EUA e Coreia do Sul fazem exercícios militares após míssil da Coreia do Norte
Países responderam inicialmente à provocação com um exercício de bombardeio de precisão com avião militar
Os Estados Unidos e a Coreia do Sul lançaram quatro mísseis na costa leste da península coreana, na manhã desta quarta-feira (5), em horário local, de acordo com o Estado-Maior Conjunto do país asiático.
O teste foi o segundo exercício dos aliados em menos de 24 horas, após um teste provocativo lançado na manhã de terça-feira (4) pela vizinha Coreia do Norte, que disparou um míssil balístico sem aviso sobre o Japão em uma escalada significativa de seu programa de testes de armas.
Os países responderam inicialmente à provocação com um exercício de bombardeio de precisão na terça-feira, que envolveu um caça sul-coreano F-15K disparando duas munições ar-superfície em um alvo virtual em um campo de tiro a oeste da Península Coreana.
Os aliados normalmente respondem aos testes de mísseis da Coreia do Norte com exercícios militares.
O lançamento de quarta-feira incluiu quatro mísseis ATACMS, informou o comunicado do Estado-Maior sul-coreano. Também conhecidos como Sistemas de Mísseis Táticos de Exército, essas armas são mísseis de superfície que podem voar cerca de 320 quilômetros.
De acordo com John Kirby, coordenador de comunicações estratégicas do Conselho de Segurança Nacional, o lançamento foi projetado para demonstrar que os EUA e seus aliados têm “as capacidades militares prontas para responder às provocações do Norte”.
“Esta não é a primeira vez que fazemos isso em resposta às provocações do Norte para garantir que possamos demonstrar nossas próprias capacidades”, afirmou Kirby a Pamela Brown, da CNN.
“Queremos ver a desnuclearização da Península Coreana, [o líder norte-coreano Kim Jong Un] não mostrou uma inclinação para se mover nessa direção, francamente ele está se movendo na direção oposta, continuando a realizar esses testes de mísseis que são violações das resoluções do Conselho de segurança”, acrescentou.
Na terça-feira, os EUA e o Japão também realizaram uma resposta conjunta ao lançamento norte-coreano, com caças do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA e da Força de Autodefesa Aérea do Japão sobrevoando o Mar do Japão, também conhecido como Mar do Leste.
Após um telefonema de 25 minutos com o presidente dos EUA, Joe Biden, o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, disse que o último lançamento da Coreia do Norte representava “um grave desafio à paz e à estabilidade do Japão, da região e da comunidade internacional” e que Biden compartilhava essa visão completamente. .
Analistas dizem que há pouco que os EUA e seus aliados podem fazer para impedir o acúmulo de armas por parte de Kim.
“Os norte-coreanos não estão com vontade de conversar. Eles estão com vontade de testar e descartar as coisas”, explicou Jeffrey Lewis, diretor do Projeto de Não Proliferação da Ásia Oriental do Instituto de Estudos Internacionais de Middlebury.
As cúpulas EUA-Coreia do Norte fracassadas durante o governo Trump levaram Kim a acreditar que ele não pode ganhar nada com as negociações, disse Lewis.
Desde que as negociações de 2019 com o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, foram interrompidas sem acordo, o líder norte-coreano estabeleceu um programa para desenvolver mísseis com capacidade nuclear –e está seguindo esse cronograma, acrescentou Lewis.
“A Coreia do Norte continuará realizando testes de mísseis até que a atual rodada de modernização seja concluída. Não acho que uma explosão nuclear (de teste) esteja muito atrás”, continuou Lewis.
Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, disse que a Coreia do Norte está progredindo.
Toda vez que o regime de Kim lança uma arma, “Eles aprendem, ficam melhores, ficam mais capazes”, expôs em entrevista à Fox News.
Ankit Panda, membro sênior do Carnegie Endowment for International Peace, disse que a Coreia do Norte parece estar decidida a desenvolver armas nucleares. “A desnuclearização está agora na lata de lixo da história como uma política fracassada”.
“Simplesmente não há plano prático neste momento, especialmente no curto prazo, para trazer a Coreia do Norte para a mesa de negociações e buscar a desnuclearização”, finalizou.