer é aprovado por painel do FDA

    Agência reguladora levará em consideração as recomendações do comitê para decidir se vai dar sinal verde ao medicamento

    Jen Christensenda CNN

    Na segunda-feira (10), um painel de consultores independentes da Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) dos Estados Unidos votou a favor do medicamento Donanemab da farmacêutica Eli Lilly, um anticorpo monoclonal projetado para retardar o avanço da doença de Alzheimer nos primeiros sintomas, concordando que ele é seguro e eficaz.

    De acordo com a Alzheimer’s Association, um em cada três idosos americanos morrem com a doença de Alzheimer ou outra forma de demência, matando mais pessoas do que o câncer de próstata e de mama juntos.

    O Donanemab funciona ajudando o corpo a remover um acúmulo de placas amiloides no cérebro, que é uma característica marcante da doença de Alzheimer. Essas placas são depósitos nocivos que podem se formar no cérebro à medida que as pessoas envelhecem. A remoção da placa parece retardar as alterações cerebrais relacionadas à doença de Alzheimer.

    Ao entrar no cérebro, o medicamento se liga às placas amiloides e sua presença chama a atenção do sistema imunológico, o que facilita a remoção das placas.

    A doença ainda não tem cura, e não existe um medicamento que impeça o desenvolvimento do Alzheimer, mas o Donanemab e o Leqembi, outro medicamento que já está no mercado, fabricado pela Eisai e pela Biogen, demonstraram retardar a progressão da doença em seus estágios iniciais.

    A farmacêutica responsável pelo remédio disse ao Comitê Consultivo de Medicamentos para o Sistema Nervoso Central e Periférico do FDA que seus dados de uma pesquisa clínica em estágio avançado mostraram “resultados altamente significativos” para os pacientes que tomaram Donanemab, onde o risco progressão de doença foi 37% menor em comparação com os pacientes que receberam o placebo durante um ano e meio .

    Em geral, os eventos adversos graves foram “comparáveis” entre todos os grupos nos estudos e pouco frequentes, disse a empresa Lilly ao comitê, tendo ocorrido em apenas 2% dos pacientes. Os pacientes que receberam Donanemab tiveram uma taxa de mortalidade um pouco maior – 2%, em comparação com 1,7% no grupo placebo do estudo.

    Durante o uso do medicamento, três pessoas morreram após desenvolverem ARIA, ou micro hemorragias conhecidas como anormalidades de imagem relacionadas à amiloide.

    Nos ensaios do Leqembi, o medicamento que já está no mercado, alguns pacientes apresentaram ARIA, mas a taxa foi menor do que a observada no ensaio do Donanemab. O Leqembi também tem sido associado a mortes de pacientes.

    Como a maioria dos pacientes com Donanemab que apresentaram problemas com ARIA o fizeram nas primeiras seis semanas do estudo, a Lilly disse ao comitê que acrescentou outra ressonância magnética ao estudo para procurar o problema antes de dar ao paciente uma segunda infusão. O objetivo seria detectar pacientes com ARIA assintomática. Se o problema fosse detectado, os provedores interromperiam o tratamento para que ele pudesse ser resolvido e não se tornasse um problema mais sério ou sintomático.

    Analisando esses resultados dos testes clínicos de estágio avançado, o comitê do FDA votou em duas questões específicas e discutiu outros três tópicos principais.

    O comitê votou um “sim” unânime para as perguntas sobre se os dados demonstraram que o medicamento é eficaz para o tratamento da doença de Alzheimer e se os benefícios do medicamento superaram os riscos no tratamento da doença de Alzheimer na população inscrita nos estudos clínicos.

    O FDA levará em consideração as recomendações do comitê para decidir se vai dar sinal verde ao medicamento.

    O membro do comitê, Dr. Dean Follmann, diretor assistente de bioestatística do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, disse que votou a favor porque as evidências “eram fortes e consistentes em todos os subgrupos”.

    Ao votar a favor, Sarah Dolan, representante interina dos consumidores no comitê e consultora do Critical Path Institute em Tucson, Arizona, disse que estava satisfeita com o resultado da pesquisa.

    “Há uma enorme necessidade médica não atendida aqui que, esperamos, possa ser resolvida”, disse Dolan.

    A Dra. Kathleen Poston, diretora do Centro de Distúrbios do Movimento de Stanford, e membro do comitê, disse que votou a favor por acreditar que o medicamento traz benefícios, “desde que os riscos sejam monitorados”.

