EUA expressam preocupação com possível interferência em eleição na Romênia
Documentos sugerem que país foi alvo de "ataques russos híbridos agressivos"
Os Estados Unidos manifestaram preocupação com possível interferência estrangeira na eleição presidencial da Romênia após a revelação de documentos que mostram que o país foi alvo de “ataques russos híbridos agressivos” durante um período de três votações consecutivas.
Depois de contar com apenas um dígito nas pesquisas, o ultranacionalista pró-Rússia Calin Georgescu obteve a vitória no primeiro turno da eleição presidencial em 24 de novembro, causando surpresa generalizada na União Europeia e no Estado membro da Otan.
Documentos revelados pelo conselho de segurança da Romênia na quarta-feira (4) mostraram que Georgescu foi promovido maciçamente na plataforma de mídia social TikTok por meio de contas coordenadas, algoritmos de recomendação e promoção paga. Georgescu declarou que não gastou nenhum dinheiro na campanha.
Eles também mostraram dados de login comprometidos em sites eleitorais da Romênia e mais de 85.000 ataques cibernéticos durante a eleição. A agência de inteligência da Romênia informou que o tamanho, os métodos e a coordenação da campanha apontavam para um Estado estrangeiro.
Em um comunicado, o Departamento de Estado dos EUA disse que Washington está preocupado com o relato do conselho “sobre o envolvimento russo em atividades cibernéticas malignas destinadas a influenciar a integridade do processo eleitoral romeno”.
“O progresso arduamente conquistado pela Romênia, ancorando-se na comunidade transatlântica, não pode ser revertido por atores estrangeiros que buscam desviar a política externa da Romênia de suas alianças ocidentais”, afirmou em um comunicado.
“Qualquer mudança desse tipo teria sérios impactos negativos na cooperação de segurança dos EUA com a Romênia, enquanto uma decisão de restringir o investimento estrangeiro desencorajaria as empresas americanas a continuar investindo na Romênia.”
A Comissão Europeia, por sua vez, emitiu uma “ordem de retenção” para o TikTok, ordenando que a plataforma congele e preserve os dados relacionados aos riscos reais ou previsíveis que seu serviço poderia representar nos processos eleitorais e no discurso cívico no bloco de 27 nações.
“A Comissão está ordenando a preservação de documentos e informações referentes a qualquer violação sistemática dos termos de serviço do TikTok que proíbem o uso de recursos de monetização para a promoção de conteúdo político no serviço”, afirmou.
A ordem se aplica às eleições na UE no período entre novembro de 2024 e março de 2025, acrescentou.
“Já estamos cooperando com a Comissão e continuaremos a fazê-lo”, disse porta-voz do TikTok em um e-mail. “Estamos ansiosos para estabelecer os fatos à luz de algumas das especulações e relatórios imprecisos que vimos.”
A Rússia já havia negado qualquer interferência nas campanhas eleitorais da Romênia e o TikTok negou que tenha dado tratamento preferencial a Georgescu, embora tenha dito que removeu redes de contas suspeitas somente após o primeiro turno presidencial.
Uma pesquisa de opinião da AtlasIntel, realizada de 2 a 4 de dezembro e citada pelo site de notícias hotnews.ro, mostrou que Georgescu derrotaria a líder centrista Elena Lasconi no segundo turno presidencial de 8 de dezembro por uma margem de 47% a 43%. Cerca de 6,5% dos entrevistados disseram que anulariam suas cédulas.
No entanto, a pesquisa também mostrou que 57% dos romenos têm mais confiança em Lasconi do que em Georgescu para manter a Romênia ancorada na UE e na Otan.