EUA preparam indiciamento de esposa de Maduro por tráfico de drogas e corrupção
No final de março, procuradores americanos já fizeram acusação semelhante contra o presidente venezuelano
Os Estados Unidos estão se preparando para acusar formalmente a esposa do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, nos próximos meses de crimes que podem incluir tráfico de drogas e corrupção, disseram quatro pessoas a par do caso à Reuters.
Se os EUA forem adiante com um indiciamento da primeira-dama, Cilia Flores, acredita-se que as acusações derivarão, ao menos em parte, de uma transação de cocaína frustrada que já levou dois de seus sobrinhos a uma penitenciária do estado norte-americano da Flórida.
Nicole Navas, porta-voz do Departamento de Justiça dos EUA, não quis comentar nenhuma investigação ou acusação pendente contra Flores. A esposa do líder venezuelano e seu escritório na Assembleia Nacional não responderam a perguntas para esta reportagem.
O ministro da Informação da Venezuela, Jorge Rodríguez, disse à Reuters que as perguntas da agência de notícias sobre o possível indiciamento de Flores são “nauseantes, caluniosas e ofensivas”, recusando-se a entrar em detalhes.
No final de março, procuradores norte-americanos indiciaram Maduro e mais de uma dúzia de ex-autoridades venezuelanas por narcoterrorismo e tráfico de drogas. Maduro, hoje em seu oitavo ano como presidente, passou anos tentando inundar os EUA com cocaína, alegaram os procuradores, na tentativa de enfraquecer a sociedade do país e fortalecer sua posição e riqueza.
Em um pronunciamento televisionado feito após os indiciamentos, ele refutou as acusações apresentadas contra si e seus colegas, rotulando-as como uma fabricação de motivação política do governo do presidente dos EUA, Donald Trump. “Você é uma pessoa horrível, Donald Trump”, ele disse. Seu escritório não respondeu a pedidos de comentários sobre esta reportagem.
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Os indiciamentos de março e as acusações possíveis contra Flores chegam em meio a uma nova campanha de Washington para aumentar a pressão sobre Maduro. O líder socialista, Flores e outros membros do “círculo íntimo” de Maduro são alvo de punições do Departamento do Tesouro dos EUA desde 2017. Flores é uma parlamentar de longa data e mediadora política do Partido Socialista governante.
No ano passado, os EUA e seus aliados, incluindo o Brasil, reconheceram o líder opositor Juan Guaidó como presidente interino, vendo a reeleição de Maduro em 2018 como uma farsa. Mas Maduro continua no poder, apoiado pelos militares da nação e por Rússia, China, Cuba e Irã – uma fonte de frustração crescente para Trump, de acordo com algumas autoridades norte-americanas.
Em entrevistas concedidas à Reuters, Yazenky Lamas, ex-guarda-costas de Flores hoje preso, disse que ela estava ciente dos crimes de familiares, incluindo o esquema de tráfico de cocaína pelo qual seus sobrinhos foram condenados por um tribunal dos EUA. As entrevistas, as primeiras que ele concede desde que foi encarcerado, foram a primeira ocasião em que Lamas fez suas acusações em público.