Estudo sobre pendurar rinocerontes de ponta-cabeça leva prêmio satírico do Nobel
Método curioso melhora os níveis de oxigênio dos animais durante transporte, descobriram cientistas – incluindo brasileiros
Uma equipe de pesquisadores por trás de uma experiência que envolvia pendurar rinocerontes de cabeça para baixo, suspensos no ar por seus pés, recebeu um Prêmio Ig Nobel.
O reconhecimento satírico toma o nome emprestado, mas não é relacionado com o mundialmente famoso Prêmio Nobel.
Criado pela revista científica Anais das Pesquisas Improváveis, o Prêmio Nobel Ig anual está em vigor desde 1991.
Ele honra as descobertas curiosas e “imaginativas” e, como o original, tem seu próprio seguimento popular.
A equipe vencedora de pesquisadores da Namíbia, África do Sul, Tanzânia, Zimbábue, Brasil, Reino Unido e Estados Unidos, estava descobrir se os rinocerontes poderiam ser transportados com mais segurança se fossem erguidos de cabeça para baixo.
Como parte do experimento, liderado por Robin Radcliffe, professor sênior de vida selvagem e medicina da conservação na Universidade Cornell, a equipe sedou 12 rinocerontes negros na Namíbia usando dardos aéreos, amarrou suas pernas e os suspendeu.
Eles então mediram seus biomarcadores para respiração e ventilação.
Descoberta importante para a conservação
Os rinocerontes são frequentemente movidos, geralmente por estrada, mas às vezes por vias aéreas, para diferentes partes da savana africana a fim de garantir que a espécie mantenha uma diversidade genética maior.
Os conservacionistas têm usado helicópteros para mover rinocerontes sedados quando existem terrenos inacessíveis por cerca de uma década – seja colocando-os de lado uma maca presa à aeronave ou pendurando-os de cabeça para baixo pelas pernas.
Mas, até agora, pouco se sabia sobre qual método de transporte era melhor para o bem-estar dos rinocerontes.
Falando à CNN sobre o experimento no início deste ano, Radcliffe, o pesquisador principal, disse que a equipe havia assumido que pendurar rinocerontes de cabeça para baixo em trânsito seria pior para seu bem-estar. Ele ficou surpreso ao saber que o oposto era verdade.
Descobriu-se que os rinocerontes tinham níveis mais altos de oxigênio no sangue quando suspensos de cabeça para baixo.
“Estávamos prevendo que os rinocerontes iriam se sair pior desse jeito”, disse ele na ocasião.
O estudo, que foi publicado em janeiro no “Journal of Wildlife Diseases”, começou em 2015 e envolveu 12 rinocerontes pesando entre 530 e 1200 quilogramas cada um.
Entre os outros cientistas homenageados este ano, há um grupo de pesquisadores que analisaram bactérias que vivem em chicletes jogados nas calçadas e outro que descobriu que orgasmos podem ajudar na congestão nasal em humanos.
No ano passado, o Prêmio Nobel Ig foi dado a uma equipe de cientistas austríacos e japoneses que colocaram um jacaré em uma caixa cheia de hélio e o fizeram fazer barulho.
Outra experiência, que descobriu que os narcisistas podem ser identificados por suas sobrancelhas, também foi homenageada.