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    EUA rechaçam adesão da Ucrânia à Otan e dizem que Europa deve proteger país

    Secretário de Defesa também ponderou que volta das fronteiras da Ucrânia para o que eram antes de 2014 é um objetivo irrealista

    Natasha BertrandHaley Britzkyda CNN

    O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, disse nesta quarta-feira (12) que a guerra entre Ucrânia e Rússia “deve acabar”, mas destacou que a adesão do país à Otan, a aliança militar ocidental, é irrealista.

    Além disso, destacou que os EUA não priorizarão mais a segurança europeia e ucraniana, já que o governo Trump mudará sua atenção para proteger as próprias fronteiras e impedir uma guerra com a China.

    Em comentários feitos antes de uma reunião do Grupo de Contato de Defesa da Ucrânia, Hegseth também afirmou que os Exércitos europeus devem ser a principal força para proteger a Ucrânia após a guerra — e que as tropas americanas não estarão envolvidas nisso.

    “Os Estados Unidos não acreditam que a adesão da Ucrânia à Otan seja um resultado realista de um acordo negociado”, destacou Hegseth. Ele acrescentou que quaisquer garantias de segurança oferecidas à Ucrânia “devem ser apoiadas por tropas europeias e não europeias capazes”.

    “Para ser claro, como parte de qualquer garantia de segurança, não haverá tropas dos EUA enviadas para a Ucrânia”, ressaltou.

    Hegseth também ponderou que a volta das fronteiras da Ucrânia para o que eram antes de 2014, antes da Rússia invadir a Crimeia e o leste do país, “é um objetivo irrealista”.

    Essas falas certamente serão uma preocupação para o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que disse esta semana que a Europa sozinha não pode fornecer garantias de segurança significativas para a Ucrânia sem a liderança americana.

    O secretário de Defesa dos EUA também não anunciou nova ajuda do para a Ucrânia.

    “Também estamos aqui hoje para expressar direta e inequivocamente que duras realidades estratégicas impedem que os Estados Unidos da América se concentrem principalmente na segurança da Europa”, destacou.

    Aliados se preparam para recuo dos EUA

    De toda forma, a fala do secretário não é necessariamente uma surpresa para os aliados dos EUA.

    A Otan e a União Europeia estavam se preparando para que o país recuasse significativamente do papel de liderança que vinha desempenhando desde 2022 no fornecimento e coordenação de ajuda militar à Ucrânia.

    É por isso que a Otan criou seu próprio mecanismo de segurança para ajudar a coordenar a assistência militar ao país.

    “Ouvimos suas preocupações em intensificar a Ucrânia e ouvimos suas preocupações em intensificar a segurança europeia”, pontuou o secretário de Defesa do Reino Unido, John Healey, em resposta a Hegseth.

    E o secretário-geral do bloco militar, Mark Rutte, afirmou mais cedo nesta quarta que “concorda” com Trump “que devemos igualar a assistência de segurança à Ucrânia”.

    “Mas, para realmente mudar a trajetória do conflito, precisamos fazer ainda mais”, advertiu.

    EUA tentam tornar guerra em “problema europeu”

    Os comentários de Pete Hegseth são os mais claros até agora de como o governo Trump pretende tentar se desvincular da Europa e tornar o conflito na Ucrânia um problema totalmente europeu.

    Esse é um afastamento total da abordagem do governo de Joe Biden, que fez da aliança transatlântica e do apoio à Ucrânia um ponto central de sua política externa.

    Hegseth também reforçou os apelos do presidente Donald Trump para que os aliados aumentem seus gastos com defesa para 5% de seu PIB, em vez de 2%, ressaltando que o valor anterior “não é suficiente”.

    O secretário enfatizou que os EUA “continuam comprometidos com a aliança da Otan e com a parceria de defesa com a Europa. Ponto final. Mas os Estados Unidos não tolerarão mais um relacionamento desequilibrado que incentive a dependência”.

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