EUA: escolas têm mais de 2.000 em quarentena após volta de aulas presenciais
Aulas voltaram presencialmente em diversas escolas no início de agosto. Ao menos 230 casos de Covid-19 foram relatados e demandaram isolamento de outras pessoas
Para muitas escolas dos Estados Unidos que retomaram as aulas presenciais, o retorno ao aprendizado presencial foi interrompido abruptamente após novos casos de Covid-19.
Mais de 2.000 alunos, professores e funcionários em cinco estados foram colocados em quarentena depois que pelo menos 230 casos positivos do novo coronavírus foram relatados.
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É um início sombrio para o ano letivo que muitos esperavam que pudesse marcar o início de um retorno à normalidade. Enquanto alguns estudos demonstram que crianças podem facilmente obter e espalhar o novo coronavírus, alguns pediatras alertam que o ensino à distância tem consequências negativas para os alunos do ensino fundamental e para as famílias que trabalham.
O dilema forçou os distritos escolares a decidir se reabririam e o que fazer se o aprendizado presencial se mostrasse perigoso.
No distrito escolar do condado de Cherokee, na Geórgia, mais de 1.100 alunos, professores e funcionários estão em quarentena após o registro de casos do novo coronavírus. O distrito retomou as aulas presenciais em 3 de agosto e, até terça-feira, relatou 59 casos positivos. O período de quarentena de duas semanas afetou mais de uma dúzia de escolas.
“Não parece que foi uma reabertura bem-sucedida”, disse a ex-professora da Geórgia Miranda Wicker à NBC na quarta-feira. Wicker tem conversado com professores no distrito que dizem ter pedido precauções de segurança, como requisitos para o uso de máscara. Embora o superintendente do distrito escolar do condado tenha incentivado o uso de máscaras (não obrigatória no local), nenhuma ordem foi aplicada.
Outra escola do Condado de Cherokee encerrará temporariamente o aprendizado presencial depois que mais de um quarto de seus alunos foram colocados em quarentena e 25 pessoas na escola testaram positivo para o novo coronavírus, de acordo com uma carta enviada aos pais no último fim de semana do distrito escolar e obtida pela CNN.
“Durante este fim de semana, o número de casos positivos na Creekview High School aumentou para um total de 25, com 500 de seus 1.800 alunos presenciais agora em quarentena por precaução, além de testes adicionais pendentes que aumentariam significativamente o total de pessoas em quarentena”, diz a carta.
A data provisória de reabertura para aulas presenciais é 31 de agosto, de acordo com a carta.
Já o condado de Gwinnett, o maior distrito escolar do estado, teve que colocar os funcionários em quarentena antes mesmo de suas portas abrirem. Pelo menos 263 funcionários estão em quarentena após 28 casos confirmados em 5 de agosto. As aulas começaram virtualmente no condado na quarta-feira.
É uma situação que se repetiu nos estados do Alabama, Mississippi, Oklahoma e Indiana, com distritos escolares também aplicando quarentenas. Os casos deixam muitos professores relutantes em voltar para a sala de aula.
‘Estou comprometendo minha família’
Para Marie Tichenor, seguir as orientações dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças significava arriscar sua família. Ela contou ter o marido com uma doença autoimune, que aumenta o risco de contrair doenças graves causadas pela Covid-19.
“Eu sei, como educadora de crianças pequenas, que será muito difícil distanciar-se socialmente”, disse Tichenor.
“Mesmo que as crianças mantivessem a máscara e não se tocassem e ficassem a dois metros de distância. São pequenas coisas como o fato de que, no primeiro dia de aula, as crianças choram… uma criança me pede para amarrar os sapatos. Eu vou chegar perto daquela criança, para confortar aquela criança, para ajudar aquela criança. “
Tichenor disse que recebeu uma dispensa médica para trabalhar remotamente, já que um retorno ao aprendizado presencial significava arriscar sua família. Ela foi uma dos mais de 400 professores em Elizabeth, New Jersey, que pediu a seu distrito que mudasse para o ensino virtual no outono americano.
Casos aumentam entre crianças
Nas últimas quatro semanas, houve um aumento de 90% nos casos do novo coronavírus entre crianças, de acordo com uma nova análise da American Academy of Pediatrics e da Children’s Hospital Association que será atualizada semanalmente.
O Dr. Sean O’Leary, vice-presidente do Comitê de Doenças Infecciosas da Academia Americana de Pediatria, disse a Anderson Cooper da CNN na segunda-feira que os casos do novo coronavírus em crianças devem ser levados a sério.
“Não é justo dizer que esse vírus é completamente benigno em crianças”, disse O’Leary. “Já tivemos 90 mortes em crianças nos Estados Unidos, em apenas alguns meses. Todos os anos nos preocupamos com a gripe em crianças e há cerca de 100 mortes em crianças por gripe todos os anos”.
Leary disse que vários fatores levaram a um recente aumento no número de infecções por novocoronavírus em crianças nas últimas semanas, incluindo aumento de testes, aumento da movimentação entre as crianças e aumento da infecção na população em geral.
“Quando você vê muito mais infecções na população em geral, vai ver muito mais infecções em crianças”, disse O’Leary.
“Todos nós temos que levar esse vírus a sério, incluindo cuidar de nossos filhos”, disse O’Leary.