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    ‘Eu amaldiçoo esse dia’: lava atinge vilarejos e deixa 15 mortos no Congo

    Cruz Vermelha informou que até 5.000 fugiram para a Ruanda após vulcão entrar em erupção

    Reuters

    Uma erupção vulcânica no leste da República Democrática do Congo deixou uma trilha de destruição de quase um quilômetro de largura neste domingo (23), enterrando centenas de casas e deixando famílias procurando desaparecidos, antes de parar pouco antes da cidade de Goma. 

    Goma ficou em pânico na noite deste sábado (22) com o Monte Nyiragongo, um dos mais ativos e perigosos vulcões do mundo, entrou em erupção e deixou a noite vermelha, com uma parede de lava escorrendo na direção da cidade de cerca de 2 milhões de habitantes. 

    Quinze foram mortos, incluindo nove num acidente de trânsito enquanto as pessoas tentavam fugir, quatro que tentaram escapar da prisão em Goma e dois que foram queimados, disse o porta-voz do governo, Patrick Muyaya em nota. 

    Ao todo, dezessete vilarejos foram atingidos, disse Muyaya, incluindo três centros de saúde, uma escola primária e uma tubulação de água. 

    A lava atravessou uma estrada principal que vai para o norte de Goma, cortando uma rota essencial para a chegada de ajuda e suprimentos, e a principal fonte de abastecimento de eletricidade. Uma delegação do governo foi enviada à Goma para ajudar na resposta, disse o porta-voz. 

    É provável que o número aumente consideravelmente, um repórter da Reuters viu duas pessoas mortas pela erupção inicial num vilarejo ao norte de Goma e testemunhas relatam parentes mortos e desaparecidos. 

    Assombrados pelas memórias da última erupção em 2002, que matou 250 pessoas e deixou quase 120 mil desabrigados, residentes fugiram a pé com seus pertences, alguns para a fronteira com a Ruanda. 

    A Federação Internacional da Cruz Vermelha disse que entre 3 mil e 5 mil congoleses entraram na Ruanda no sábado, muitos deles fazendeiros e pessoas do campo levando gado. Alguns desses começaram a voltar neste domingo. 

    ‘Eu amaldiçoo esse dia’

    Alguns disseram ter perdido membros da família, como Ernestine Kabuo, de 68 anos, que tentou carregar o marido adoecido da casa em que moravam conforme a lava se aproximava, mas ele estava muito mal para sair. 

    “Eu disse a mim mesma, não posso ir sozinha, estamos casados para o melhor e para o pior”, disse Kabuo, chorando em meio aos prédios engolidos pela lava. 

    “Eu voltei para tentar ao menos tirá-lo dali, mas não consegui. Eu corri e ele foi queimado lá dentro. Não sei o que fazer, eu amaldiçoo este dia”. 

    Fumaça e chamas de erupção vulcânica
    Habitantes de Goma, na República Democrática do Congo, observam fumaça e chamas de erupção vulcânica
    Foto: Djaffar Al Katanty/Reuters (22.mai.2021)

    A lava em direção a Goma parou poucas centenas de metros dos limites da cidade. O aeroporto local não foi tocado. Um outro fluxo de lava que ia em direção a um território sem população na Ruanda também pareceu ter parado. 

    “Autoridades locais que monitoraram a erupção ao longo da noite relataram que o fluxo de lava perdeu intensidade”, disse Muyaya. 

    Ainda assim, eles alertaram que o perigo ainda não passou e que atividade sísmica na área pode causar mais derramamento de lava.

    Os vulcanologistas do Observatório de Goma, que monitora Nyiragongo, tiveram dificuldade para fazer checagens regulares desde que o Banco Mundial cortou o financiamento em meio a denúncias de fraude. 

    De outubro de 2020 a abril deste ano, o OVG, como é chamado, não pôde completar checagens completas do vulcão porque os analistas não tinham conexão à internet, contou o diretor do órgão, Celestin Kasereka Mahinda, à uma rádio local neste domingo. 

    A internet foi restaurada em abril graças a financiamento de um parceiro norte-americano, disse ele, mas àquele ponto, muito tempo havia sido perdido. 

    “Logo que a internet voltou, começamos a gravar os sinais de alerta, mas como não tínhamos os dados anteriores, pensamos que era o começo de uma atividade vulcânica. Daí, essa surpresa”. 

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