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    EUA acusam Rússia de recrutar funcionários do governo ucraniano para golpe

    Tensão e preocupação de uma invasão russa ao país do leste europeu aumentou nos últimos dias

    Soldado ucraniano na região de Zolote, Ucrânia, localizada próxima à divisa com a Rússia. Tensão na fronteira aumentou ao longo dos últimos meses
    Soldado ucraniano na região de Zolote, Ucrânia, localizada próxima à divisa com a Rússia. Tensão na fronteira aumentou ao longo dos últimos meses Anadolu Agency via Getty Images

    Veronica StracqualursiKylie AtwoodJennifer HanslerAlex Marquardtda CNN

    Os Estados Unidos acusaram a Rússia de recrutar atuais e ex-funcionários do governo ucraniano para tentar assumir o controle do órgão.

    “A Rússia orientou seus serviços de inteligência a recrutar atuais e ex-funcionários do governo ucraniano para se preparar para assumir o governo do país e controlar a infraestrutura crítica da Ucrânia com uma força russa de ocupação”, disse o Departamento do Tesouro dos EUA em comunicado.

    O Departamento aplicou sanções contra quatro atuais e ex-funcionários ucranianos que disseram estar envolvidos em atividades de influência dirigidas pelo Kremlin para desestabilizar a Ucrânia.

    O Tesouro disse ainda que os quatro indivíduos – dois dos quais são membros atuais do Parlamento da Ucrânia – estavam agindo sob a direção de um serviço de inteligência russo sancionado pelos EUA e desempenharam “vários papéis” na “campanha de influência global da Rússia para desestabilizar países soberanos em apoio aos objetivos políticos do Kremlin”.

    A Rússia recruta funcionários ucranianos em posições importantes para obter acesso a informações confidenciais, ameaçar a soberania da Ucrânia e, em seguida, ativá-los para instigar distúrbios ante a uma possível invasão russa, de acordo com o ógão americano.

    O departamento disse que a ação tomada nesta quinta-feira é “separada e distinta” da “ampla gama de medidas de alto impacto” que os EUA estão preparados para impor se a Rússia invadir a Ucrânia.

    O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse em comunicado que as sanções estão “alinhadas a outras ações que tomamos para atacar as campanhas de desinformação russas”.

    “Os Estados Unidos continuarão a tomar medidas, inclusive por meio de ações como esta e em parceria com o governo ucraniano, para identificar, expor e minar os esforços de desestabilização da Rússia na Ucrânia”, acrescentou.

    O governo Biden alertou que a Rússia pode invadir a Ucrânia a qualquer momento, mas também está realizando esforços diplomáticos para convencer Moscou a diminuir a situação, com Blinken se reunindo com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, na sexta-feira (21), para checar se há oportunidade de consenso.

    EUA aprovam transferência de armas americanas de países bálticos para a Ucrânia

    À medida que crescem as preocupações sobre uma possível invasão russa, o Departamento de Estado dos EUA afirmou ao Congresso que aprovou licenças de exportação para Estônia, Letônia e Lituânia, que permitirão que os países transfiram armas de origem americana para a Ucrânia, de acordo com um funcionário do governo, um funcionário do Departamento de Estado e um assessor do Congresso familiarizados com o assunto.

    As aprovações – que ocorreram nos últimos dias – são um sinal de que os EUA estão tentando infligir um custo maior ao presidente russo, Vladimir Putin, se ele avançar com a invasão.

    O presidente Joe Biden disse na quarta-feira (19) que espera que Putin “ataque” a Ucrânia, e Blinken disse, nesta semana, que o Kremlin tem planos de enviar mais tropas para a fronteira do país.

    As armas incluem sistemas antiaéreos americanos da Letônia e da Lituânia, que ajudariam a Ucrânia a se defender de aeronaves russas e que algumas autoridades e especialistas acreditam que possam ser decisivos nos estágios iniciais de uma invasão russa.

    A Estônia recebeu aprovação para transferir sistemas de mísseis guiados Javelin antitanque que os EUA forneceram à Ucrânia no passado.

    Porém, não está claro quando as armas chegarão à Ucrânia. O alto funcionário do governo disse que o momento – assim como o preço para a Ucrânia – dependeria dos países que receberam a aprovação.

    O governo Biden também está trabalhando na transferência de cinco helicópteros de fabricação russa para o controle ucraniano, disse a mesma autoridade. Uma notificação foi enviada ao Congresso sobre os helicópteros Mi-17, que já estão na Ucrânia para manutenção após serem retirados do Afeganistão durante a fuga do país.

