Erdogan cancela aparições públicas a menos de um mês das eleições na Turquia
Presidente turco passou mal durante uma entrevista ao vivo na televisão; ele busca a reeleição, mas enfrentará uma forte coalizão de partidos, reunidos para interromper seus anos à frente do país


O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, cancelou em grande parte dois dias de campanha à medida que as eleições cruciais se aproximam, depois que ele adoeceu durante uma entrevista ao vivo na televisão.
A entrevista de terça-feira (25) com o presidente – que enfrenta uma batalha para manter o poder na votação do próximo mês – foi cortada no meio de uma pergunta, com Erdogan retornando mais tarde e dizendo que estava com “uma grave gripe estomacal”.
Como resultado, Erdogan cancelou eventos públicos para que pudesse descansar, embora na tarde de quinta-feira (27) ele tenha aparecido por meio de um link de vídeo para a inauguração da usina nuclear de Akkuya.
A transmissão do governo da Turquia mostrou que o presidente russo, Vladimir Putin, compareceu virtualmente à cerimônia. Antes da cerimônia os dois homens falaram ao telefone, segundo a direção de comunicação da Presidência turca.
Erdogan agradeceu a Putin por suas contribuições para a usina nuclear durante a conversa, enquanto “desenvolvimentos na guerra Rússia-Ucrânia e o trabalho no acordo de grãos também foram discutidos”, segundo um comunicado.
“O presidente russo Putin também transmitiu seus melhores votos ao presidente Erdogan”, acrescentou o comunicado.
“Nenhuma quantidade de desinformação pode contestar o fato de que o povo turco está com seu líder e @RTErdogan e seu partido AK devem vencer as eleições de 14 de maio”, disse o diretor de comunicações da presidência, Fahrettin Altun, no Twitter.
Seu tweet incluía imagens de mídia social, das quais algumas sugeriam que Erdogan estava gravemente doente no hospital por ter sofrido um infarto do miocárdio.
Talvez a eleição mais importante da história moderna da Turquia, a votação ocorre apenas alguns meses depois que um terremoto mortal abalou o sudeste do país em 6 de fevereiro, matando mais de 50 mil pessoas lá e na vizinha Síria. Também cai em meio à inflação crescente e uma crise cambial que no ano passado reduziu quase 30% o valor da lira em relação ao dólar.

Erdogan, 69 anos, espera estender seu poder até a terceira década, mas isso está longe de ser uma certeza política.
Em um revés importante para o presidente turco e líder do Partido da Justiça e Desenvolvimento (Partido AK), o Partido Democrático do Povo (HDP), pró-curdo, anunciou no mês passado que não apresentaria seu próprio candidato presidencial. Segundo analistas. seus apoiadores devem votar no principal rival de Erdogan, o chefe do Partido Republicano do Povo (CHP) Kemal Kilicdaroglu.
Kilicdaroglu, que representa o bloco de oposição de seis partidos Nation Alliance, é o candidato mais forte a concorrer contra Erdogan em anos. E embora o HDP ainda não tenha anunciado se colocará seu peso em seu apoio, analistas dizem que é o líder nas eleições.
Os curdos são a maior minoria na Turquia, representando entre 15% e 20% da população, de acordo com o Minority Rights Group International.