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    Estudantes dizem ao presidente do Irã para “desaparecer”; protestos aumentam no país

    Mulheres se manifestam, há quatro semanas, contra a morte de uma jovem sob custódia

    Michael GeorgyRedação de Dubaida Reuters

    Mulheres estudantes em Teerã gritaram “desapareça”, de acordo com ativistas, enquanto o presidente iraniano Ebrahim Raisi visitava um campus universitário neste sábado (8) e condenou manifestantes que protestam pela morte de uma jovem sob custódia.

    Em um momento em que as manifestações em todo o país, que abalaram o Irã, entram na quarta semana, Raisi dirigiu-se a professores e estudantes da Universidade Alzahra em Teerã, recitando um poema que equiparava “manifestantes” a moscas.

    “Eles imaginam que podem alcançar seus objetivos malignos nas universidades”, informou a TV estatal. “Sem que eles saibam, nossos alunos e professores estão alertas e não permitirão que o inimigo realize seus objetivos malignos”.

    Um vídeo postado no Twitter pelo site ativista 1500tasvir mostrou o que dizia serem mulheres estudantes cantando “Raisi desapareça” e “Mullahs desapareçam” enquanto o presidente visitava seu campus.

    O relatório de um legista estatal iraniano negou que Mahsa Amini, de 22 anos, tenha morrido devido a golpes na cabeça e nos membros enquanto estava sob custódia da polícia moral e vinculou sua morte a condições médicas pré-existentes, informou a mídia estatal na sexta-feira (7).

    Mahsa, uma curda iraniana, foi presa em Teerã em 13 de setembro por usar “trajes impróprios” e morreu três dias depois. Sua morte desencadeou manifestações em todo o país, marcando o maior desafio para os líderes clericais do Irã em anos.

    As mulheres retiraram seus véus em desafio ao establishment clerical, enquanto multidões furiosas clamavam pela queda do líder supremo aiatolá Ali Khamenei.

    O governo descreveu os protestos como uma trama dos inimigos do Irã, incluindo os Estados Unidos, acusando dissidentes armados – entre outros – de violência na qual pelo menos 20 membros das forças de segurança foram mortos.

    Grupos de direitos humanos dizem que mais de 150 pessoas foram mortas, centenas ficaram feridas e milhares foram presas pelas forças de segurança que enfrentam os protestos.

    Após uma convocação para manifestações em massa neste sábado, as forças de segurança atiraram contra manifestantes e usaram gás lacrimogêneo nas cidades curdas de Sanandaj e Saqez, segundo o grupo iraniano de direitos humanos Hengaw.

    Em Sanandaj, capital da província do Noroeste do Curdistão, um homem estava morto em seu carro enquanto uma mulher gritava “sem vergonha”, segundo Hengaw, que disse que ele foi baleado pelas forças de segurança depois de buzinar em sinal de protesto.

    Mas uma autoridade da polícia repetiu a alegação das forças de segurança de que não usaram balas reais e que o homem foi morto por “contrarrevolucionários” (dissidentes armados), informou a agência de notícias estatal IRNA.

    Um vídeo compartilhado nas redes sociais mostrou uma jovem deitada inconsciente no chão depois que ela aparentemente foi baleada na cidade de Mashhad, no Nordeste do país. Manifestantes se reuniram em torno dela para ajudar.

    ‘Mulher, Vida, Liberdade’

    Outro vídeo de rede social mostrou manifestantes marchando na cidade de Babol, no Norte, e várias publicações diziam que as forças de segurança cercaram estudantes que protestavam em um campus universitário.

    Hengaw também carregou um vídeo de equipes de emergência tentando ressuscitar uma pessoa e disse que uma manifestante morreu após ser baleada no abdômen pelas forças de segurança em Sanandaj. A Reuters não pôde verificar o vídeo.

    Uma das escolas na praça da cidade de Saqez estava cheia de meninas cantando “mulher, vida, liberdade”, relatou Hengaw.

    A conta do Twitter 1500tasvir, amplamente seguida, também relatou tiroteios contra manifestantes nas duas cidades curdas do Noroeste.

    Uma estudante universitária que estava a caminho de participar de protestos em Teerã disse que não tinha medo de ser presa ou mesmo morta.

    “Eles podem nos matar, nos prender, mas não vamos mais ficar caladas. Nossas colegas estão na cadeia. Como podemos ficar caladas?”, disse a estudante, que pediu para permanecer anônima, à Reuters.

    (Edição de Ros Russell)