EUA criticam “crescentes ações” de Pequim no Mar do Sul da China
Secretário de Estado americano denuncia "ações ilegais" em território região sob disputa
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, criticou as “ações crescentes e ilegais” de Pequim no Mar do Sul da China em uma cúpula neste sábado (27), enquanto seu colega russo disse que Washington gerou ansiedade com seu plano de dissuasão nuclear com a aliada Seul para a península coreana.
Blinken criticou a China pelas ações hostis de sua guarda costeira contra as Filipinas, aliadas do tratado de defesa dos Estados Unidos, no Mar do Sul da China.
Mas ele também elogiou os dois países pela diplomacia depois que Manila completou uma missão de reabastecimento no início do sábado para tropas em um local disputado, sem o impedimento da China.
Blinken participou do Fórum Regional Asiático, focado na segurança, ao lado de diplomatas de grandes potências, como Rússia, Índia, China, Austrália, Japão e União Europeia. O evento discutiu os conflitos em Gaza e na Ucrânia, as ambições nucleares da Coreia do Norte e a tensão no Mar do Sul da China.
A presença de pequenas tropas das Filipinas em um antigo navio da Marinha dos Estados Unidos que está encalhado no Second Thomas Shoal incomoda a China há anos. Os países estão envolvidos em repetidas discussões, o que causa preocupação regional sobre uma escalada que poderia levar à intervenção dos Estados Unidos.
Esta semana, os dois lados chegaram a um acordo sobre como conduzir essas missões.
“Temos o prazer de dizer que o reabastecimento de hoje no Second Thomas foi bem-sucedido ”, disse Blinken aos ministros das Relações Exteriores da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), anfitriã das reuniões, que aconteceram no Laos.
“Aplaudimos isso e esperamos ver que isso continue avançando.”
Em paralelo às reuniões, Blinken conversou com o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi. É a sexta vez que eles se encontram, desde junho de 2023, quando a visita de Blinken a Pequim marcou uma melhoria nos laços tensos entre as duas maiores economias do mundo.
Blinken falou com Wang sobre Taiwan e as preocupações acerca das recentes “ações provocativas” de Pequim, que incluíram uma simulação de bloqueio durante a posse do presidente de Taiwan, Lai Ching-te, disse uma autoridade sênior do Departamento de Estado dos EUA.
Ambos concordaram em continuar o progresso de estreitar os laços entre militares, disse a autoridade, acrescentando que Blinken também discutiu o apoio de Pequim à base industrial de defesa da Rússia e alertou sobre novas ações dos Estados Unidos contra empresas chinesas.
Wang disse a Blinken que, embora as comunicações entre a China e os Estados Unidos tenham sido mantidas, Washington não interrompeu a contenção e repressão a Pequim – até as intensificou.
“Os riscos que as relações sino-americanas enfrentam continuam se acumulando, os desafios aumentam e as relações estão num momento crítico para alcançar a estabilidade”, disse ele, de acordo com uma declaração do Ministério das Relações Exteriores.
Rússia
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse em paralelo ao fórum que as diretrizes sobre a operação dos ativos nucleares dos Estados Unidos na península coreana, oficialmente focadas em estabelecer uma dissuasão integrada às ameaças norte-coreanas, estavam aumentando as preocupações de segurança regional.
“Até agora não conseguimos sequer obter uma explicação do que isto significa, mas não há dúvida de que causa ansiedade adicional”, disse Lavrov, segundo a agência estatal russa RIA.
“Eles estão ativamente inflamando a atmosfera em torno da península coreana, militarizando a presença no local e conduzindo exercícios que visam claramente estar prontos para a ação militar”, afirmou ele, segundo a Interfax.