Escravidão moderna aumenta à medida que crises alimentam a pobreza, aponta ONU
Comparado com a última contagem de 2016, o número de pessoas em escravidão moderna aumentou cerca de 9,3 milhões, segundo relatório da ONU
O número de pessoas forçadas a trabalhar ou a se casar contra sua vontade aumentou nos últimos anos para cerca de 50 milhões, disse a Organização Internacional do Trabalho (OIT) das Nações Unidas (ONU) nesta segunda-feira (12) ao divulgar seu relatório sobre escravidão moderna.
Crises como a pandemia de Covid-19, conflitos armados e mudanças climáticas levaram a interrupções sem precedentes no emprego e na educação, ao mesmo tempo em que exacerbam a pobreza extrema e a migração forçada, disse a agência.
Comparado com a última contagem do ano de 2016, o número de pessoas em escravidão moderna aumentou cerca de 9,3 milhões.
De acordo com os números mais recentes, o trabalho forçado foi responsável por 27,6 milhões das pessoas em escravidão moderna em 2021, mais de 3,3 milhões dos quais são crianças, e o casamento forçado por 22 milhões.
A OIT constatou que mais da metade de todo o trabalho forçado ocorreu em países de renda média alta ou alta, com trabalhadores migrantes três vezes mais propensos a serem afetados.
O relatório fez menção ao Catar, que enfrenta alegações generalizadas de violações de direitos trabalhistas relacionadas a migrantes que trabalham no país antes da Copa do Mundo de futebol da Fifa, que começa em novembro.
Mas desde que a OIT abriu um escritório na capital Doha em abril de 2018, houve “progressos significativos” em relação às condições de vida e de trabalho de centenas de milhares de trabalhadores migrantes no país, mesmo com problemas na implementação de novas regras trabalhistas, apontou o relatório.
O presidente-executivo do Qatar 2022, Nasser Al Khater Qatar, disse na quinta-feira (8) que o país enfrentou muitas críticas injustas por sediar a Copa do Mundo que não se baseou em fatos, mas que respondeu a qualquer crítica justa.
O relatório da OIT também apontou a preocupação com o trabalho forçado em partes da China. O documento se refere a um relatório divulgado pelo comissário de direitos humanos da ONU em 31 de agosto que disse que “graves violações de direitos humanos” foram cometidas na China e que a detenção de uigures e outros muçulmanos em Xinjiang pode constituir crimes contra a humanidade.
A China negou veementemente as acusações.
(Edição: Frank Jack Daniel)