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    Estresse de equipes de Chernobyl, ocupada pela Rússia, preocupa agência da ONU

    Relatório aponta que empregados trabalham sem troca de turno desde 24 de fevereiro

    Stéfano Sallesda CNN , no Rio de Janeiro

    As condições de trabalho na usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, preocupam a Agência internacional de Energia Atômica (AIEA). No último relatório diário, divulgado na terça-feira (8) pela entidade que monitora o ambiente em meio à invasão da Rússia à Ucrânia e o controle russo das instalações, as condições precárias representam uma ameaça à segurança da unidade.

    De acordo com a agência, a situação dos empregados de Chernobyl é pior do que a daqueles que atuam nas usinas que abastecem o país atualmente. A entidade aponta que não houve troca de turno entre os funcionários desde a véspera da tomada da unidade pelos russos.

    “Em contraste com a situação atual dos funcionários das usinas nucleares em operação na Ucrânia, que estão girando regularmente, o mesmo turno está em serviço no NPP de Chernobyl desde o dia anterior à entrada dos militares russos no local do acidente de 1986, em 24 de fevereiro, vivendo lá nos últimos 13 dias”, cita um trecho do documento.

    O relatório traz ainda a informação que o órgão regulatório ucraniano tem feito solicitações básicas, para melhorar as condições de trabalho e segurança, e que só consegue se comunicar com a unidade por e-mail.

    “Acrescentou que os funcionários tinham acesso a alimentos e água e medicamentos em uma medida limitada. No entanto, a situação dos funcionários estava piorando. Pediu à AIEA que liderasse o apoio internacional necessário para preparar um plano para substituir o pessoal atual e para fornecer à instalação um sistema de revezamento eficaz”, diz outro trecho.

    Desde o início do conflito, a AIEA tem destacado a importância de que os funcionários sejam capazes de descansar e trabalhar em turnos regulares. A agência enfatiza que a capacidade de tomar decisões livres de pressões indevidas é crucial para a segurança nuclear e um dos setes pilares indispensáveis da atividade.

    Diretor-geral da AIEA, o argentino Rafael Grossi destacou estar pronto para viajar para Chernobyl e para outros lugares, para ajudar a proteger as instalações nucleares da Ucrânia em relação às partes do conflito.

    “Estou profundamente preocupado com a difícil e estressante situação enfrentada pelos funcionários da usina nuclear de Chernobyl e com os riscos potenciais que isso implica para a segurança nuclear. Convoco as forças no controle efetivo do local para facilitar urgentemente o rodízio seguro de pessoal lá”, afirma.

    Representante brasileira na AIEA, a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), sediada no Rio de Janeiro, acompanha a situação. Neste momento, o manuseio de material nuclear em Chernobyl está suspenso. A área, situada em uma zona de exclusão, inclui reatores desativados e instalações com resíduos radioativos.

    Atualmente, segundo o regulador ucraniano, oito dos 15 reatores nucleares do país estão em operação. O número inclui dois na usina de Zaporizhzhya, a maior do tipo na Europa. A unidade está sob controle russo desde a última sexta-feira (4). Durante o conflito, um prédio de treinamento chegou a pegar fogo, mas o incêndio logo foi controlado e ocorreu em área onde não havia material radioativo. Os níveis de radiação no local estão normais, segundo as autoridades.

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