    Os testes foram realizados apenas com pacientes que apresentavam níveis baixos e médios de tau, uma proteína que pode se tornar anormal e contribuir para a doença. A farmacêutica excluiu aqueles que não apresentavam tau ou apresentavam tau muito baixa pois o estudo não acompanharia os pacientes por tempo suficiente para verificar se o medicamento fazia alguma diferença. Eles também excluíram pessoas com altas quantidades de tau. O comitê teve a preocupação sobre extrapolar os resultados para um subconjunto de pacientes com outros níveis de tau; eles queriam ver mais dados.

    A maioria do comitê também não se sentiu confortável com a exigência do FDA, de precisar de um teste PET de tau para determinar se um paciente era elegível para tomar o medicamento, uma vez que o teste não está amplamente disponível e isso dificultaria o acesso de algumas pessoas ao medicamento.

    O FDA também solicitou ao comitê que considerasse fatores adicionais sobre a pesquisa em andamento e fatores relacionados à possível administração do medicamento.

    A empresa de medicamentos Eli Lilly sugere que os pacientes podem interromper o uso do medicamento se apresentarem progresso suficiente. O comitê sugeriu que a pesquisa teria que mostrar quais seriam os critérios apropriados para interromper ou reiniciar o medicamento se os sintomas voltassem.

    O comitê também observou que havia pouca diversidade no estudo, a maioria dos participantes era branca, e disse que pesquisas futuras precisarão incluir mais pessoas não brancas para entender como o medicamento funciona em populações diversas. Também observou que, se o medicamento for aprovado, os médicos terão de instruir seus pacientes sobre os benefícios e os riscos de tomar esse medicamento.

    Inicialmente, quando o FDA disse que realizaria essa reunião, o anúncio foi uma surpresa, uma vez que muitos especialistas achavam que o medicamento teria sido aprovado pelo FDA no ano passado.

    Antes da votação, a Dra. Reisa Sperling, professora de neurologia da Harvard Medical School, disse ao comitê que, na falta de tratamentos, o número crescente de pessoas com Alzheimer poderia se tornar uma séria ameaça ao país.

    “Estamos fazendo um trabalho tão bom em manter as pessoas vivas por mais tempo que estamos criando uma emergência de saúde pública se não encontrarmos uma maneira de evitar essa doença”, disse Sperling.

    Enquanto isso, a Eli Lilly disse que está trabalhando em outros tratamentos para o Alzheimer.

    “Reconhecendo o enorme fardo que essa doença acarreta, levamos muito a sério a responsabilidade de levar aos pacientes uma terapia modificadora da doença bem caracterizada”, disse ao comitê o Dr. David Hyman, diretor médico da Eli Lilly and Company.

    A farmacêutica considera o Donanemab como “um passo importante, mas, em última análise, incremental” no tratamento da doença de Alzheimer. Por fim, Hyman disse que a Lilly gostaria de desenvolver um medicamento que tratasse a doença antes mesmo de alguém começar a apresentar sintomas e que está trabalhando nesse medicamento.

    “Os pacientes merecem mais e continuamos a trabalhar em abordagens adicionais para tratar essa doença”, disse Hyman.

    Após a reunião, a Eli Lilly disse que estava feliz com o voto positivo do comitê.

    “Nós estamos satisfeitos com o reconhecimento unânime do comitê em relação ao perfil positivo de risco e benefícios do Donanemab”, disse Mark Mintun, vice-presidente do grupo de pesquisa e desenvolvimento de neurociência da farmacêutica em um comunicado à imprensa. “Estamos ansiosos para levar essa opção de tratamento aos pacientes”.

    A Alzheimer’s Association pediu ao comitê que recomendasse a aprovação do Donanemab, e recebeu com satisfação o voto unânime do comitê a favor do medicamento.

    “Um futuro com mais tratamentos aprovados para a doença de Alzheimer é um tremendo avanço para as pessoas elegíveis para esses medicamentos”, disse a Dra. Joanne Pike, Presidente e CEO da Associação de Alzheimer. “O progresso no tratamento está acontecendo”.

    A organização nacional sem fins lucrativos USAgainstAlzheimer, que testemunhou a favor do medicamento durante o período de comentários públicos na reunião, disse que há uma urgência e uma “enorme necessidade não atendida” de tratamentos para Alzheimer.

    “Se aprovado pelo FDA, o Donanemab será o segundo medicamento no mercado a ajudar as pessoas nos estágios iniciais da doença de Alzheimer a ter uma melhor qualidade de vida por um período mais longo, além de oferecer aos pacientes e seus médicos outra opção para seus planos de tratamento”, disse o presidente e cofundador George Vradenburg. “Somos gratos ao comitê consultivo pelo apoio a esse tratamento promissor.”

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