    O Departamento de Estado citou estreita coordenação com países europeus e a Ucrânia quando questionado sobre a transferência de licenças de exportação.

    Exercício militar no Centro Internacional de Manutenção da Paz e Segurança da Ucrânia, perto de Yavoriv, na região de Lviv. / Reuters/Gleb Garanich (24/09/2021)

    “Os aliados europeus têm o que precisam para avançar na assistência de segurança adicional da Ucrânia nos próximos dias e semanas”, disse um porta-voz do Departamento de Estado.

    “Estamos em contato próximo com nossos parceiros ucranianos e nossos aliados da OTAN sobre isso, bem como utilizando todas as ferramentas de cooperação de segurança disponíveis para nós, incluindo agilizar transferências autorizadas de equipamentos de origem dos EUA de outros aliados e parceiros por meio de nosso processo de transferência a terceiros e artigos defesa em excesso de de inventários do Departamento de Defesa, entre outros mecanismos”, acrescentou.

    No início desta semana, Blinken visitou a Ucrânia, onde autoridades o agradeceram pela assistência dos EUA na segurança. Mas os ucranianos também buscaram rotineiramente apoio militar adicional.

    No final de dezembro, o governo Biden aprovou discretamente mais US$ 200 milhões em assistência de segurança à Ucrânia, que autorizou o envio de equipamentos de defesa que incluem armas pequenas e munições, confirmaram quatro pessoas familiarizadas com o assunto à CNN na época.

    Mas depois que, na semana passada, várias reuniões diplomáticas entre os EUA, a Otan, autoridades europeias e autoridades russas terminaram sem avanços significativos, o governo Biden começou a dar mais apoio militar à Ucrânia em meio a mais sinais de alerta de que a Rússia estava se preparando para uma invasão.

    Biden descartou o envio de tropas de combate dos EUA à Ucrânia para defender o país de uma invasão russa.

    A Rússia acumulou cerca de 100 mil soldados na fronteira que compartilha com a Ucrânia, contingente que Blinken afirmou, na quarta-feira, que poderia dobrar em “período relativamente curto”.

    A Rússia planeja também realizar exercícios militares conjuntos com a Bielorrússia, aliada do Kremlin, provocando mais preocupações da Ucrânia de que uma nova frente de batalha em potencial tenha surgido ao longo de sua fronteira norte.

    Biden reconheceu na quarta-feira a desunião dentro da Otan sobre como responder a uma “pequena incursão” da Rússia, uma admissão que surpreendeu e chocou as autoridades ucranianas em Kiev.

    Nesta quinta-feira, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, disse ao The Wall Street Journal que os comentários de Biden podem servir como um convite a Moscou para atacar.

    “Falando em incursões menores e completas ou invasão total, você não pode ser meio agressivo. Ou você é agressivo ou não é agressivo”, disse Kuleba ao jornal.

    “Não devemos dar a Putin a menor chance de brincar com quase-agressões ou pequenas operações de incursão. Essa agressão existe desde 2014. Este é o fato”, pontuou.

    Em uma aparente resposta aos comentários de Biden, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenscreveu, no Twitter: “Queremos lembrar às grandes potências que não há incursões menores e nações pequenas. Assim como não há baixas menores e pouca dor pela perda de entes queridos”.

    Questionado sobre as observações de Biden distinguindo as consequências de uma “pequena incursão” contra a Ucrânia pela Rússia, Blinken disse nesta quinta-feira que “se quaisquer forças militares russas cruzarem a fronteira ucraniana e cometerem novos atos de agressão, isso será recebido com uma resposta rápida, severa e conjunta dos Estados Unidos e nossos aliados e parceiros”.

    Blinken, que está viajando pela Europa esta semana para reuniões sobre a crise Rússia-Ucrânia, também rejeitou as sugestões de que os EUA e seus aliados fornecerem equipamentos militares de defesa à Ucrânia aumenta as tensões com a Rússia.

    “A ideia de que o fornecimento de equipamentos militares defensivos para a Ucrânia pelos Estados Unidos, pelos países europeus, pela Otan é de alguma forma provocativo ou causa para as ações da Rússia tem o mundo de cabeça para baixo”, disse ele a repórteres durante uma entrevista coletiva em Berlim.

    Ele acrescentou que os EUA estão tentando garantir que “a Ucrânia tenha os meios para se defender, e isso talvez possa impedir mais agressões da Rússia”.

    Michael Conte, da CNN, contribuiu para esta reportagem.

    Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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