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    Especialistas comentam cenário após morte da rainha Elizabeth II

    Monarca morreu nesta quinta-feira (8), aos 96 anos, no Castelo de Balmoral, na Escócia

    Da CNN

    Em entrevista à CNN nesta quinta-feira (8), especialistas em família real falaram sobre o cenário da monarquia britânica após anúncio de preocupação com a saúde da rainha Elizabeth II e a confirmação de sua morte, nesta tarde.

    Monarca morreu nesta quinta-feira (8), aos 96 anos, no Castelo de Balmoral, na Escócia.

    Mais cedo, membros da família real correram para ficar ao lado de Elizabeth II depois que profissionais disseram que estavam preocupados com a saúde da monarca britânica de 96 anos nesta quinta, dizendo que ela deveria permanecer sob supervisão médica.

    Cenário é de preparação para o fim de um reinado de muito tempo, diz historiador

    Para Francisco Vieira, historiador e especialista em família real disse antes da morte da rainha que “no momento que foi anunciado pelo parlamento [o estado de saúde da rainha], é de alguma maneira uma preparação para o fim de um reinado de muito tempo”.

    “O fato de reunir toda família real no Castelo de Balmoral, é um indício de que é preocupante o estado da rainha”, afirmou em entrevista à CNN.

    De acordo com o historiador, o Reino Unido é um país “de um profissionalismo de muitas centenas de anos que conhece esse procedimento, que nada será feito no improviso. O público não deve se misturar com o privado”, disse Vieira.

    Elizabeth II representa unidade do Reino Unido, diz professor

    Elizabeth II é rainha do Reino Unido e de mais de uma dúzia de outros países desde 1952, incluindo Canadá, Austrália e Nova Zelândia. Em 2022, a monarca celebrou seu 70º ano no trono.

    Em entrevista à CNN, o professor de Relações Internacionais Roberto Uebel, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), analisou a importância da rainha Elizabeth II para o Reino Unido.

    “A rainha Elizabeth II é chefe de Estado do Reino Unido. Na constituição, ela não tem um poder político de fato, embora ela tenha responsabilidade de abrir o Parlamento, de receber os novos primeiros-ministros, como no começo dessa semana”, disse o professor.

    “Ela é uma figura política muito importante para a unidade do Reino Unido, que é um país territorialmente pequeno se a gente comparar com o Brasil, por exemplo, mas que tem uma expressão geopolítica, econômica e comercial muito grande para o sistema internacional”, completou. O especialista avalia que a monarca também representa uma unidade política interna com uma imagem do Reino Unido do século 20.

    “Todos os grandes acontecimentos geopolíticos desde a Segunda Guerra Mundial até hoje foram testemunhados pelo reinado de Elizabeth II, que sempre teve esse elemento de unidade. Ela já assume esse poder e chefia de Estado britânica no governo de [Winston] Churchill, considerado pelos britânicos um grande estadista”, afirma.

    Uebel explica que Elizabeth chega ao trono após a morte do pai, George VI, que assumiu a Coroa britânica quando o irmão, Edward VIII, abdicou.

    “Ela assume já com essa grande responsabilidade, 70 anos atrás, de unificar o Reino Unido com várias questões políticas, inclusive um sentimento republicano em parte do país, que vai marcar o seu reinado”, diz o especialista.

    “Ela consegue criar pelos seus governos – dos primeiros-ministros, e pela sua própria atuação pessoal, esse sentimento de unidade com Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte”, completa.

    Perde-se uma pessoa de gigantesca presença na cena internacional, diz embaixador

    Em entrevista à CNN nesta quinta-feira (8), o embaixador e Conselheiro Emérito do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) Marcos Azambuja destacou sua admiração e seu afeto pela rainha Elizabeth II, que morreu hoje após 70 anos de reinado.

    Segundo o embaixador, Elizabeth II foi extraordinária “pela constância, pela disciplina, pela racionalidade”. “Tenho pela rainha sentimentos de reverência e de afeto. Administrou com sobriedade e com coragem uma herança diminuída e fez isso mantendo a fidelidade aos seus valores e o amor ao seu povo.”

    Para Azambuja, o que ocorre hoje na Inglaterra, em maior proporção, e no mundo, “é uma perda de uma pessoa de gigantesca presença na cena internacional.” “Sem Elizabeth, o mundo é um pouquinho menor em termos da presença de grandes personalidades”, lamenta. “Não se produzirá novamente ninguém com imensa trajetória, nem com o perfil dela”, conclui.

    Azambuja lembra que o Reino Unido teve Elizabeth I, que deu origem ao período Elizabethano. “A essa segunda Elizabeth coube uma tarefa mais árdua, ao longo de 70 anos, que foi um pouco a destruição do Império {britânico], das comunidades e Nações, e a diminuição do poder relativo da Inglaterra no mundo. É mais fácil administrar o sucesso que o encolhimento do poder”, avalia Azambuja.

    Coroação do rei Charles pode levar de 6 meses a 1 ano, aponta especialista

    O especialista em realeza britânica Renato de Almeida Vieira e Silva explica que a coroação do rei Charles, filho mais velho de Elizabeth II e herdeiro do trono britânico, pode acontecer em um período de 6 meses até 1 ano após o anúncio da morte da rainha.

    O falecimento acende o alerta para a chamada “Operação London Bridge”, uma série de protocolos e rituais individuais após o anúncio da morte “Significa o anúncio em várias camadas do falecimento e todas as medidas que serão necessárias até os funerais. Algo que deve dar em torno de 10 dias, aproximadamente” explica Vieira e Silva.

    Caminho do Rei Charles será sair de discussões ideológicas e políticas, diz historiador

    O historiador Vítor Soares analisou que o rei Charles III deve se distanciar da posição participativa na política que ocupa hoje. Em sua opinião, o monarca deve ir pelo mesmo caminho da rainha Elizabeth II, que se distanciava das discussões do tema.

    “Ele [Charles] é uma figura muito mais participativa na política. A rainha Elizabeth tinha uma postura muito mais além da política, das discussões, ideologias e tudo mais. Ela estava por cima disso tudo, pelo menos era isso que ela gostava de passar, e funcionava”, explica Vitor.

    “E, provavelmente, o caminho dele vai ser ir para a direção da mãe. Vai ser também sair dessas discussões mais ideológicas, mais políticas, e gradativamente caminhar para esse ‘estar por cima de tudo’ que é a função principal da monarquia”, continua.

    (Publicado por Ana Carolina Nunes, Lucas Rocha, Gustavo Zanfer, Douglas Porto e Ingrid Oliveira, da CNN; produzido por Isabella Galvão, Giovanna Bronze e Thiago Felix, da CNN)