EUA não têm ‘nenhuma intenção hostil’ em relação à Coreia do Norte, diz porta-voz
Em visita à Coreia do Sul após início de exercícios militares conjuntos repreendidos por Pyongyang, representante americano disse que os países buscam 'diálogo'


Os Estados Unidos não têm nenhuma intenção hostil em relação a Pyongyang e estão abertos a se reunirem “a qualquer hora e em qualquer lugar”, disse nesta segunda-feira (23) o enviado especial de Washington para a Coreia do Norte, Sung Kim, durante uma visita à Coreia do Sul.
Sung Kim chegou em Seul no sábado para uma visita de quatro dias.
A visita acontece após um ligeiro restabelecimento das relações intercoreanas em julho, o que deu lugar a um novo impasse sobre os exercícios militares conjuntos entre os EUA e a Coreia do Sul, já que a Coreia do Norte advertiu que eles poderiam desencadear uma crise de segurança.
“Os Estados Unidos não têm intenções hostis em relação à (Coreia do Norte)”, disse Kim aos repórteres após se encontrar com seu homólogo sul-coreano, Noh Kyu-duk.
“Os exercícios militares combinados em andamento (entre os Estados Unidos e a Coreia do Sul) são de longa data, rotineiros, de natureza puramente defensiva e apoiam a segurança de ambos os nossos países”.
Noh disse que os dois discutiram uma possível ajuda humanitária à Coreia do Norte, assim como formas de reiniciar as conversações paralisadas de desnuclearização.
“Concordamos em trabalhar juntos para retomar o diálogo com a Coreia do Norte o mais rápido possível”, disse ele.
No domingo, Kim encontrou-se com o Ministro das Relações Exteriores Chung Eui-yong na residência do ministro, onde discutiram formas de retomar rapidamente o processo de paz na península coreana, disse um funcionário do Ministério das Relações Exteriores.
Em uma entrevista com a KBS, emissora nacional da Coreia do Sul, Kim pediu que Pyongyang voltasse ao diálogo, dizendo que Washington estava pronta para tratar de suas preocupações.
“Estamos dispostos a abordar toda a gama de questões e preocupações, incluindo aquelas que são importantes para a RPDC (República Popular Democrática da Coreia)”, disse Kim. “Dada a oportunidade, seremos capazes de fazer progressos substanciais”.
Espera-se que o enviado dos EUA se encontre com o vice-ministro das Relações Exteriores russo Igor Morgulov na terça-feira (24) em Seul.
O exercício militar conjunto de nove dias começou em 16 de agosto, com um silêncio até então por parte da mídia estatal norte-coreana, apesar do temor de que o país pudesse realizar um teste de mísseis ou tomar outras ações para ressaltar sua desaprovação.
A Coreia do Norte disse que está aberta à diplomacia, mas que as aberturas americanas parecem ocas, enquanto “atos hostis” como os exercícios militares continuam.
O governo do presidente Joe Biden disse que vai explorar a diplomacia para alcançar a desnuclearização norte-coreana, mas não demonstrou até então nenhuma vontade de aliviar as sanções impostas.
Os Estados Unidos apoiam os esforços para melhorar os laços entre as duas Coreias e permanecem abertos a conversações diretas com Pyongyang, disse Kim.
“Continuo pronto para me encontrar com meus homólogos norte-coreanos em qualquer lugar e a qualquer momento”, afirmou.