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    Espanha exige desculpas de Milei e chama embaixadora na Argentina para consultas

    Crise diplomática se agrava após argentino chamar esposa de Pedro Sánchez de “corrupta”

    Luciana Taddeoda CNN , em Buenos Aires

    O governo da Espanha chamou para consultas, neste domingo (19), sua embaixadora em Buenos Aires, María Jesús Alonso Jiménez, e exigiu “desculpas públicas” de Javier Milei após o presidente argentino qualificar a esposa do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, como “corrupta”.

    “A Espanha exige ao senhor Milei desculpas públicas e, caso não haja, tomaremos todas as medidas que consideramos oportunas para garantir nossa soberania e dignidade”, disse o ministro espanhol das Relações Exteriores, José Manuel Albares, horas após a declaração do presidente argentino.

    As declarações de Milei foram feitas em um evento do Vox, partido da extrema-direita espanhola, neste domingo (19), em uma viagem questionada na Argentina devido às atividades particulares e partidárias, sem encontros oficiais com autoridades espanholas.

    Segundo o ministro espanhol, Milei foi recebido no país europeu, “com todo o respeito e a deferência devida” e foram colocados à disposição do argentino recursos públicos necessários durante sua estadia no país.

    “A esta hospitalidade e boa fé, ele respondeu com um ataque frontal à nossa democracia, às nossas instituições e à Espanha”, disse Albares. “É inaceitável que um presidente em exercício em visita à Espanha insulte a Espanha e o primeiro-ministro da Espanha”, completou.

    O ministro espanhol disse ter conseguido apoio da maioria dos porta-vozes parlamentares do seu país para a resposta a Milei e que, inclusive, o alto representante da União Europeia, Josep Borrell, se pronunciará, por considerar “um ataque deste calibre a um Estado-membro” como “um ataque ao conjunto da União Europeia.”

    Segundo ele, “as gravíssimas declarações (…) ultrapassam qualquer tipo de diferença política e ideológica” e não têm precedentes na história das relações internacionais nem na relação entre os dois países.

    “Corrupta”

    A resposta do Palácio de Moncloa vem horas após Milei qualificar de “corrupta” Begoña Gómez, esposa de Sánchez, que está sendo investigada por suposto tráfico de influências e corrupção em negociações privadas.

    “As elites globais não percebem quão destrutivo pode chegar a ser implementar as ideias do socialismo, porque isso está muito distante, não sabem que tipo de sociedade e país podem produzir e que tipo de gente parafusada ao poder e que níveis de abuso pode chegar a gerar. Mesmo quando a mulher for corrupta, se sujar e tirar cinco dias para pensar”, disse Milei.

    A declaração faz referência à decisão de Sánchez de suspender por alguns dias sua agenda pública para decidir se continuaria liderando o governo. O anúncio foi feito no final de abril, após a abertura de uma investigação contra sua esposa por supostamente beneficiar empresários e um parente em licitações.

    Neste sábado (18), Sánchez disse que a “internacional ultradireitista, liderada por Milei” se reuniria em Madri porque “odeiam” tudo o que, segundo ele, a sociedade espanhola representa: “feminismo, justiça social, dignidade trabalhista, Estado de bem-estar social forte e democracia”.

    Mas antes mesmo da viagem de Milei à Espanha, a relação entre os países já estava tensa. No começo deste mês, o ministro dos Transportes espanhol, Oscar Puente, sugeriu que Milei ingeriu “substâncias” durante a campanha eleitoral no ano passado.

    A Casa Rosada, sede do governo argentino, condenou as declarações e dobrou a aposta: em comunicado, disse que o governo de Sánchez tinha “problemas mais importantes para se preocupar”, como as acusações de corrupção contra Begoña Gómez.

    O texto também acusa o governo espanhol de “colocar em risco as mulheres espanholas ao permitir a imigração ilegal”, prejudicar a integridade da Espanha ao fazer acordos com separatistas, e gerar “morte e pobreza” com políticas de esquerda.

    O Ministério das Relações Exteriores da Espanha respondeu, afirmando que os termos usados na declaração argentina “não correspondem às relações entre os dois países e povos irmãos”.

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