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    Estados Unidos fecharam as portas para refugiados em 2020

    Com restrições imigratórias do governo Trump e a pandemia do novo coronavírus, o acolhimento de asilados caiu 85% no país

    Núria Saldanha, , da CNN em Washington

    O número de refugiados dobrou na última década, enquanto isso, várias nações estão fechando as portas para quem pede ajuda. É o caso dos Estados Unidos, país que chegou a aceitar mais de 110 mil pedidos de asilo em 2016 e, neste ano, vai receber no máximo 18 mil pessoas em busca de refúgio.

    As restrições aos estrangeiros fazem parte da reforma da política de imigração do presidente Donald Trump. O governo americano passou a exigir ainda que aqueles que buscam asilo esperem a decisão fora do território norte-americano, a medida provocou a aglomeração de pessoas em campos de refugiados informais na fronteira com o México. 

    “As pessoas estão vivendo não apenas em condições inseguras, mas sem premissas básicas, como higiene e distanciamento social, o tipo de coisa que você precisa para poder se proteger contra o coronavírus”, diz Hardin Lang, vice-presidente da Refugees International.

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    As cenas de medo e insegurança de cidadãos que pedem socorro se repetem em acampamentos improvisados pelo mundo todo. “Por causa do coronavírus, estamos comendo uma refeição por dia, a vida está muito difícil” – conta Halima, uma sudanesa que aguarda em um campo de refugiados da Líbia a chance de encontrar um lugar seguro para viver.

    Momentos de dor que Amra Sabic-El-Rayess ainda tem muito presente na memória. Sobrevivente da guerra da Bósnia, enfrentou os bombardeios e o medo por quatro anos, enquanto sérvios avançavam por seu país no início da década de 90. Perdeu amigos e familiares e recebeu ajuda de pessoas do outro lado do mundo. 

    “Fui selecionada para uma bolsa de estudos organizada por americanos que decidiram salvar algumas crianças muçulmanas da Bósnia, e eu era uma delas” – conta.

    Amra chegou aos Estados Unidos sozinha, em 1996, com 20 anos e apenas US$ 20 no bolso. Atualmente ela trabalha como professora da Columbia University, uma das melhores universidades do mundo. “Eu não escolhi ser o alvo de ninguém, fui escolhida como alvo e queria sobreviver”, diz. 

    “E apesar de todas as perdas e violências que experimentei, estou aqui hoje e tenho uma vida diferente, uma vida totalmente nova.”

    A professora reclama da imagem pejorativa que muita gente tem dos refugiados e diz que espera que as milhares de pessoas asiladas nos Estados Unidos, ou em outros países, sejam lembradas não apenas pelos momentos de desespero e dor, nem pelas imagens de acampamentos, mas por suas contribuições para a sociedade.

    “Tem histórias de muitos refugiados que 10 ou 20 anos depois, em um país que os acolheram, deram enormes contribuições à economia, à vida política, ao sistema educacional”, finaliza.

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