Estados Unidos fecharam as portas para refugiados em 2020
Com restrições imigratórias do governo Trump e a pandemia do novo coronavírus, o acolhimento de asilados caiu 85% no país
As restrições aos estrangeiros fazem parte da reforma da política de imigração do presidente Donald Trump. O governo americano passou a exigir ainda que aqueles que buscam asilo esperem a decisão fora do território norte-americano, a medida provocou a aglomeração de pessoas em campos de refugiados informais na fronteira com o México.
“As pessoas estão vivendo não apenas em condições inseguras, mas sem premissas básicas, como higiene e distanciamento social, o tipo de coisa que você precisa para poder se proteger contra o coronavírus”, diz Hardin Lang, vice-presidente da Refugees International.
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As cenas de medo e insegurança de cidadãos que pedem socorro se repetem em acampamentos improvisados pelo mundo todo. “Por causa do coronavírus, estamos comendo uma refeição por dia, a vida está muito difícil” – conta Halima, uma sudanesa que aguarda em um campo de refugiados da Líbia a chance de encontrar um lugar seguro para viver.
Momentos de dor que Amra Sabic-El-Rayess ainda tem muito presente na memória. Sobrevivente da guerra da Bósnia, enfrentou os bombardeios e o medo por quatro anos, enquanto sérvios avançavam por seu país no início da década de 90. Perdeu amigos e familiares e recebeu ajuda de pessoas do outro lado do mundo.
“Fui selecionada para uma bolsa de estudos organizada por americanos que decidiram salvar algumas crianças muçulmanas da Bósnia, e eu era uma delas” – conta.
Amra chegou aos Estados Unidos sozinha, em 1996, com 20 anos e apenas US$ 20 no bolso. Atualmente ela trabalha como professora da Columbia University, uma das melhores universidades do mundo. “Eu não escolhi ser o alvo de ninguém, fui escolhida como alvo e queria sobreviver”, diz.
“E apesar de todas as perdas e violências que experimentei, estou aqui hoje e tenho uma vida diferente, uma vida totalmente nova.”
A professora reclama da imagem pejorativa que muita gente tem dos refugiados e diz que espera que as milhares de pessoas asiladas nos Estados Unidos, ou em outros países, sejam lembradas não apenas pelos momentos de desespero e dor, nem pelas imagens de acampamentos, mas por suas contribuições para a sociedade.
“Tem histórias de muitos refugiados que 10 ou 20 anos depois, em um país que os acolheram, deram enormes contribuições à economia, à vida política, ao sistema educacional”, finaliza.