EUA expressam “profunda decepção” com Netanyahu
Reação acontece em meio às tensões entre os dois aliados sobre a guerra de Israel em Gaza
A Casa Branca expressou desapontamento com declarações do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, aos Estados Unidos, nesta quinta-feira (20), em meio às tensões entre os dois aliados sobre a guerra de Israel em Gaza.
Netanyahu divulgou na terça-feira (18) um vídeo no qual disse que Blinken lhe garantiu que o governo Biden estava trabalhando para suspender as restrições ao fornecimento de armas a Israel, uma troca que o principal diplomata dos EUA se recusou a confirmar.
Em um relato de conversas diplomáticas normalmente privadas, Netanyahu também disse ter dito a Blinken que era “inconcebível” que nos últimos meses Washington estivesse retendo armas e munições a Israel.
O porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, abordou os comentários com repórteres, dizendo que os EUA expressou diretamente descontentamento com Israel.
“Acho que deixamos bem claro aos nossos homólogos israelenses, através de vários veículos, a nossa profunda decepção com as declarações expressas naquele vídeo e as nossas preocupações sobre a precisão das declarações feitas”, disse Kirby.
“A ideia de que de alguma forma deixamos de ajudar Israel com as suas necessidades de autodefesa não é correta”, acrescentou.
A resposta da Casa Branca aconteceu em meio do planejamento de reuniões com os dois principais assessores de Netanyahu para discutir o conflito de Gaza, pelo conselheiro de segurança nacional Jake Sullivan e secretário de Estado, Antony Blinken.
O conselheiro de segurança nacional israelense, Tzachi Hanegbi, e Ron Dermer, ministro de Assuntos Estratégicos de Israel, falarão com Sullivan enquanto uma reunião maior e mais formal de “diálogo estratégico” estava sendo remarcada, de acordo com um funcionário da Casa Branca que falou sob condição de anonimato.
Blinken se reunirá com os israelenses às 15h, no horário local, de acordo com um alto funcionário do Departamento de Estado.
O secretário de Estado disse que os carregamentos de armas – com exceção de grandes bombas – estavam se movendo normalmente, dado que Israel enfrenta ameaças à segurança além de Gaza, como do Hezbollah e do Irã.
A autoridade americana se recusou a comentar sua conversa privada com Netanyahu durante uma entrevista coletiva na terça-feira (18).
Os Estados Unidos interromperam em maio um carregamento de bombas de 2 mil libras e 500 libras devido à preocupação com o impacto que poderiam ter em áreas densamente povoadas, mas Israel ainda deveria obter bilhões de dólares dos EUA em armamento.
Os inquéritos sobre a conduta de Israel na sua operação militar em Gaza aumentaram à medida que o número de mortos palestinos desde a guerra subiu para mais de 37 mil, de acordo com autoridades de saúde na região.
A guerra começou quando militantes do Hamas invadiram a fronteira e atacaram Israel em 7 de outubro, matando 1.200 pessoas e fazendo outras 250 como reféns, segundo registros israelenses.
Biden alertou em abril a Israel que os EUA deixaria de lhe fornecer armas se as forças israelenses fizessem uma grande invasão em Rafah, uma cidade no sul de Gaza que é o último refúgio para muitos deslocados pela guerra.